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Em meio ao cinza, havia
uma canção. |
Wilma
Rejane
Salmo
126.1-Quando o Senhor trouxe do cativeiro os que voltaram a Sião,
estávamos como os que sonham.
O Salmo
126 foi escrito por um exilado judeu que experimentou 70 anos
de deportação de Jerusalém para Babilônia. Qual o nome desse
prisioneiro? Não se sabe. O que se sabe é que sua gratidão e
louvor por ter retornado a Sião são e salvo, está registrada
como um cântico de celebração ou um Cântico dos degraus.
E que
degraus eram esses? Eram os degraus das subidas entre Jerusalém e a
Babilônia (Esdras 7:9) e os degraus do templo de Jerusalém,onde,ano
a ano peregrinos se reuniam para relembrar a libertação do
cativeiro. Cada degrau um novo cântico,um novo Salmo. No total, são
quinze os Salmos denominados "dos degraus ou das romagens"
do 120 ao 134.
O Salmo
126 é tão belo quanto os demais e versa especialmente sobre
restauração. O autor faz uso de três metáforas para expressar a
alegria do retorno para casa: Um sonho agradável, as águas frescas
das torrentes do Neguev e as festividades da colheita. Lendo esse
Salmo, logo no primeiro verso, encontro inúmeras lições que
servem de referencial para os tempos de crises, de cativeiros
enfrentados por nós em determinados momentos da vida.
O
cativeiro Babilônico teve inicio em 598 a. C e nos livros dos
profetas Ezequiel, Jeremias, Daniel, Ageu e Zacarias é possível
constatar relatos da época, bem como dos propósitos de Deus para a
nação de Israel que estava sob julgamento. No livro de Esdras há
um rico relato do período de retorno da Babilônia, do mover de
Deus sobre a nação de cativos que com arrependimento e choro
retornaram para os seus lares.
Mas o
que aconteceu com os cativos durante os 70 anos de crise? Como
encontraram forças e ânimo para permanecerem esperançosos e
confiantes de que tudo iria passar e Deus estava com eles? Não deve
ter sido fácil porque a Babilônia procurou de todas as formas
oprimir e roubar toda esperança do retorno. E é da Babilônia que
nos chegam revelações do que acontece no mundo espiritual em
tempos de crise. Claro, nem toda crise é resultado do juízo de
Deus sobre nós. Existe base Bíblica para afirmar que até mesmo
homens justos e tementes a Deus podem passar por cativeiros
terríveis,foi o que aconteceu com Jó.
Se é
difícil encontrar os porquês das crises, se não há unanimidade
quanto a isso, porém,há unanimidade em outro aspecto das crises:
elas confrontam nossa fé e força e todos, sem exceção, precisam
lidar com elas, de modo a não se deixar abater, naufragar. Por esse
motivo, é que olhar para o cativeiro nos ensina. Eclesiastes 7:5
diz: "O coração dos sábios está na casa do luto, mas o
coração dos tolos na casa da alegria." Então, vamos aprender
com a casa do luto?
Algumas
dificuldades vividas pelos cativos na terra da Babilônia:
I- Uma
das primeiras investidas do exército da Babilônia (sob o domínio
de Nabucodonosor II) contra os judeus foi: saquear as preciosidades
do templo de Jerusalém. Tudo quanto havia em ouro, prata, metais
preciosos foram levados embora (Jeremias
52).
O
templo de Jerusalém era uma representação da presença de Deus,
um elo entre Deus e o povo. Era lá que os sacerdotes se reuniam
para transmitir a Palavra de Deus, manejar as ofertas sagradas.
O
templo saqueado indicava o inicio de um período de tristeza.
Consideremos que nós somos o Templo do Espírito Santo de Deus.
Quando as crises vêm elas têm o objetivo de saquear esse Templo:
roubar a alegria, o gozo,a comunhão com Deus, o que há de mais
valioso em nossas vidas. O templo estava vazio, mas sua estrutura
estava lá de modo que ainda era possível sonhar com um retorno,
com as festas e as reuniões solenes. Não por muito tempo, porque
os opressores também investiram para destruir essa esperança.
II-
Sacerdotes e ferreiros estavam na primeira turma de cativos
(Jeremias
24:1)
Sem
sacerdotes e sem ferreiros o povo enfraquecia. Não havia direção
de Deus, não haviam armas para contra atacar. Até mesmo no exílio
essas funções foram proibidas de serem exercidas, em Lamentações
de Jeremias se lê:
Lamentações
2: 9 - "As portas de Jerusalém já de nada servem. Todas as
fechaduras e cadeados estão violados e partidos; foi ele mesmo quem
os arrombou. Os seus reis e os nobres estão escravizados em terras
desconhecidas e afastadas, sem um templo, sem leis divinas para os
governarem, sem visão profética para os guiar."
Efésios
6:10-18 afirma
que nas crises trava-se uma batalha espiritual. Os recursos
espirituais estavam sendo roubados de Israel. Armas materiais não
mais haveriam e as espirituais precisavam ser buscadas, de modo
individual. os profetas da prosperidade haviam sido envergonhados,
suas mensagens de paz e bênçãos não se cumpriram e aos cativos
restava ouvir os profetas dos "ais" (Lamentações
2:14).
e ouvindo os "ais" cada um deveria buscar a Deus em
arrependimento.
O que
aprendemos aqui? A salvação é individual. Romanos 14:12 diz: "De
maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus."
Desconfie de qualquer evangelho que não pregue arrependimento e
afastamento do pecado. Desconfie dos caminhos e portas largas que
não exigem renúncia e comprometimento com Deus. Desconfie da
ritualidade eclesiástica, porque Evangelho é libertação é
relacionamento com Deus através de Jesus Cristo. Evangelho é
restauração do Templo, é novo nascimento com retorno ao Criador
para fazer a Sua vontade.
I Pedro
1:23 "Sendo de novo gerados, não de semente corruptível,
mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece
para sempre.
Cada cativo precisava viver sua própria
experiência, crescer pessoalmente na compreensão sobre Deus.
Crises são aprendizados e não adianta querermos apenas culpar os
outros pelo que não deu certo. É preciso fazer a nossa parte,
refletir: onde preciso melhorar?
III-
A cidade destruída e a batalha para reerguê-la.
Como
voltar para os lares se a cidade estava em ruínas? Deus providencia
o recomeço e instrui a Esdras para liderar a obra de restauração.
Mas a Babilônia sabia que com os muro reerguidos e o templo em
funcionamento, o retorno se tornaria possível, a esperança
renasceria para os cativos que se tornariam mais fortes.
Esdras
4:4-5 "Todavia o povo da terra debilitava as mãos do povo de
Judá, e inquietava-os no edificar. E alugaram contra eles
conselheiros, para frustrarem o seu plano, todos os dias de Ciro,
rei da Pérsia, até ao reinado de Dario, rei da Pérsia."
Não
é assim também conosco? A Babilônia, não quer nos vê de pé e
felizes, mas quando Deus ordena, Seus planos não se frustram. Havia
chegado a hora do retorno, as ruínas do passado precisavam dar
lugar a uma cidade forte. Salmo 113:7 diz que "Deus
Levanta o pobre do pó e do monturo levanta o necessitado."
Se
estamos dispostos a mudar a direção de nossas vidas, os pecados
serão perdoados. De vidas despedaçadas: por vícios,
medos,abandonos, rebeldia...O que for, Deus ajunta os cacos e ergue
fortalezas. Mas será preciso esforço, entrega. Não se pode
esperar que outros façam por nós o que só nós podemos fazer.
Israel não tinha mais que confiar em templos, reuniões, sacerdotes
da prosperidade, armamentos. Israel tinha que decidir andar com
Deus, as bençãos seriam consequências.
Para
reconstruir Jerusalém, nem mesmo
as pedras queimadas pelo
fogo do incêndio provocado pelo exército inimigo foram
descartadas. Elas serviram de alicerce para novas construções.
É isso mesmo, Deus é divinamente paciente para nos tratar com amor
e perdão. Ele não quer nossa destruição, antes,porém, quer
nosso crescimento e felicidade. E se para isso tiver que nos
corrigir, assim seja. Sábio será o que aceitar a correção.
Hebreus
12:11 "E,
na verdade, toda a correção, ao presente, não parece ser de gozo,
senão de tristeza, mas depois produz um fruto pacífico de justiça
nos exercitados por ela."
A
restauração:
-
Quando
o Senhor trouxe do cativeiro os que voltaram a Sião, estávamos
como os que sonham.
-
Então
a nossa boca se encheu de riso e a nossa língua de cântico; então
se dizia entre os gentios: Grandes coisas fez o Senhor a estes.
-
Grandes
coisas fez o Senhor por nós, pelas quais estamos alegres.
-
Traze-nos
outra vez, ó Senhor, do cativeiro, como as correntes das águas no
sul.
-
Os que
semeiam em lágrimas segarão com alegria.
-
Aquele
que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará, sem
dúvida, com alegria, trazendo consigo os seus molhos.
Salmos
126:1-6
No
final, a recompensa chega como
as correntes do Sul,
que lugar é esse? Se refere as torrentes no deserto de Neguebe, um
lugar inóspito ao Sul de Jerusalém. Ali existe um leito de rio
vazio e seco em alguns períodos do ano, mas de repente, e sem haver
chuva ou explicação, o lugar é inundado por torrentes de águas,
e o lugar então, faz jus a indicação: "correntes do Sul"
ou "torrentes do Sul" que transbordam como em um fenômeno.
No
final o que foi plantado com choro, é colhido com alegria. Por que
foi plantado com choro? Porque o terreno era trabalhoso, a caminhada
era penosa, as sementes foram conseguidas com tanto esforço que
mesmo andando e chorando o semeador não as soltou, não as
desprezou. Pelo contrário, ele as sustentou com todo o zelo e
acreditou que floresceriam. Que grande lição de fé nos dá esse
Salmo!
Nesse momento, temos em diversas partes do mundo,
servos fiéis passando por cativeiros: missionários em
prisão, mulheres em decepção por causa de um relacionamento,
homens desempregados, quem sabe doenças, morte. Todos esses
cativeiros são reais, mas não podemos soltar as sementes das
promessas de Deus, não podemos perder jamais a alegria de ter o
Reino de Deus em nós. As torrentes do Sul, podem jorrar como um
despertar espiritual nos proporcionando crescimento que não
alcançaríamos, de outra forma, que não através do choro de
arrependimento, decepção, tristeza e outros regressos.
Que
o Deus da restauração o abençoe.
Fonte
de pesquisa: Bíblia de Estudo Plenitude, Sociedade Bíblica do
Brasil, SP. Edição 1995.