Por
Pr. Silas Figueira
A
Igreja é o reflexo do seu pastor e, se o pastor se espelha nas
Escrituras Sagradas, a igreja que ele pastoreia irá refletir esta
mesma imagem. Mas o que temos visto por aí nesses últimos anos é
uma total descrença no ministério pastoral, pois muitos não estão
refletindo a imagem de Cristo. Foi feita uma pesquisa a respeito das
três classes que estão mais desacreditadas e a conclusão que se
chegou foi: os políticos, a polícia e os pastores. Isso tem
ocorrido porque os pastores estão deixando de ser aquilo que
pregam. Muitos estão mais envolvidos com as coisas dessa terra do
que com o seu chamado. Charles Spurgeon dizia para os seus alunos:
“Meus filhos, se a rainha da Inglaterra vos convidar para serdes
embaixadores em qualquer país do mundo, não vos rebaixeis de
posto, deixando de ser embaixadores do Reis dos reis e do Senhor dos
senhores”.
A
crise que tem atingido a sociedade tem respingado na Igreja, e o
pior, tem chegado até o púlpito. Embora estejamos vivenciando um
crescimento numérico na Igreja Brasileira, não temos visto a
transformação da nossa sociedade. Tudo isso é um reflexo de que a
Igreja não tem tido uma mensagem transformadora, mas uma mensagem
moldadora. Uma mensagem que faz bem aos ouvidos, mas que não
transforma o coração. E tudo isso, infelizmente, vem do púlpito.
Outros por medo de perderem o seu lugar na igreja local se tornam
boca do povo para Deus e não boca de Deus para o povo, ou seja,
pregam o que o povo quer ouvir e não o que eles precisam ouvir.
Pastores
que agem assim são, geralmente, pastores com muita “unção”,
mas sem nenhum caráter. É bom lembrar que o caráter sustenta a
unção e não vice versa. Há uma crise pastoral e ela precisa ser
sanada muito rapidamente, para que a próxima geração não esteja
totalmente perdida. Estamos vivendo uma crise ministerial isso é um
fato. E isso começa com a teologia que muitos seguem. Muitos estão
abraçando várias teologias, menos a bíblica. Vejamos o que tem
atuado em muitas igrejas hoje:
O
Evangelho da Prosperidade – onde a benção e a graça de
Deus sobre a pessoa é medida pelos bens que ela possui. Teologia
esta que está na maioria dos púlpitos das igrejas pentecostais e
neopentecostais. Descobri recentemente um detalhe interessante nesta
teologia, que Cristo morreu na Cruz do Calvário para que eu tivesse
muita saúde, carro zero, casa na praia e ser muito rico, ou seja,
Jesus não passa de um gênio da lâmpada.
Teologia
Inclusiva – A Teologia Inclusiva, como a própria
denominação sugere, é um ramo da teologia tradicional voltado
para a inclusão, prioritariamente, dos homossexuais. Segundo os
seus adeptos, a Teologia Inclusiva contempla uma lacuna deixada
pelas estruturas religiosas tradicionais do Cristianismo, pois, por
meio da Bíblia, compreende que todos os que compõem a diversidade
humana, seja ela qual for, têm livre acesso a Deus por meio do
sacrifício de Jesus Cristo na cruz. É o famoso venha como está e
fique como está.
Alguns
textos que condenam o homossexualismo: Gn 19; Lv 18.22, 20.13; Rm
1.24-28,32; 1Co 6.9,10; 1Tm 1.8-10. Mas Deus é poderoso para mudar
a vida dessas pessoas.
Teísmo
Aberto ou Teologia Relacional – O atributo mais
importante de Deus é o amor. Todos os demais estão subordinados a
este. Isto significa que Deus é sensível e se comove com os dramas
de suas criaturas. Deus não é soberano. Deus ignora o futuro, pois
Ele vive no tempo, e não fora dele. Ele aprende com o passar do
tempo. Deus se arrisca. Ao criar seres racionais livres, Deus estava
se arriscando, pois não sabia qual seria a decisão dos anjos e de
Adão e Eva. E continua a se arriscar diariamente. Deus corre riscos
porque ama suas criaturas, respeita a liberdade delas e deseja
relacionar-se com elas de forma significativa.
Igrejas
Emergentes – As igrejas emergentes estão mais
preocupadas com o ouvinte do que com a mensagem em si, e em seu
desejo de pregar um evangelho que seja “aceitável” ao homem
pós-moderno, acabam por negligenciar os pressupostos básicos do
cristianismo, chegando mesmo a negar a literalidade do nascimento
virginal de Cristo, seus milagres, a ressurreição de Jesus e a
existência do inferno eterno. É “a preferência pela vivência
correta ao invés da doutrina correta”. Teologia passa longe
dessas igrejas.
Missão
Integral – Esse evangelho não passa de uma variante
protestante da Teologia da Libertação. Os que defendem essa
teologia são líderes cristãos que continuam trancados no armário
do socialismo.[1]
Teologia
Liberal (Liberalismo Teológico) – A “Teologia Liberal
é um movimento que, iniciado no final do século XIX na Europa e
Estados Unidos, tinha como objetivo extirpar da Bíblia todo
elemento sobrenatural, submetendo as Escrituras ao crivo da crítica
científica (leia-se ciências humanas) e humanista. No liberalismo
teológico, geralmente, não há espaço para os milagres, profecias
e a divindade de Cristo Jesus”. Relativizando a autoridade da
Bíblia, o liberalismo teológico estabeleceu uma mescla da doutrina
bíblica com a filosofia e as ciências da religião. Ainda hoje, um
autor que não reconhece a autoridade final da Bíblia em termos de
fé e doutrina é denominado, pelo protestantismo ortodoxo, de
“teólogo liberal”. Um pequeno exemplo nós encontramos em
relação à existência de Jó. Para os liberais ele não passa de
uma alegoria, mas então eu me questiono porque que em Ez 14.14, 20;
Tg 5.11 falam dele como se ele fosse um personagem real? Então eu
fico com a Bíblia e não com os defensores dessa teologia. Bem
disse Jesus “Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de
Deus” (Mt 22.29).
O
que temos visto hoje em dia, são muitos pastores confusos
teologicamente em seus ministérios. O Rev. Hernandes Dias Lopes nos
fala que a igreja evangélica brasileira vive um fenômeno estranho.
Estamos crescendo explosivamente, mas ao mesmo tempo estamos
perdendo vergonhosamente a identidade de evangélicos. O que na
verdade está crescendo em nosso país não é o evangelho, mas
outro evangelho, um evangelho híbrido, sincrético e místico.
Vemos prosperar nessa terra uma igreja que se diz evangélica, mas
que não tem evangelho. Prega sobre prosperidade, e não sobre
salvação. Fala de tesouros na terra, e não de tesouros no céu.
Nessa
babel de novidades no mercado da fé, o Rev. Hernandes Dias Lopes
identifica alguns tipos de pastores:[2]
Primeiro,
há pastores que são mentores de novidades. São pastores
marqueteiros. Quando um pastor entra por esse caminho, precisa ter
muita criatividade, pois uma novidade é atraente por algum tempo,
mas logo perde seu impacto. Aí é preciso inventar outra novidade.
É como chiclete. No começo você mastiga, ele é doce, mas depois
você começa a mastigar borracha.
Segundo,
há pastores que são massa de manobra. São pastores sem rebanho
que estão a serviço de causas particulares de obreiros
fraudulentos.
Terceiro,
há pastores que deliberadamente abandonaram a sã doutrina. Muitos
pastores inexperientes, discipulados por esses mestres do engano,
abandonam o caminho da verdade e se capitulam à heresia. É
importante afirmar que o liberalismo é um veneno mortífero. Aonde
ele chega, mata a igreja. Há muitas igrejas mortas na Europa, na
América do Norte e, agora, há igrejas que estão flertando com
esse instrumento de morte também no Brasil. Não temos nenhum
registro de um liberal que tenha edificado uma igreja saudável. Não
temos nenhum registro de um liberal que tenha sido instrumento de
Deus para um grande reavivamento espiritual.
Quando
uma igreja chega ao ponto de abandonar sua confiança na inerrância
e suficiência das Escrituras, seu destino é caminhar rapidamente
para a destruição.
A
teologia define o caráter e à medida que o pastor se afasta da
teologia bíblica, automaticamente ele irá se afastar de Deus e
seguir outra direção. Mudar a mensagem para agradar aos ouvintes é
mercadejar a Palavra de Deus. Os bancos não podem controlar o
púlpito. O pastor não pode ser seduzido pelas leis do mercado, mas
deve ser um fiel despenseiro de Deus (1Co 4.1,2). O dever do
pregador não é encher o auditório, mas encher o púlpito.
Querendo as pessoas ou não ouvir a verdade, não temos que fazer
marketing religioso e de falar apenas o que elas querem ouvir. A
crise moral e espiritual está por demais enraizadas para ser
solucionada com remendos superficiais. Por isso precisamos
urgentemente reavaliar a nossa teologia, a nossa fé e o nosso
ministério para não cairmos também no descrédito assim como
muitos tem caído.
Notas:
[1]
Venâncio, Norma Braga. A Mente de Cristo Conversão e Cosmovisão
Cristã. Ed. Vida Nova, São Paulo, SP, 2012: p. 49.
[2]
Lopes, Hernandes Dias. De: Pastor A: Pastor. Ed. Hagnos, São Paulo,
SP, 2008: p. 22,23.
Fonte: blogueiroscristaos.blogspot.cbrom./2014/03/a-igreja-e-o-reflexo-do-seu-pastor.html