Muitos têm escrito sobre isso e não quero afrontar o texto ou o pensamento de ninguém. Para mim a igreja nasceu em 12 de setembro de 1982, quando conheci o senhorio do Senhor Jesus. Que dia memorável! Passados 30 anos e não consigo esquecer a noite daquele dia. Cada detalhe está registrado na minha memória como se fossem imagens fresquíssimas. Por falar em memória, muitas são as lembranças daqueles tempos em que ouvia-se melhor louvor e a mensagem da Cruz era a tônica, seguida da doutrina da santificação e esperança da Vinda de Jesus. Que boas lembranças das manifestações espirituais genuínas regadas de comoção verdadeira em um universo e ambiente cheios de temor a Deus e de santa obediência por amor.
Não sou capaz de descrever o que ocorreu nos outros cerca de 70 anos passados desde 1982, mas o que ouço dos velhinhos que conheceram os missionários e os receberam em suas casas, do modo como procediam e do modo como nossa igreja cresceu é de tirar o fôlego! Quem viu e ouviu, como eu, Alcebíades Pereira Vasconcelos e Eurico Bergsten ensinando acerca da Bíblia, da Doutrina e Teologia Pentecostal sabe do que estou falando. Não é para se comparar com os “doutores” arrogantes em muitos de nossos congressos. Havia graça abundante nesses homens e havia um comprometimento que hoje não se vê facilmente. Sobejavam em carisma, unção, sabedoria e humildade.
Rejeito o rótulo de saudosista, pois tenho pregado e ensinado em diversos lugares que amo a igreja do meu tempo. É a melhor igreja de todos os tempos, pois é a minha igreja! Todavia, os dons eram mais abundantes no passado, as profecias eram verdadeiras e cumpriam-se cabalmente. Já nos primeiros dias de minha conversão, ouvia dos mais espirituais: “Haverá um tempo em que não teremos essa liberdade espiritual que temos hoje, por isso devemos aproveitar bem esse tempo para orar e buscar ao Senhor”. Eles estavam certos. Eu pensava que faziam referência à perseguição, mas falavam de apatia espiritual. Hoje alcançamos praticamente todo o país, somos ricos e temos uma igreja grande, forte e influente. Temos representantes em todas as esferas do poder; ótima aparelhagem de som e ótimos profissionais nessa área; templos grandes e suntuosos, com estacionamentos amplos, berçário; equipes de TV e mídia; grandes pregadores e excelentes cantores. Todavia, temos muita técnica, muitos talentos e pouquíssima inspiração. Claro que há exceções.
Tenho contato com muitas pessoas que admiram minha igreja porque foram assembleianos um dia, outro tanto que gosta dela porque seus pais são de lá, mas resolveram seguir outra igreja porque a “bléia” (expressão deles) é muito rígida e não conseguiram seguir os usos e os costumes, etc. Outros ainda saíram por conta de escândalos regionais e divisões. Que pena! Perdemos tantos membros! Muitos deles ingressaram em igrejas descompromissadas, sem um histórico doutrinário e ficaram à deriva sem saber em que crerem e muitos nem sabem explicar a razão de sua fé. Lembra bem o diálogo de Jesus com a samaritana: “Vós adorais o que não sabeis”. Vamos pagar por isso, aliás, já estamos pagando! Contudo, muitos outros se sentem felizes em suas novas denominações, o que devemos respeitar. E o que falar de igrejas fundadas por pastores que saíram da gloriosa Assembleia de Deus e estão crescendo com Graça?
Sim, mudamos! E poderíamos falar sobre mudanças de outras naturezas... Mas, aí teríamos que escrever um livro.
Amo minha igreja, porém, será que está valendo a pena ser grande, rico, importante, influente e não ter o carisma de nossos pais? De fato o que me preocupa não é tanto o presente, mas o futuro dessa igreja tão abençoada! Penso que seria melhor discutirmos o que será dessa igreja nos próximos cem anos e o que poderíamos fazer com relação à Igreja de nossos filhos, as novas gerações!
Maranata. Ora Vem Senhor Jesus!
Deus abençoe a todos.