A Bíblia conta a história de um levita, em Juízes 19, que saiu errante com sua concubina e tendo chegado em Gibeá, passou ali a noite. Depois de permanecer na praça, um homem velho efraimita que morava em Gibeá lhe deu guarida. Porém, os moradores daquela região cercaram a casa, insistiram e tomaram sua companheira (do levita) e abusaram dela sexualmente até ao amanhecer. Não resistindo, veio a falecer. Seu companheiro a esquartejou e enviou pedaços de seu corpo às doze tribos. O ocorrido causou grande indignação dos filhos de Israel para com os habitantes de Gibeá e houve guerra entre eles. Alguns, hoje, advogam que aquele levita estava fora do plano de Deus e por isso tudo aquilo sobreveio a ele. Nossas teologias igrejeiras têm a teimosa mania de relacionar toda as tragédias aos pecados das vítimas. Esquecem que o contexto (capítulos 17 a 21) fala de um período de apostasia, de um povo que servia a Deus, mas deixou-se corromper pelos costumes pagãos e enfoca a violência de uma gente sem rei e sem lei (v.1). Naquele tempo todos faziam o que queriam porque Sansão teve o seu ministério encurtado por conta de sua desobediência e foi ceifado cedo, antes de cumprir seu tempo de juiz. O peregrino não queria passar a noite em cidades que não fossem de Israel, por isso escolheu aquela cidade, mas infelizmente Gibeá estava tomada da violência e crueldade, típicas dos antigos moradores cananeus. Em Lucas 13.1-5, o Senhor Jesus mostra claramente que homens bons e maus morrem de igual modo, e todos devem se arrepender igualmente. Ele próprio não tinha pecado e morreu tragicamente numa Cruz para nos salvar. E o que dizer dos apóstolos, cuja história relata que morreram todos martirizados? E Estevão? E Paulo? E Policarpo? e Jonh Huss?
Assisti, no Jornal Hoje, um lamentável levantamento de quanto o jogador Bruno, goleiro do Flamengo, clube carioca, poderia acumular de riquezas se continuasse jogando. Disse o especialista que se permanecesse no Brasil, acumularia 40 milhões de reais e se fosse transferido para o exterior poderia chegar aos 100 milhões. Esta é a realidade da sociedade e do mundo em que vivemos. Em pleno processo investigativo, onde o esportista é suspeito de haver mandado matar uma ex-namorada, a rede Globo de Televisão teve a brilhante ideia de calcular quanto o homem perderá em dinheiro. Alguém na emissora citada poderia citar quanto vale a vida da Eliza? A dor dos pais dela? As consequencias sobre a vida da criança que hoje completa cinco meses de vida? Os resultados psicológicos na vida dos participantes desse crime bárbaro, como o adolescente que presenciou toda a cena e confessou que não consegue deixar de ver Eliza?
Quanto vale a vida? Quanto vale uma alma para o Reino de Deus? Ou vamos brincar de determinismo agora e dizer que foi assim porque não era para ela ser salva mesmo, afinal era uma "modelo" ou que participou de filmes adultos e por isso mereceu esse tipo de morte? Morte descrita com requinte de crueldade, nem mesmo visto nos filmes de Mel Gibson. Disse o delegado que as últimas palavras da moça teriam sido: "Eu não aguento mais apanhar". Ninguém diz isso sem antes ser maltratada como um verme, um bicho. Li nos muitos jornais de nosso país que os criminosos teriam desossado o corpo (como um animal, um boi de frigorífico), dado sua carne para cães de raça rottweiler e depois concretado os ossos para não serem descobertos.
A investigação ainda corre, mas quero chamar a atenção para o que o ser humano sem Deus é capaz de fazer. E agora não importa tanto se o Bruno foi abandonado pelos pais quando bebê e criado pelos avós. Conheço muita gente abandonada em portas de casas de estranhos que crescem e são pessoas de bem. Os calvinistas estão certos quando falam de depravação total ou os arministas quando alegam que foi parcial? E por que a Igreja é tão omissa enquanto o assunto comove a nação inteira e não se pronuncia contra ou a favor? Alguém pode alegar que não pediram nossa opinião e por isso não nos metemos em questões que não nos dizem respeito.
Sou muitíssimo a favor de que a igreja ore pelo mundo, pelas pessoas, pela salvação, pelas autoridades, pelos reis da terra, pela paz de Israel e de Jerusalém, mas também sou a favor de que a igreja vá a público para dizer que é contra esse tipo de violência, contra o pecado, contra a corrupção, contra as fichas sujas dos políticos e das convenções das igrejas evangélicas, inclusive. Não uma igreja que sai às ruas para fazer movimento com som de trio elétrico para chamar atenção para sua denominação e sua suposta influência na sociedade, enquanto seus líderes são presos não por amor a Cristo, mas por outras causas desprezíveis. Não sou a favor de uma igreja que marcha de um lado para o outro da cidade, mas não marcha para o Céu.
Neste ano de eleições, infelizmente, temos que reconhecer que boa parte de nossos políticos nada fazem para o bem-estar da sociedade. A maioria deles defende os interesses de suas denominações, dá títulos de cidadania a pastores que estão em eminência e coloca nome de cristãos destacados, segundo seus interesses particulares, em ruas de suas cidades, enquanto deveriam criar e votar leis mais justas, contra a violência e a desigualdade social. Quanto custa um mandato político? Quanto custa ser eleito? Quanto vale um voto? Quanto vale a vida da concunbina do levita errante? Quanto vale a vida da Eliza? Quanto vale a vida do nenen? E a do menor infrator? E a do Bruno? Quanto vale a vida dos executores? Quanto vale uma alma?
Eliza não era mais pecadora que qualquer outro cidadão para merecer uma morte bárbara. O ser humano é mau desde sua mocidade e é capaz de praticar os crimes mais hediondos e inimagináveis. Somente o Evangelho de Jesus poderia converter os moradores de Gibeá. As leis não vão extinguir o pecado, mas com certeza vão impedir o avanço da barbarie. E quem sabe as emissoras de televisão e os formadores de opinião teriam um coração mais humano, mais solidário, e repensassem o ser humano em termos de vida e não de valores.
Eliza não era mais pecadora que qualquer outro cidadão para merecer uma morte bárbara. O ser humano é mau desde sua mocidade e é capaz de praticar os crimes mais hediondos e inimagináveis. Somente o Evangelho de Jesus poderia converter os moradores de Gibeá. As leis não vão extinguir o pecado, mas com certeza vão impedir o avanço da barbarie. E quem sabe as emissoras de televisão e os formadores de opinião teriam um coração mais humano, mais solidário, e repensassem o ser humano em termos de vida e não de valores.
Maranata. Ora Vem Senhor Jesus!
Deus abençoe a todos.