"Saíram, pois, da cidade e vieram ter com ele" (Jo. 4.30 - A.R.A).
Para além de um simples diálogo com uma mulher, a passagem do Evangelho de João capítulo quatro está recheada de cristologia, soteriologia, história do povo hebreu, geografia bíblica e missiologia como poucos textos da Bíblia. Porém, o que me chama a atenção é a indolência dos discípulos que ao irem à cidade comprar comida (v.8) não se aperceberam da carência espiritual daquele povo. Pensaram apenas em suas próprias necessidades, pois foram “comprar alimentos". Havia uma necessidade premente por salvação naquela região, havia sede não das águas da Fonte de Jacó, fome não de alimentos que se encontravam no campo, armazenados nos celeiros ou nos mercados, mas sede e fome de Deus.
Depois do diálogo, a mulher samaritana, tocada pelas palavras de Jesus, vai até a cidade e diz: "Vinde comigo, e vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito. Será este, porventura, o Cristo?! Saíram, pois, da cidade e vieram ter com ele" (v.29,30). Mais adiante o Senhor diz "erguei os vossos olhos e vede os campos, pois já branquejam para a ceifa" (v.35b). Os discípulos, no entanto, estavam presos às suas próprias necessidades e diziam ao Senhor: "Mestre, come” (v.31b), olhando para seus próprios umbigos, tendo os olhos voltados para baixo. Jesus, porém, ergue os olhos e vê uma multidão vindo ao seu encontro. Pessoas que eles deveriam ter evangelizado, quando foram fazer compras, e tê-las trazido para Cristo foram despertadas pelo testemunho da mulher. O Mestre vê a multidão e diz aos doze: “ergam os olhos, vocês dizem que há quatro meses para a ceifa, mas eu vos digo que os campos estão prontos para a ceifa”.
Os campos falam das nações, das gentes, das etnias, de cada indivíduo ao redor deles (e nosso). Eles, todavia, foram até Samaria e não perceberam tão grande necessidade porque suas prioridades eram outras. Quantas pessoas viajam o Brasil e o mundo e não sentem as necessidades das nações, pois que viajam para visitar ruínas, monumentos, catedrais, museus... Quantos vão à Nova York e não se sensibilizam com a miséria espiritual em que se encontra a nação americana; visitam Nova Orleans e não sabem que ali está uma das capitais do satanismo no mundo; visitam a Índia e não se dão conta da idolatria e de seus milhões de falsos deuses que trazem uma nação inteira debaixo de escravidão... Quantos irmãos europeus, americanos e asiáticos visitam o Brasil e levam notícias dos carnavais, das praias, dos hotéis, da comida típica, dos parques aquáticos, quando em muitos lugares vivemos em um estado de injustiça social, violência, corrupção, fome, miséria, aborto, estupro... Quantos ignoram a realidade religiosa neste país, dominado pela religião católica, tradicionalista, idolátrica, presa ao passado e a conceitos teológicos infundados como batismo infantil, infalibilidade humana (papal), transubstanciação, entre outros.
Levantemos os nossos olhos e vejamos as necessidades das almas, qual o espírito de Paulo na Atenas entregue aos ídolos (At.17), e ampliemos nossa visão para vermos os campos brancos para a ceifa na "Samaria" de nossa realidade. Ergamos os nossos olhos e vejamos a multidão que está vindo ao nosso encontro, gente comum que cruzamos nas ruas e esbarramos nos supermercados, todavia estão carregados de dor, angustiadas, aflitas, estressadas, com casamentos e lares destroçados, pais separados e filhos nas drogas, desempregados, endividados, atormentados, medrosos, inseguros, incertos da salvação, temerosos quanto ao futuro, buscando alívio nas fontes seculares, religiosas, filosóficas e naturais desse mundo. Levemos, pois água e pão a eles e os conduzamos a Cristo!
Maranata. Ora Vem Senhor Jesus!
Deus abençoe a todos.