sexta-feira, 9 de julho de 2010

TEOLOGIA CONTEMPORÂNEA PARA INICIANTES (PARTE IV)

A TEOLOGIA LIBERAL

Os anos finais do séc. XVIII e a totalidade do séc. XIX produziram uma coletânea de vidas de Jesus, racionalistas e fictícias, escritas com base na pressuposição de que elementos milagrosos e sobrenaturais na Bíblia já não são dignos de crédito. “A Life of Jesus” de Strauss (1835-36), negava completamente, o fundamento histórico dos elementos sobrenaturais nos Evangelhos. Esses seriam lendas ou mitos, criados espontaneamente entre a morte de Jesus e o ato de registrar os Evangelhos no séc. II.

“A Life of Jesus” (1863) de Renan também deixava de lado os elementos sobrenaturais nos Evangelhos. Fez um quadro muito humano de Jesus com o ambiente altamente evocativo que fazia com que o leitor sentisse a atmosfera da Galiléia e de Jerusalém. À medida que Jesus percorria a Palestina, pregando a “doce teologia do amor”, captou os corações de todos em geral. Mas, depois de um entrevero com os rabinos em Jerusalém, começou a trocar sua teologia judaica pelo fervor revolucionário. Perto do fim, ficou obcecado com um anseio estranho pela perseguição e martírio. Num prefácio à décima terceira edição, confessou que o livro não era realmente história científica de modo algum; era um retrato de “uma das maneiras segundo as quais as coisas poderiam ter acontecido”.

“Ecce Homo” (1865), escrito, conforme mais tarde foi apurado, pelo futuro catedrático de história moderna em Cambrigde, Sir Jonh Seeley, tinha mais escrúpulos do que Strauss e Renan quanto a negar o sobrenatural. Não o rejeitava expressamente, não se ocupava com as curas milagrosas de Jesus, mas sim, com Jesus como uma maravilha de moralidade. Jesus tinha uma paixão pela moralidade. Veio, não para ensiná-la, mas, sim, para infeccionar os homens com ela. O calor da personalidade de Jesus tinha um poder maravilhoso para transformar as vidas das pessoas.

O Jesus histórico dos liberais da corrente principal era um pregador dinâmico do amor e da moralidade. Vivia tão perto de Deus, que se poderia dizer que Deus estava nele. Arthur Drews, em The Chist Myth (1910), tratava o evangelho inteiro como uma obra de ficção. Muitos, porém, estavam dispostos a reconhecer que o Salvador divino nos Evangelhos era o produto da reflexão piedosa da igreja primitiva.

Este tipo de abordagem, que ressaltava os elementos humanitários e éticos no cristianismo a expensas dos metafísicos e sobrenaturais, foi herdado do teólogo sistemático principal da Alemanha na Segunda metade do séc. XIX Albrecht Ritschl (1822-1889). Mas em última análise fazia parte integrante do legado de Kant e da Era do Iluminismo. Kant tinha dirigido um ataque mortífero contra a metafísica e a teologia natural mais antiga. A crença em Deus ainda era admissível, mas não em bases racionais. A teologia cristã tradicional devia ser recusada. Mas a religião ainda poderia ser recuperada por causa das suas estreitas vinculações com a moralidade.

Importante: O material acima, como os demais sobre Teologia Contemporânea, está baseado na obra do Dr. Abraão de Almeida.

Maranata. Ora Vem Senhor Jesus!
Deus abençoe a todos.

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