É com imensa tristeza e indignação que vemos crescer a aridez do pensamento teológico no Brasil. A escassez intelectual é tal que muitas de nossas editoras (e não todas) estão publicando, leia-se, promovendo, as mais medíocres obras de escritores norte-americanos e de outras nacionalidades como se fossem verdadeiras obras-primas. Certamente os royalties são, digamos, mais em conta. Ou seja, é mais barato publicar um enlatado que está mofando nas prateleiras das livrarias e editoras de lá, porque o público aqui ainda se encanta com os sobrenomes anglo-saxões, do que investir na formação de escritores nacionais. Não por acaso, dá-se em todo o nosso território uma onda de crescimento da teologia da prosperidade e uma expansão de "milagres", milagreiros e escândalos, principalmente no meio pentecostal, como nunca visto.
Será tão difícil a tarefa de descobrirmos talentos tupiniquins? Não teremos bons escritores na América Latina e no Brasil? Estaria certo Nelson Rodrigues sobre o conceito de "complexo de vira-lata" que o brasileiro sofre ou sofria? Por que não valorizamos nossos escritores? São rasos? Por que os escritores estrangeiros (principalmante os americanos) são tão valorizados? Suas obras são tão profundos assim?! Que reflexão teológica profunda trazem os livros da outra América?! Seria uma questão de formação?! Se essa é a questão, quem nos assegura acerca da capacidade e formação de nossos editores? Não são poucos os que escrevem verdadeiros lixos doutrinários e tornam-se best-sellers no nosso pobre mundo intelectual, quando em seus países são escritores comuns ou abaixo da média. Paulo Coelho seria, apesar de não gostar de seu estilo, capaz de elaborar um enredo e, passando-se por crente no Senhor Jesus, vender mais que as casas que se digladiam pelo mercado de livros.
Sem dúvida houve acentuado crescimento no número de escritores evangélicos brasileiros, mas mercado aquecido não é sinônimo de qualidade. A maioria escreve livros pobres sobre dízimos e ofertas, críticas infundadas à reflexões de outrem, obras de auto-ajuda, livretos de sermões temáticos, biografias, testemunhos, sem citação de fontes e bibliografia, e isso sem falarmos nos plágios. Não há uma reflexão ou uma crítica teólogica séria, pois nos debruçamos sobre o superficial e magnificamos o mini. Aprendemos a fazer livros como eles, sem conteúdo sério. E isso não é por não termos bons escritores, mas por não valorizamos os talentos que temos e, por conta disso, desenvolveu-se, no submundo editorial, grupos de escritores marginalizados (independentes e ruins), porque ainda preferimos um Max da vida a um José do Brasil, um Philip a um Benedito da Silva. Ora, o que eles têm que os nossos não têm? Que intelecto avantajado têm eles? O que eles sabem sobre igreja, as nossas igrejas? As deles estão, na sua maioria, vazias, falidas, e por que querem nos ensinar sobre doutrinas e crescimento de igrejas? O que eles sabem de igreja sofredora, de congregação na favela, de mães adolescentes e drogradas, de seca e alagamento, violência urbana e dos direitos da criança e do adolescente não respeitados em nosso chão? O que dizem sobre crianças descalças, desnutridas e analfabetas? O que a teologia deles tem a dizer às mães que perdem os filhos por balas perdidas na Cidade de Deus por desmando das autorridades da "cidade maravilhosa"? E sobre a dengue, e o cólera, e a aids? O que seus belos livros com frases elaboradas têm a dizer aos que vivem na "cracolândia". Todavia, nem nossos escritores são tocados a escrever sobre essa realidade! Vivem em outro mundo e teimam em não se identificar com os pobres ou debater os problemas que a igreja nacional enfrenta. Ainda esses dias ouvi um desses tele-evangelistas perguntar a um grupo de senhoras em uma festividade de Círculo de Oração: "Vocês querem ter dinheiro para comprar na Daslu? (...) À vista?!" Eu imagino que livros ele lê para desenvolver uma teologia tão pobre, tão desprovida de sentimento de Cruz, renúncia e amor ao próximo (Pasmem, ele pertence à Academia Evangélica de Letras!).
Por que nossa literatura é pobre? Porque fazemos livros para vender, assim como eles, e não para evangelizar e ensinar ao nosso povo os princípios básicos da fé cristã. Somos pobres intelectualmente porque temos objetivos pobres e uma visão medíocre. Não vemos um palmo diante do nariz e queremos falar sobre visão missionária e expansão de igrejas. Escrevemos para enriquecermos os nossos bolsos e não as almas dos leitores (há raras excessões). Criticamos a teologia da prosperidade dos neo-pentecostais - que aliás é digna de crítica -, mas enchemos os bolsos dos evangelistas itinerantes e promovemos aqueles que repetem nossas falas, nossos discursos! Pagamos para profetizarem em nosso lugar porque não temos coragem de falar a verdade! E assim pensando, não somos melhores que Jezabel que sustentava profetas à sua mesa para afrontar o verdadeiro culto a Jeová.
A solução está em promovermos concursos livres para todas as idades, desde as crianças aos mais idosos, e envolvermos a igreja em debates sobre o pensar teológico e a realidade brasileira, que venham trazer uma literatura teológica-bíblica-brasileira sem as amarras do pensamento teológico elitista made-in Tio Sam. Nossos periódicos, mesmo os de igrejas de bairros, precisam deixar de serem veículos de propaganda e marketing para terem uma preocupação com a formação de uma verdadeira base doutrinária. É verdade que não devemos generalizar, pois sabemos que há algum valor teológico e apologético em meio à massa de escritores da América e Europa, mas uma teologia séria não tem que passar necessariamente pelas baboseiras americanizadas, cheias de tolices, sem conteúdo para uma real expansão do Reino e edificação do Corpo de Cristo. O público leitor sério está cansado desses livretos insignificantes que acumulam lixo na mente do povo de Deus e impede o crescimento espiritual, teológico e intelectualmente. Queremos livros de teologia bíblica de boa qualidade feita por brasileiros também!
Maranata. Ora Vem Senhor Jesus!
Deus abençoe a todos.
24 comentários:
Prezado Pr. Marcos Serafim,
A Paz do Senhor!
Tive que refazer o artigo e reeditar, cancelando o anterior, por isso seu comentário apareceu assim:
Pr. Marcos Serafim deixou um novo comentário sobre a sua postagem "ESCASSEZ INTELECTUAL E O MERCADO EVANGÉLICO":
Pr. Guedes;
Paz do Senhor!
Infelizmente o senhor está correto em seu raciocínio, importamos muita coisa , especificamente no ramo da literatura , e digo que não são tão bons assim, mas o que conta infelizmente é o nome que o escritor tem.
Há temos mandei vários artigos para um determinado jornal , mas nunca tive o artigo publicado, isso por que o nome não é conhecido, e o que importa não é o conteúdo e sim o nome do articulista.
Para mim o que fica claro é que temos um verdadeiro jogo de interesse por trás disso tudo, mas um dia espero ver essas coisas mudadas , e a valorização daqueles que têm vontade , tem talento mas não tem oportunidades.
Belo artigo,
Em Cristo,
Marcos Serafim Silva
Postado por Pr. Marcos Serafim no blog Blog do Pastor Guedes em 17.7.10
Pr. Marcos Serafim, meu amigo,
A Paz do Senhor!
Sem dúvida ainda vivemos a fase do QI (quem indica). Conheço seus textos e eles falam por si só de sua capacidade de articulista. Penso que os blogs têm sido o primeiro suspiro para essa massa de escritores desconhecidos que temos tornarem seus trabalhos conhecidos.
Conheço um excelente pastor-escritor brasileiro que, há vinte anos, pediu para escrever uma teologia sistemática. Não deixaram sequer que apresentasse sua obra, mas logo em seguida lançaram diversas obras estrangeiras sobre o assunto.
Abraço e Deus lhe abençoe!
No Amor de Cristo.
Caríssimo Pr. Guedes,
A paz do Senhor!
Amo seus textos e penso que o irmão deveria escrever um livro. O que o irmão acha da ideia?
Parabéns por mais esse texto excelente.
A Paz!
Shalom!
Este texto é uma verdade irrefutável. Estamos cansados de tanta teologia "americanizada". Nosso povo tem o fascínio pelas coisas da outra América.
Há excelentes escritores no Brasil, que nunca terão oportunidade de escrever nas grandes editoras. Pessoas qualificadas, preparadas e de vida ilibada, são jogadas para escanteio.
Penso que é um dos motivos para isso, é que as grandes editoras só querem lucrar, lucrar e lucrar. Não pensam em abençoar e expandir o reino de Deus.
Parabéns amado Pr. Guedes!
Pr Marcello
Caríssima Irmã Regeane,
A Paz do Senhor!
Já me falaram isso antes e hoje um amigo já me soprou isso por email, mas você é muito suspeita por ser minha esposa e "um" comigo.
Prometo que vou pensar se você me ajudar!
Beijo amo você nesse dia em que completamos 12 anos de casados!
Você é linda!
Caro Pr. Marcello,
A Paz!
Agradeço por sua honrosa visita e por seu comentário.
Você é autoridade no assunto e sabe exatamente o que está escrevendo, posto que dentre os independentes seus livros são de ótima qualidade.
Sim, há no Brasil grandes mestres em todas as áreas, mas infelizmente o mercado visa o descartável (como a indústria ) e o lucro. E existe mais uma coisa, os escritores (não todos) são reféns da vaidade das editoras e escrevem o que já vem prescrito, o que está na moda e o que vende mais.
Forte Abraço.
No Amor de Cristo!
Shalom!
Ao ilustre casal: Pr Guedes e irmã Regeane,
Parabenizo por esta linda data! O casal comemora: BODAS DE SEDA (12 anos!) de muitas vitórias!
Abraços, Pr Marcello
Paz meu querido amigo!
Faço minhas as palavras da Rê! E me proponho em ser o editor/revisor desse futuro livro, enfim conte comigo!
Deus o abençoe grandemente!
Nata.
Caro Pr. Marcello,
Obrigado pelo carinho.
O Casal Maia (Guedes Maia) agradece e deseja que muitas bodas de seda ainda se sucedam em seu casamento.
Deus abençoe sua casa.
Abraço.
Caro Pr. Natanael,
Nata para os amigos!
A Paz do Senhor!
Obrigado pela visita e pela disposição em trabalhar em um projeto que já começo a acreditar!
Forte Abraço.
No Amor de Cristo!
Caro pastor Guedes,
A paz do Senhor!
Realmente, este texto ressalta uma triste realidade, concordo em gênero, número e grau.
Penso que este é um problema bilateral, de um lado nos deparamos com um capitalismo desenfreado navegando nas igrejas, fortemente sufragado pelos "xerifes do marketing evangélico", de outro lado, vemos que esse mercado existe e se consolida devido ao fato de possuir milhares de ávidos consumidores evangélicos.
Não vou eclipsar a responsabilidade e culpa do pensamento comercial evangélico (irracional, ardiloso e ambicioso), porém fiz uma rápida pesquisa aqui na net mesmo, em sites de respeito e constatei que dos 30 livros evangélicos mais lidos no Brasil, NENHUM FOI ESCRITO POR AUTOR BRASILEIRO!!!! Achei Rick Warren, Paul Yonggi Cho, Tim LaHaye, Frank Peretti e até Benny Hinn.
Acredito que parte de uma possível [e não provável] mudança é o consumidor evangélico passar a ser mais criterioso, procurar por literaturas mais densas e não acreditar nos bem elaborados títulos dos livros que recheiam as livrarias evangélicas...ele tem de ser mais seletivo...criterioso.
Enquanto a parcela de pessoas que se preocupam com uma literatura de qualidade for menor que a parcela que compra pela capa não se importando com a densidade do seu conteúdo permaneceremos assim....e os grandes escritores brasileiros que recheiam as várias igrejas de várias denominações cristão....sem oportunidades de poder publicar seus profícuos trabalhos....
Excelente texto pastor! Parabéns!
Do amigo
Luis Bortolin
Caro Pb. Luis Bortolin, meu Amigo,
A Paz do Senhor!
Estou feliz por sua visita e pelo se feliz comentário. Feliz porque foi embasado não em "achismo", mas você mesmo pesquisou e descobriu que dentre os 30 mais vendidos ou mais lidos no Brasil, infelizmente, não consta um brasileiro sequer. Acredite, não é por falta de qualidade, mas por falta de oportunidade. Não estou dizendo que temos uma teologia de encher os olhos, não é isso, mas a teologia estrangeira de péssima qualidade empobrece ainda mais nossa teologia em desenvolvimento. Penso que se nos libertarmos desse tipo de teologia medíocre que vem, principalmente da outra América, teremos uma teologia brasileira mais saudável, com os pés no chão, e não baseada no que os escritores americanos escreve em seus escritórios-palácios.
Julgo igualmente procedente sua opinião da mudança de hábito dos leitores brasileiros, mas isso não é conveniente para as editoras, que vendem mais em função dos nomes dos autores já consagrados lá fora. É como Mac Donald, Nick, Adidas ou Coca-Cola. O pensamento das editoras evangélicas é mais ou menos assim: Os "Escritores-Nick" vendem mais, então vamos publicá-los. Não importa se o que eles escrevem é raso, superficial, o importante é vender mais e trazer cada vez mais dividendos para nossa empresa.
Forte Abraço.
No Amor de Cristo!
Prezado Pr. Guedes,
A paz do Senhor!
Há tempos tenho chegado a esta conclusão: a literatura cristã publicada pelas grandes editoras são descontextualizadas, apresentando um cristianismo diferente do que vivenciamos no Brasil. Vou um pouco além e chego a admitir que as nossas Lições dominicais seguem o mesmo rumo, pois concentram-se na realidade sulista da igreja evangélica, muito diferente do que experimentando em nosso dia-a-dia.
Estão publicando revistas “elitizadas”, para um povo simples (na sua maioria), conteúdo puramente intelectual sem aplicação prática. A igreja está abandonando a EBD porque o conteúdo se distancia da realidade.
Está na hora da “nossa” publicadora falar a fala do povo brasileiro.
PARABÉNS pela postagem e em especial pelas Bodas de Sedas!
O SENHOR lhe enriqueça de graça e sabedoria, sempre!
Pb. Charlles Oliveira
Areia Branca - RN
Prezado Pb. Charles,
A Paz do Senhor!
Obrigado pela visita e comentário muito lúcido.
Você entendeu bem a questão! É isso mesmo, temos talentos nos rincões também, que falam a nossa língua e não a língua e realidade americana, por exemplo. Precisamos de uma teologia com a cara do Brasil.
Abraço.
No Amor de Cristo!
Caro Pr. Guedes,
Aproveitando sua postagem tem aqui uma palavr de desabafo de minha parte, sou Pastor da Convenção Geral a mais de 10 anos tenho algumas obras publicadas por minha própria conta, uma na qual está no meu próprio Blog, estou para publicar outro livro que esta em fase de revisão "Experiências do Discipulado" Neste momento está com o Pr. Elizeu Menezes, pois o mesmo junto com o Pr. Newton Carpintero fará o prefácio. Não consigo publicar o meu material na nossa mui digna CPAD, e olha que tive como meu Vice-Presidente por vários anos o próprio Pr Antonio Gilberto, pois congreguei Na Ass. de Deus em Cordovil. Tenho amigos na Casa, conhecem meu pensamento, aprovam o meu trabalho. Mas nunca, nunca me chamaram para olhar de perto o que temos escrito. E assim são muitos. Tenho amigos aqui no Rio com capacidade imensa, que já publicaram livros por sua própria conta e nada. Pr. Edvaldo Nascimento, Uma capacidade em escrever, vários livros escritos e publicados até por outras editoras, mas a "CASA" não se interessa. Mas se eu tivesse um nome americano ou extrangeiro que fosse, seria logo convidado. Sua postagem é a pura verdade. e vai aqui a minha palavra em defesa de grandes homens de Deus que tem experiências espetaculares para contar em suas obras e que não vemos publicados em nossa tão grande editora.
Um abraço e meus parabéns
Pr. GG
Caro Pr. Gualberto,
A Paz do Senhor!
A visita de pessoas como o irmão honram muito este espaço.
Fique à vontade quanto ao seu desabafo. Leio seus artigos e conheço seu trabalho, por isso sou sabedor de sua capacidade enquanto escritor e pastor.
De fato, criou-se na "Casa", e nas outras editoras, um círculo fechado em torno de poucos nomes nacionais já consagrados, cujas obras (de alguns) não trazem nada de novo e pouco acrescentam. Claro que temos talentos na Casa, mas temos também autores que há muito deveriam ter sido descartados, posto quer produzem obras, eu diria, pífias.
Enquanto uma massa de bons escritores sofrem para expor seus trabalhos, os Jonh´s, os Max´s e os Philip´s não precisam pedir e nem se dão ao trabalho de virem ao Brasil lançar suas obras, posto que seus nomes vendem automaticamente.
Infelizmente são os editores (NÃO TODOS, POIS TEMOS ÓTIMOS EDITORES EM NOSSO MEIO EVANGÉLICO) que vão até eles com um discurso de que o Brasil é um país carente de escritores profundos e que nossa teologia rasa e escassa "precisa" conhecer suas obras. Assim, obtêm vantagens (leia-se descontos) e favores gratuitos até. Usam o nome de nosso país pobre em teologia (o que é verdade) para importar obras e autores medíocres. Pergunto como vamos desenvolver uma teologia saudável e profunda oferecendo "livrinhos" do pragmatismo de quem fala em crescimento de igrejas sem conhecer a realidade do nosso povo? Não acredito em livros como esses tais.
Por que não publicamos mais livros europeus, como os autores alemães, por exemplo, com sua teologia acadêmica? Porque são profundos, reflexivos, desenvolvem uma teologia crítica de si mesma e por isso seriam, na visão de alguns, uma "ameaça" à sã doutrina. E acrescento: "NÃO VENDEM!".
Permita-me fazer referência aos comentários dos meus amigos Pb. Luiz Bortolin e Pb. Charlles Oliveira para dizer que a culpa não é só das Casas Publicadoras, mas do povo também. Acostumado a ler baboseiras o nosso povo se deixa levar pelos encartes e nomes bonitos. Onde reside a culpa das editoras então (OUTRA VEZ DIGO: NÃO TODAS)? No fato de que em nome do lucro elas fomentam nossos (já pobres) hábitos de leitura nos induzindo à ignorância perpétua.
Querido Pr. Gualter é um prazer tê-lo por aqui. Volte sempre.
Forte Abraço.
No Amor de Cristo!
Meu querido e amado Pr.Guedes!
Meu professor, meu amigo, meu esposo e amante!
Infelizmente tudo o que você escreveu é verdade...e eu sinto muito por isto!
As vezes as aflições da vida, a correria cotidiana e o mal de cada dia, abafam os nossos sentimentos e embora queiramos dizer com gestos ou palavras os pensamentos bons que temos de outrem, parece não ser possível.
Por isso,para não incorrer neste erro, quero aproveitar este tempo que estou aqui para expressar minha admiração, carinho e respeito por você.
Apesar de vivermos dias tão difíceis, onde o evangelho tem sido trocado por saquinhos de sabão em pó, ou por rosas vermelhas ou ainda comprado por pessoas que acreditam que a fé pode ser adquirida pela doação de no ¨mínimo¨ R$1.000,00 com o consolo de que o valor doado não é para o ¨grande¨ pregrador, mas para abençoar o seu ¨ministério¨, é bom sabermos que ainda temos homens sérios, que levam a palavra de Deus como ela é, que pregam! Mesmo sabendo que falam para um público, hoje, (na sua maioria) acostumado com pregadores que insistem em mexer com a emoção do povo, tirando glórias e aleluias que não glorificam a Deus mas que massageiam seu ego. Pessoas que se acostumaram a ouvir, a ler o famoso ¨enlatado¨, sem questionarem seus princípios, sua essência.
Por isso, eu quero animá-lo a não desistir em fazer a diferença, pregue! Estude mesmo! Ame o evangelho como tem amado, ame mais! Ensine com autoridade mesclada de amor, como tem feito. Eu sei a intensidade da sua paixão pela palavra de Deus e sei que isto não é seu, é dom de Deus!
Nossos pais, da igreja, não estavam preocupados em agradar, mas, sim na pregação genuína, na salvação daqueles que ouviam o que pregavam. Para tanto, não eram amados, nem se quer bem quistos. Pedro, Estevão, Paulo...
Importa que Ele cresça...
Eu te amo, sua sempre!
Regeane Maia
Pr. Guedes,
Paz!
A escassez intelectual no meio evangélico é fato!
Todavia, falemos do mercado evangélico, e eu vou lhe contar uma história:
No último culto com a mocidade da congregção da Assembléia de Deus (CGADB) no Jardim Belmonte dirigida pelo meu amigo Dc Ailton, região de São Gabriel (região em BH é equivalente ao setor em SP) presidida pelo ilustre e intelectual Pr. Paulo César Máximo, aconteceu um fato interessante.
O líder da mocidade, muito bem intencionado, convidou um fulano que, por sinal, prega muito bem.
Pregação avivalística com muita euforia e coisa e tal. Uma 'benção'.
O dirigente da congregação tinha sido convidado pra uma festividade em uma congregação de perto, assim, estava ausente.
Ao final do culto o líder da mocidade pegou a oferta do culto (trinta e poucos reais) e foi entregar ao jovem pregador. O fulano fechou a cara e disse: "Tá errado meu irmão. Eu cobro é R$120,00".
O lider da mocidade dezesperado liga pro irmão Ailton que chega imediatamente (por sorte estava por perto).
- O que aconteceu meu filho? disse o Ailton.
- O Pregador tá precisando de um dinheiro aí!
- Não pastor, é que a gente estuda teologia, né? E vive da palavra. Ele veio me entregar esse dinheiro aí, mas eu cobro é R$120,00.
O irmão Ailton disse ao rapaz:
- Meu filho, o que eu tenho é 'esse dinheiro aí', se o senhor achar que eu estou te prejudicando em alguma coisa, você terá que me denunciar ao Pr. Moisés Silvestre (presidente da AD/MG)
Enfim, é certo que houve uma imensa falta de cuidado e experiência do nosso líder da mocidade, mas o nosso pregador...
Heim?
Minha querida Regeane,
Esposa amiga e amada!
Sua visita sempre me faz muito bem e me traz paz, segurança e tranquilidade, pois sei que suas palavras são sinceras e revestidas de um amor que me encoraja a continuar sempre.
Infelizmente nossa geração tem que encarar essa realidade. Os homens dos últimos tempos são descritos pela Bíblia como presunçosos, amantes de si mesmo, etc. Mas, concordo com você que ainda há homens de Deus comprometidos com o Reino: editores e escritores fiéis aos princípios da Palavra.
Esse espaço também é seu. Volte sempre, pois sua visita e comentário são bálsamo para mim. Sei que sou meio "ácido" em meus artigos, mas sua presença torna o blog mais leve.
Um beijo cheio de amor e de paixão.
Amo muito você.
Prezado Lucas,
É lamentável que essa cultura ainda esteja se desenvolvendo em nossos dias! Lendo acerca do Didaquê (e outras literaturas desenvolvidas no tempo da chamada igreja primitiva), livro voltado para os ensinos e tradições da novel igreja, vemos que já havia uma preocupação com os itinerantes. Havia, de fato, o itinerantismo apoiado pela igreja, pois a igreja estava em crescimento, expandindo e esses pregadores eram até bem recebidos e bem cuidados, porém havia também, já na naquela época, um cuidado em identificar os que se aproveitavam da bondade do povo de Deus dizendo-se profeta, mas só queria as benesses do ministério. Vale apena pesquisar.
É uma pena que o jovem pregador, formando-se em teologia, segundo você mesmo, com marcado talento digno de um avivalista, tenha-se corrompido tão cedo. Esse é um grande problema: alguns pregadores, antes de desenvolveram vida de oração, intimidade e profunda comunhão com Deus, aprendem e põem em prática as mazelas desenvolvidas pelos "velhacos" e a política ordinária que corrompe o seio da igreja. Digo ordinária porque entendo que haja política boa e sadia.
Quanto ao seu outro comentário, lembro de você sim e vou mandar meu endereço no email que você lá deixou.
Obrigado pela visita e comentário.
Forte Abraço.
No Amor de Cristo!
Estimado pastor Guedes gostei do seu comentário sobre escassez intelectual. Realmente temos muitas pessoas anonimas que possuem idéias boas, mas falta-lhes alguém que norteie o rumo da escrita. As editoras importam ao invés de produzir. Não há interesses em produzir, em levar uma reflexão da realidade, pois isso pode não dar retorno. Ficar vivendo as utopias da prosperidade e do evangelho pragmaático é muito mais rentável. um grande abraço.
valdeci do carmo
Estimado Pastor Valdecir,
A Paz!
Agradeço sua visita ilustre.
A realidade é que enquanto importarmos coisas boas, estaremos edificando nosso povo, mas se continuarmos importando literaturas ruins, estaremos fadados ao fracasso teológico em nossas Escolas Dominicais, Cursos Teológicos, Pregações e afins.
Não é lucrativo publicar autores nacionais. Mas, um dia isso mudará!
Abraço.
No Amor de Cristo!
Muito bom; Ou Melhor , mais que ótimo veio no momento certo. Sua abordagem sobre A Escassez intelectual, sem dúvidas, abre as portas para o raiar de uma luz de modo que uma reflexão sincera a respeito possa fazer com que os excluídos intelectuais da América latina possam ter vozes ativas neste oceano no qual as tempestades parecem querer nos engolir. Ainda bem que temos pastores como o amado que não apenas tem visão aberta para compreender esses problemas, mas “peito” para uma análise crítica e por que não dizer... emancipadora.
Abraços, No Amor De Cristo Samuel S. Santos samuel.buel@bol.com.br
Querido Samuel Buel, meu Amigo,
A Paz do Senhor!
É uma honra e uma grande alegria ter um comentário seu aqui.
Sua filosofia e seu livro estão para além dos assuntos tratados por este bloqueiro, mas creio que uma parceira com sua intelectualidade seria bem vinda.
As portas estão abertas.
Mande-me um texto para eu publicar
pastorguedes@gmail.com
Forte Abraço.
No Amor de Cristo!
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