terça-feira, 8 de maio de 2012

ENTRE A CRUZ E O VIOLÃO - A TEOLOGIA DO VIOLÃO VERSUS A TEOLOGIA BÍBLICO-PASTORAL.



Texto do Professor Luiz Carlos Ramos da Universidade Metodista. Apesar de escrito há cerca de 15 anos, ainda continua muito atual. Boa leitura a todos.

ENTRE A CRUZ E O VIOLÃO – A Teologia do Violão Versus a Teologia Bíblico-Pastoral

Por Luiz Carlos Ramos

– Sr. Bispo, precisamos de um novo pastor!
– Há um pastor disponível. É muito estudioso e dedicado.
– Ele toca violão?
– Não, parece que não.
– Que pena... nós precisamos de um que saiba tocar violão...
Nos meus 21 anos de ministério, do outro lado do laicato, tenho presenciado inúmeras reedições do diálogo acima. Raramente, no processo de escolha do pastor, uma comunidade se interessa pela qualidade da biblioteca deste, por sua firmeza doutrinária ou suas raízes na tradição eclesiástica que abraçou.
Não obstante, se o pastor candidato tem talentos musicais (ou pelo menos consegue conduzir satisfatoriamente uma sessão de cânticos) terá maiores chances de encontrar emprego e remuneração diferenciados. Não há dúvida: hoje, mais vale um violão na mão que uma biblioteca teológica de primeira mão.

A IGREJA DA IDADE MÍDIA
Um modelo modernoso de igreja alternativa, viável e rentável, é o do franchise da fé. Trata-se de modelo facilmente identificável facilmente, haja vista a frequência com que aparece nos meios de comunicação de massa, e a habilidade com que neles se move explorando o agressivo marketing apelidado de gospel.

GOSPEL QUE EU GOSTO
O termo gospel utilizado pelas igrejas da idade da mídia não deve ser confundido, nem identificado, com o estilo musical homônimo de origem afro-norte-americana do final do século XIX. Este último nasceu como forma de resistência de uma cultura oprimida que tentava sobreviver sob uma cultura racista, classista, cruel e intolerante. O gospel tupiniquim é a adesão a um anglicismo novelístico que gerou um subdialeto gospel-evangélico bastante elástico que comporta muita coisa no campo musical, que vai do rap ao rock passando pelo pop e com algumas incursões, menos frequentes, nos estilos verde-amarelos do tipo baião, samba, sertanejo e assim por diante. Gospel não é um ritmo ou estilo musical. É uma marca como Coca-cola ou Bombril, com forte apelo comercial.

O NIVELAMENTO POR BAIXO PROMOVIDO PELOS LEIGOS
Com a lacuna cultural da formação do brasileiro, em geral, e a lacuna teológica na catequese do evangélico, em particular, a demanda por esse estilo eclesial e musical cresceu muito. A rigor, tais músicas gospel carecem de valor artístico-estético, bíblico-teológico e litúrgico-pastoral. Mas o exigente público não o é nesses itens. Sua exigência diz respeito não ao sentido da fé, mas à utilidade da religião. Se ela me ajuda na experiência catártica, se ele corresponde aos meus anseios por prosperidade, se ela aplaca minha consciência transferindo minha culpa para um ser demoníaco, e se, ao falar de um Deus vitorioso e guerreiro satisfaz meus desejos de vingança sublimados, então essa é a minha religião ideal.

O NIVELAMENTO POR BAIXO PROMOVIDO PELO CLERO
Os teólogos, por seu turno, deveriam ir um pouco além e identificar na história do dogma e no registro evangélico as muitas vezes frustrantes venturas e desventuras dos seguidores daquele que, quando na terra, não tinha “onde reclinar a cabeça” (Lc. 9.58). Mas explicar o amor aos inimigos, o chorar com os que choram, o sofrimento por causa de Cristo, a cruz que cada discípulo tem de tomar para segui-lo e sua opção pelos pobres e marginalizados, é realmente bem mais complicado. É aí que muitos “teólogos” resolvem trocar os compêndios da fé pelos dividendos da mídia. É nessa hora que Barth, Bultmann, Tillich, Lutero, Calvino, Wesley (para não falar em Agostinho, Tomás de Aquino, etc) dão lugar a certos astros gospel de maior ou menor grandeza. Os “teólogos” gospel que se fizeram bispos (sic!), profetas e até apóstolos (à revelia de qualquer convenção eclesial e gramatical) se mostram todos ansiosos em atender aos fiéis consumidores gospel com seus melhores produtos.

OS INTELECTUAIS MAUS COMUNICADORES E OS BONS COMUNICADORES MAUS INTELECTUAIS
Sejamos justos. Tecnicamente, eles são melhores comunicadores que os teólogos de verdade. Embora tenham péssimo conteúdo, têm a embalagem certa para o gosto médio da massa religiosa brasileira. Por outro lado, para que serve um conteúdo de primeira linha numa embalagem inaceitável? O grande desafio aos teólogos de verdade é conseguirem oferecer seu excelente conteúdo numa embalagem mais atrativa. Se o público compra tanta coisa ruim pela embalagem, seria possível usá-la (a embalagem) para “vender” coisa boa? Se o “meio é a mensagem”, não temos muitas opções. A ética não nos permitiria utilizar certas embalagens. Mas talvez haja uma faixa de tolerância e seja possível achar um meio para a mensagem e uma mensagem para o meio, que correspondam aos valores do Reino. Se isso não for possível, é melhor aproveitar a Rádio Gospel e anunciar: “Vende-se biblioteca teológica de primeira mão (aceita-se violão como parte do pagamento).”

Publicado em Mosaico – Apoio Pastoral. São Bernardo do Campo: Faculdade de Teologia da Igreja Metodista – Centro de Teologia e Filosofia da UMESP, Ano V, no 4, Agosto /Setembro de 1997, p. 16.

Também disponível em: http://www.metodistavilaisabel.org.br/artigosepublicacoes/descricaocolunas.asp?Numero=1798

Maranata. Ora Vem Senhor Jesus!
Deus abençoe a todos.

terça-feira, 3 de abril de 2012

OS TELE-EVANGELISTAS, OS CAVALEIROS DO APOCALIPSE E A POBREZA NA BLOGOSFERA



Recebi um email de um Amigo, lamentando o empobrecimento dos temas e assuntos em nossos blogs evangélicos. Confesso que também tenho estado triste e desanimado com a falta de conteúdo em muitas matérias de nosso espaço na blogosfera. Estamos sofrendo há anos, desde as polêmicas da eleição da Presidenta Dilma e do arrefecimento das questões homo afetivas e kit gay, de uma escassez e de um esvaziamento de temas, proposições e significados nunca visto. Penso que isso tem a ver com os reflexos dessa onda de espetacularização do evangelho promovido pelos espalhafatosos tele-evangelistas, que já estão sendo chamados de os "quatro cavaleiros do apocalipse", anunciando a (falsa) paz, porém, trazendo guerra na mídia e nas igrejas, morte à sã doutrina e escassez da palavra. Os escândalos, sempre oriundos dos mesmos e de forma crescente, têm funcionado como anestésico, causando ausência de consciência e falta de sensibilidade no meio do povo de Deus.

A pobreza da blogosfera bem pode ser fruto do que se vê e ouve nos púlpitos de muitas igrejas hoje. Mensagens secularizadas, eivadas de Psicologia, Sociologia, Antropologia, Filosofia, Teologias e pouco, muito pouco espaço para a Mensagem da Cruz. Nessas igrejas não se fala do Calvário, do Sangue, da Morte Expiatória, da Vitória Sobre a Morte, da Ressurreição Gloriosa de Jesus, da Promessa de Sua Vinda. A Cristologia é rala, superficial, sob a defesa somente de Jesus é o Senhor, não se interessando por questões que aprofundem esse senhorio. Não se cogita a Doutrina da Salvação: Arrependimento, Conversão, Reconciliação, Justificação, Regeneração, Redenção, Adoção, etc. Não há espaço no contexto litúrgico para instrução acerca da Santificação, da Comunhão ou dos Dons Espirituais. Essas igrejas conhecem somente a linguagem do dinheiro, da prosperidade e da vitória, promovendo um evangelho altamente antropocêntrico e destituído de poder salvífico.

Vivemos de publicar escândalos nos últimos anos e o que isso tem mudado? Parece que nossa fraca voz nunca foi ouvida, posto que essas mega-igrejas, movidas pelo poder midiático e pelo dinheiro, prosperam e a disseminação desse evangelho pobre tem proliferado nos quatro cantos de nosso país.

A exemplo do meu Amigo que escreveu-me, também eu estou lamentando e desanimado. Os senhores que antes "batiam" na Rede Globo de Televisão (e a outras emissoras), estão se associando a ela para "promover" shows gospels. Aqueles que antes condenavam a programação da emissora carioca e denunciavam os adultérios, as mentiras, as traições e corrupção, agora terão que silenciar por causa do dinheiro global que vai alimentar suas contas bancárias e "sustentar" seus já poderosos impérios. Assim, o dinheiro, o poder, a fama, a influência midiática desses senhores vão calando aos poucos as vozes proféticas em nossa nação. Ademais, esses senhores vêm contratando tudo e todos com seus "talentos" para arrebanhar cantores e pregadores para suas equipes. Tendo um ministério centrado neles, reproduzem obreiros segundo a sua imagem e semelhança. Seus ministros são marionetes, que não escapam às manipulações, trejeitos e voz do manipulador ou ventríloquo, que embora, por vezes, não apareça em foco, facilmente se vê "o criador" na imitação de suas "criaturas".

Mas de que adianta falar tudo isso aqui se amanhã explodirá um novo escândalo e a denúncia causará a priori um frenesi espantoso para depois desencadear um sono profundo nos braços de Morfeu ou nos altares de Mamom. Essa teologia é alienante e marginaliza seus seguidores, todavia, os cristãos incautos dão cada vez mais ouvidos "aos cavaleiros" do evangelho que, prometendo paz, fazem guerra, trazem fome, escassez e morte.

Os verdadeiros cristãos deveriam se unir contra isso que aí está, envergonhando o sacrossanto evangelho de Jesus e denunciar os horrores e males que esses senhores têm trazido para o meio evangélico. Essa teologia é abominável aos olhos de Deus e tem afastado muitos do Caminho do Senhor. Pastores são chamados de ladrões nas ruas e nas praças públicas por causa desses senhores e por causa deles está cada vez mais difícil convencer as pessoas sobre a Verdade do Evangelho. Se bem que estou me convencendo de que Karl Barth tinha razão ao dizer que o evangelho é a sua própria defesa, mas isso é assunto para outro dia.

E nós, editores de blogs, deveríamos buscar outros caminhos, outras alternativas, outras linguagens, outras figuras e temas que enriqueçam nosso já solapado espaço. Será que não estamos dando ibope demais a esses nomes que envergonham a Igreja? Que Deus tenha misericórdia e nos dê ânimo para continuar na lida.

Maranata. Ora Vem Senhor Jesus!
Deus abençoe a todos.

segunda-feira, 19 de março de 2012

O EVANGELHO DOS ESCÂNDALOS



O mundo evangélico foi tomado de assalto mais uma vez nesse domingo último. Ao chegarem dos cultos em suas casas e ao ligarem seus aparelhos de televisão, os crentes se depararam com o último escândalo envolvendo lideranças. Como se não bastasse o que já se sabe por trás dos bastidores sobre os promulgadores da falsa teologia da prosperidade, agora os supostos líderes, as supostas novas vozes do cristianismo brasileiro hodierno, estão se digladiando em público.

Ao assistir a matéria do programa Domingo Espetacular, da Rede Record, acerca do patrimônio do "apóstolo" Valdemiro Santiago, matéria essa anunciada, apresentada e reprisada na Record News, fiquei com um travo de amargura e de tristeza na alma. Helicópteros e automóveis em ação, em uma verdadeira caça ao inimigo. O que foi ao ar não passou de uma investigação minuciosa da Rede Record de Televisão, muito provavelmente a mando do Sr. Edir Macedo, para denegrir a imagem de seu novo desafeto no mundo religioso. Ficou claro, ao menos para mim, que esses homens estão dispostos a destruir quem quer que seja que atravesse seus caminhos. Não faz muito tempo o bispo entrevistou uma pessoa dizendo-se possuída por um espírito para denunciar que o apóstolo do chapéu curava pelos demônios e chorava de mentira, movido pelos mesmos espíritos. Edir Macedo joga sujo e baixo. Outro dia disse que as línguas estranhas dos pentecostais eram línguas de demônios e que 99% dos cantores evangélicos são endemoninhados. Parece que de demônios ele entende bem. Ora, o Sr. Valdemiro não é um exemplo de homem ético a ser seguido, dado o que fez com um tele-evangelista, ao pagar o dobro do que se pagava em determinada emissora somente para "tomar" o lugar do outro. Outro dia o apóstolo afirmou que o bispo paga os atores das novelas da Record com o dinheiro da igreja. Ontem a mesma TV do bispo afirmou que o apóstolo comprara as fazendas com o dinheiro dos fiéis. O Sr. Edir...Bem, esse todos conhecem e sabem do que ele é capaz.

O Sr. Waldemiro trabalhava para o bispo e para não ficar por baixo, revelando que queria ser maior que seu ex-chefe, abriu uma igreja e deu a si mesmo o título de apóstolo, maior que bispo. Coincidência ou não o suposto apóstolo começou a usar um chapelão ao melhor estilo cowboy, o que justifica sua aspiração pelo campo. O homem que se diz apóstolo fez o caminho inverso de Amós e está investindo em terras e em gado. Am. 7.14,15: "E respondeu Amós, e disse a Amazias: Eu não sou profeta, nem filho de profeta, mas boieiro, e cultivador de sicômoros. Mas o Senhor me tirou de após o gado, e o Senhor me disse: Vai, profetiza ao meu povo Israel" Julgo que as terras de Amós eram menores que os 26 mil hectares do cowboy brasileiro e sua fortuna menor que os 50 milhões de reais apresentada na investigação, ops, matéria.

O que chama a atenção é a forma como eles tratam de seus próprios escândalos. Trazem à tona e publicam na TV, transmitindo em cadeia nacional, expondo a imagem da igreja que deveria ser preservada, digo, igreja de Cristo. A Record usou o mesmo veneno da Rede Globo anos atrás e abusou de repetir frases do repórter sensacionalista, aquele conhecido pela voz meio rouca que denuncia crimes bárbaros, hediondos.

A Rede Record de Televisão e o Sr. Edir Macedo que ponham as barbas de molho. A Receita Federal vai investigar ambas as igrejas e vai sobrar para quem tem rabo preso. Quem teria maior patrimônio? Waldemiro Santiago ou Edir Macedo? De onde teria vindo dinheiro para comprar a Record? E os Mega-Templos? E quem estaria bancando a construção do "Templo de Salomão"?  Outra questão levantada era se compras de fazendas e de gado teria algum ligação com o mundo religioso ou espiritual. Pergunto e a Rede Record hoje serve a quem? Atenção senhores supostos pastores, que fazem as coisas às escondidas: a casa vai cair. Vai sobrar para todo mundo. Eu torço para que isso aconteça logo.

A Igreja Brasileira está cansada de escândalos. Esses homens plantaram disputas pessoais, inveja, ódio e fizeram de suas igrejas fontes de arrecadação. Nada mais justo que agora colham o fruto de seus  insanos projetos. Isso não tem nada a ver com o Evangelho de Jesus Cristo. Isso não tem nada a ver com o Cristianismo. Envergonham os verdadeiros cristãos e enlameiam as lideranças sérias e comprometidas com o Reino. Pregam um "evangelho" que enche somente seus próprios bolsos.

Precisamos de uma reforma hoje. Entendo que a solução seria a união dos verdadeiros homens de Deus, que estão a frente de ministérios sérios em todo o Brasil,  se assentarem em um única mesa para promoverem uma nova ordem na igreja brasileira. Moralidade já! Prisão para os vendilhões dos templos! Nós, igreja, não suportamos mais essa situação. Por causa desses senhores as pessoas estão se afastando das igrejas e está cada vez mais difícil pregar o evangelho e ganharmos almas para o Reino de Deus. O homem comum que gosta de generalizar, põe-nos no mesmo nível desses líderes escandalosos. Estou cansado de denunciar. Precisamos fazer alguma coisa na prática e urgente.

Proponho aos homens sérios, aos blogueiros e a todos os cristãos desse país que se faça uma campanha a nível nacional para desmontar essa estrutura de poder que se instalou em nosso meio. Como? Pregando a Verdade e não se cansando de denunciar a operação do erro nas igrejas. Chegou a hora do juízo começar pela casa de Deus. Para termos ideia do que estamos falando: o bispo defende abertamente o aborto provocado e o apóstolo afirma que Jesus não é sempiterno, mas foi criado em determinado ponto da história. Esses argumentos já seriam suficientes para levantarmos uma bandeira contra essa bandalheira que aí está. Despertemos! Se nós não o fizermos, quem o fará? Os políticos evangélicos, como o Sr. Crivela, por exemplo, ou o Sr. Marco Feliciano, ou o Sr. Rodovalho. Ora, ora, quem conhece Brasília sabe que a Reforma não virá de lá.

Maranata. Ora Vem Senhor Jesus!
Deus abençoe a todos.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

MINHA GRATIDÃO À CIDADE DE SÃO PAULO

Como alguns já devem saber estou de mudança, voltando para minha terra natal: o Ceará. Quero agradecer à Cidade de São Paulo pelos 24 anos aqui vividos (quatro em Americana). Durante todos esses anos nada me faltou e tive em abundância. São Paulo me acolheu como um filho e faz jus ao apelido que alguns lhe dão de "caldeirão de raças" dada a sua hospitalidade. Aqui são recebidos judeus e árabes, turcos, coreanos, japoneses, italianos, americanos, latinos, africanos e nós, os nordestinos, com o mesmo abraço. A capital paulista e o povo paulistano são amigos, dóceis (com raras exceções de gangs "nazistas" que odeiam todos os que não são seus) e reconhecem a contribuição do nordestino na construção dessa grande metrópole.

Aqui conclui meus estudos, fiz faculdade de Teologia, fui levado ao ministério, dirigi igrejas. Aqui conheci minha esposa e Deus me deu dois filhos. Ao contrário de Noemi, cheguei sozinho, vazio, mas volto com esposa e filhos, cheio de novas experiências, graças à Graça de Deus e as quatro igrejas que dirigi desde que assumi o pastorado, os pastores que tive, as aulas de EBD e de Teologia, graças às vigílias e pregações que ouvi de meus pastores e amigos pregadores.

Querendo Deus, estaremos, minha família e eu, desembarcando na capital cearense amanhã, dia 31.12.11, às 23:00hs e devo passar o reveillon em minha nova igreja. Nunca pude dizer com tanta ênfase: Ano Novo Vida Nova, Cidade Nova, Igreja Nova,...Claro, que tudo isso quem fez foi o Senhor e é coisa maravilhosa aos nossos olhos. A Ele toda glória e honra por tudo que vivi aqui em Sampa.

Forte Abraço e abraço a todos os amigos que deixo em São Paulo e aos novos amigos que terei em Fortaleza.

Maranata. Ora Vem Senhor Jesus!
Deus abençoe a todos.

terça-feira, 26 de julho de 2011

A IGREJA NAS TENDAS DE SEM (PARTE II)

Lembrando a todos que esse texto é do meu Amigo, Pastor Natanael dos Santos. Boa Leitura!

A IGREJA NAS TENDAS DE SEM
A promessa de Deus na vida de Abraão seu avô estava tendo o seu real cumprimento. Das entranhas de Jacó, nasceria José, que mais tarde, após vários períodos de duras provas, se tornaria governador do Egito.
Estando no Egito, teve o privilégio de receber seu pai e seus irmãos os quais foram colocados estrategicamente na terra de Gósen, para ali habitarem. Nesta terra se multiplicaram em grande maneira, ao ponto de se tornarem numa grande multidão.
Ali estando todos eles gozaram do favor do Faraó amigo de José. Este Faraó havendo morrido foi substituído por outro Faraó que não conhecia a José.
Este novo Faraó estando no governo oprimiu os filhos de Israel fazendo-os amargar como escravos debaixo de um jugo tirano e cruel.
Quatrocentos anos depois, cumpriu-se o que Deus havia pactuado com Abraão (ler Gn 15. 7-16). Moisés estava apascentando o rebanho do seu sogro Jetro no Monte Horebe quando Deus falou com ele de uma sarça, ordenando-o a tirar o Seu povo da escravidão.
Obedientemente Moisés se põe a executar o mandado do Senhor seu Deus, ajudado por seu irmão Arão. Sob o braço forte de Deus, Faraó permite Israel sair em direção àquela que seria a sua pátria definitiva. Estando no deserto, Deus trabalhou maravilhosamente através de Moisés a fim de fazer daquele povo uma nação.
Durante a peregrinação pelo deserto, Israel recebe diretamente de Deus a Lei que governaria o seu destino. Muitos daqueles que haviam saído do Egito, morreram no deserto por não crerem na palavra de Deus.
Quando a nova geração nascida no deserto estava na fronteira, prestes a ocupar a Terra da Promessa, Moisés morreu.
Deus então encabeça Josué como seu sucessor, para dar continuidade ao Seu plano.
À frente do povo como um valente e destemido general, depois de verem as muralhas de Jericó destruídas e após cruzarem o Jordão, ambos os episódios ocorridos de forma sobrenatural, aquele povo se estabeleceria na Terra Prometida e começaria a conquistá-la.
Havendo conquistado boa parte da terra, Josué antes de morrer lhes faz recordar tudo o que Deus fizera por eles e os convida a assumir o compromisso de servirem somente ao Senhor, tomando ele próprio como exemplo de que particularmente estaria servindo a Deus com toda a sua casa.
Vem então, o período dos Juízes quando a Bíblia diz que cada um fazia o que bem parecia aos seus olhos. O último deles foi Samuel.
Fartando-se da sua maneira de governar, pediram-lhe um rei e Deus lhes deu Saul na sua ira e depois o tirou no seu furor, estabelecendo Davi em seu lugar.
Davi fora um homem segundo o coração de Deus! Ele organizou a nação de Israel e antes de morrer passou o cetro ao seu filho Salomão.
De posse do governo, Salomão dá início à construção do Templo idealizado por seu pai e, junto com o povo de Deus após longos anos, inaugura aquela majestosa casa; lugar onde Israel poderia agora adorar tranquilamente ao Senhor sem precisar depender de estar montando e desmontando tenda aqui, ali ou acolá.
Salomão saiu-se muito bem no governo de Israel até que as mulheres lhe perveteram o coração. Após isso, seu reinado começou a entrar em decadência.
Tendo morrido, Roboão seu filho reinou em seu lugar, mas logo em seguida o reino que havia sido unificado desde os dias de Davi, seria dividido.
Jeroboão conquistou o coração de alguns e ficou com dez tribos enquanto Roboão apenas com duas. Com o reino dividido, os problemas logo começaram a surgir.
Com o passar do tempo, tanto no Sul quanto no Norte, o povo de Deus se viu governado, ora por um rei bom, ora por um rei mau.
Em consequência da desobediência, o Reino do Norte composto de dez das doze tribos de Israel foi levado em cativeiro pela Assíria e aproximadamente cem anos depois o Reino do Sul, composto das tribos restantes. O Reino do Sula seguiria também em cativeiro para a Babilônia de Nabucodonosor.
As tribos do Norte se dispersaram e até os dias de hoje não se sabe exatamente onde elas estão.
Setenta anos foi o tempo do cativeiro babilônico deflagrado contra o Reino do Sul. Após estes anos vividos no exílio, Deus levanta Zorobabel, Josué,  Esdras Neemias, Ageu e Zacarias. Através desses homens Israel é de novo estabelecido em sua terra e o Templo é reconstruído.
Porém poucos anos à frente, Israel estaria outra vez em derrocada. Neste período, Deus levantou o profeta Malaquias para advertir a nação dos erros que estavam comentendo.
Após ele, deu-se o Período Interbíblico. Neste espaço de tempo até a chegada do Messias, muitas guerras se deram entre o povo de Deus. A história Sagrada estava esperando a chegada da plenitude dos tempos.
E foi exatamente quando ela se cumpriu que o Messias tão esperado pelos judeus nasceu em Belém trazendo uma nova esperança para aquele povo.
Infelizmente eles o rejeitaram, levando-o à cruz. Jesus morreu, mas com sua morte foi selada a vitória tanto de judeus quanto dos gentios.
De ambos os povos, Deus, soberanamente, constituiu um só povo para através deste, tornar o Seu nome conhecido em toda a Terra.
A igreja que nunca fora considerada como povo, foi enxertada em Jesus Cristo a Oliveira Verdadeira e feita povo peculiar de Deus. Constituída de judeus, os descendentes de Sem e de gentios, os descendentes de Cão e Jafé, a igreja está no mundo como Geração Eleita, Sacerdócio Real, Nação Santa e Povo Adquirido, para anunciar as virtudes de Jesus.
A Igreja, constituída de famílias de todos os povos, tribos, línguas e nações, verdadeiramente está nas tendas de Sem como um povo forasteiro e peregrino, mas caminhando rumo à Cidade que tem fundamentos, cujo Artífice e Construtor é Deus!


Maranata. Ora Vem Senhor Jesus!
Deus abençoe a todos.

sábado, 23 de julho de 2011

A IGREJA NAS TENDAS DE SEM (PARTE I)

Pastor Natanael dos Santos
O texto abaixo é de um grande Amigo. Pastor Natanael dos Santos é daquelas pessoas amáveis e dóceis que demora-se encontrar. Foi missionário na Argentina e nos EUA durante muitos anos e também pastor setorial e pastor-presidente no interior de São Paulo. É um excelente pregador. Seu tema é quase sempre a Cruz de Cristo, o Calvário, o Amor de Deus. Estudioso, pretende lançar um livro em breve e deu-me a honra de presentear-me, a meu pedido, com algumas linhas de seu novo projeto. Linhas que transcrevo aqui para vocês. Boa leitura! 

A IGREJA NAS TENDAS DE SEM
Após a morte do pregoeiro da justiça, os descendentes de Noé se multiplicaram, mas em vez de encherem a terra como Deus havia ordenado, conceberam um plano maligno de se perpetuarem onde estavam, afim de não serem destruídos.
Iniciaram a construção da Torre de Babel na terra de Sinear sob o comando do ímpio e arrogante Ninrode. Porém Deus não os deixou ir avante naquele pernicioso intento, pois, além de não quererem se espalhar pela face da terra queriam também fazer para eles um nome.
O Deus de todo o Universo prontamente os julgou. A língua deles foi confundida, e eles, obrigatoriamente tiveram que se espalhar cumprindo-se assim a soberana determinação divina. Tudo o que Noé, havia predito a respeito dos seus filhos, cumprira-se perfeitamente:

Os descendentes de Cão povoaram a África, a Ásia, a Oceania e, por algum tempo, certas regiões do Oriente Médio, Babilônia e imediações do Mar Vermelho.
Os descendentes de Jafé povoaram as ilhas do mar e as distantes paragens européias. Eles se dirigiram para o Ocidente, povoaram todas as ilhas do Mediterrâneo, toda a Europa e parte da Ásia.
Os filhos de Sem foram Elão, Assur, Arfaxade, Lude e Arã. Elão se estabeleceu a leste da Pérsia e deu origem aos elamitas, bem notável no tempo de Abraão. Assur foi o progenitor dos assírios, notáveis guerreiros e conquistadores. Arfaxade, progenitor dos semitas, caldeus, que dominaram a Mesopotâmia, sendo vizinhos de Assur, Elão e outros. O neto Eber foi progenitor dos hebreus. Lude parece que foi o pai dos lídios. Arã pai dos arameus, povo notável nos dias do reino de Israel, encontrando o seu fim político no império assírio. (Informações colhidas do livro: Povos e Nações do Mundo Antigo, Antonio Neves Mesquita, JUERP, pg. 49 e 50).

Abraão foi um dos descendentes de Sem e vivia na Mesopotâmia em Ur dos Caldeus, uma das grandes cidades do mundo antigo. Sua cidade natal era banhada pelo rio Eufrates e muito famosa por sua cultura. Era também possuidora de uma arquitetura invejável para a sua época e detentora de uma extraordinária riqueza, além de ser também famosa por suas habitações cômodas, por sua música e por sua arte. Esta cidade era o seu torrão onde prazerosamente desfrutava do feliz convívio com sua família.
Nesta terra, os amorreus, seus antecedentes chegaram e, em vez de dedicarem suas vidas ao Único e Verdadeiro Deus, se misturaram com os idólatras, trazendo para eles sérios e terríveis prejuízos espirituais.
Deus poderia começar tudo de novo destruindo mais uma vez a raça, porém, desta feita determinou em vez de destruí-la, criar para Si um novo povo.
Porém, um belo dia, aparentemente comum como todos os demais, Abrão (seu nome não havia sido mudado ainda) ouve uma voz chamando-o e dando-lhe uma ordem estranha para sair da sua terra e do meio da sua parentela e seguir para uma terra totalmente desconhecida, (Gn 12.1-3).
Embora não tivesse profunda intimidade com a voz de Deus, acatou sem titubear a determinação divina e então, resoluto e em franca obediência deixou sua civilização e saiu sem direção acompanhado de sua esposa Sara, seus pais e do seu sobrinho Ló.
A partir de então, todos eles tornar-se-iam em um povo forasteiro que viveria o restante da vida peregrinando até chegarem à região de Gósen no Egito para colonizá-lo através de Jacó e os seus descendentes.
Séculos mais tarde, o escritor aos Hebreus conseguiria captar através da inspiração do Espírito Santo como se deu este episódio: “Pela fé Abraão, sendo chamado, obedeceu, indo para um lugar que havia de receber por herança; e saiu sem saber para onde ia. Pela fé habitou na terra da promessa, como em terra alheia, morando em cabanas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa. Porque esperava a cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e construtor é Deus”, Hb 11.8-10.
Enquanto viveu em Ur dos Caldeus, Abrão, juntamente com sua família, desfrutou toda a sua infância no meio daquele povo totalmente idólatra (Obs. Js 24.14).
O chamado de Deus, porém, mudaria definitivamente a sua vida e a da sua família. Caminhando em direção à promessa preferiu a intimidade com Deus a desfrutar a glória passageira do mundo de então. Sua decisão lhe deu um nome e fez dele o “amigo de Deus” e o “pai da fé”.
Caminhando em direção à Canaã, confiado no que Deus lhe havia prometido, esperou pacientemente até que o momento aprazado chegasse culminando com o cumprimento da promessa da chegada de um filho saído de suas entranhas.
Isaque, com o passar do tempo, nasceria milagrosamente, cresceria, se faria adulto e logo estaria também casado. Da sua união com Rebeca, dois filhos encheriam de felicidade a vida do casal – Esaú e Jacó.
Já adultos, Esaú, rejeitou a benção da primogenitura, Jacó por sua vez, mais inclinado às coisas espirituais, se tornaria o herdeiro da benção familiar.
Após vinte longos anos andando por caminhos tortuosos, numa bela noite Jacó teve um encontro com Deus no Vale de Jaboque. A partir de então, passou a ser Israel, porque lutara com Deus e com os homens e prevalecera.
Continua...


Maranata. Ora Vem Senhor Jesus!
Deus abençoe a todos.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

100 ANOS DE ASSEMBLEIAS DE DEUS

Sinopse da História das Assembléias de Deus no Brasil
As Assembleias de Deus estão completando 100 anos no Brasil. Tudo começou com a vinda de dois missionários suecos que antes de chegarem ao Brasil visitaram o movimento de despertamento e avivamento espiritual da Rua Azuza em Los Angeles, EUA.  Daniel Berg e Gunnar Vingren atenderam a chamada missionária ao receberem uma revelação de Deus acerca do Pará. Porém, ambos não sabiam onde ficava. Ao pesquisarem no mapa descobriram que se tratava da região norte de nosso país. Obedecendo ao “ide” chegaram a terras brasileiras em 19 de novembro de 1910.
A princípio reuniram-se com as igrejas batistas aqui já instaladas, mas como traziam na bagagem a doutrina pentecostal do batismo no Espírito Santo com a evidência do falar em línguas e a atualidade da concessão de dons espirituais como nos tempos apostólicos, não demorou para que o Senhor Jesus começasse a batizar os membros daquela igreja que, não aceitando a nova doutrina, decidiram desligar da comunhão os crentes que se uniram aos missionários. Entre eles a irmã Celina Albuquerque, que na madrugada de 02 de junho de 1911 recebeu o batismo no Espírito Santo e falou em línguas conforme a promessa descrita no livro do profeta Joel 2 e seu cumprimento em Atos dos Apóstolos 2. Ela foi a primeira crente da igreja Batista de Belém a ser batizada. Logo outros foram batizados também. Um total de 13 membros deixou a igreja Batista em Belém do Pará para juntar-se aos missionários e fundarem em 18 de junho de 1911 a igreja Missão da Fé Apostólica.
Muitos estavam curiosos para conhecerem a nova doutrina. Houve rejeição por parte de alguns, mas muitos abraçaram a doutrina porque viam nas páginas da Bíblia a confirmação do que era pregado e ensinado pelos missionários estrangeiros. A essa altura as reuniões de oração que no início aconteciam na residência dos missionários, passaram à residência da irmã Celina de Albuquerque.
Reunidos na casa da irmã Celina, por sugestão de Gunnar Vingren, em 18 de janeiro de 1918, registrou-se a igreja Assembleia de Deus, nome que traz até hoje. Tendo origem no movimento pentecostal do início do século XX na América, as Assembleias de Deus do Brasil, cresceram nos moldes da igreja do Novo Testamento, onde os discípulos cheios do Espírito Santo levaram o Evangelho a todo o mundo.
Não muito tempo depois as Assembleias de Deus chegaram aos grandes centros urbanos das regiões Sul e Sudeste, como Porto Alegre, São Paulo e Belo Horizonte. Em 1922 chegou ao Rio de Janeiro, no bairro de São Cristóvão, e ganhou impulso com a transferência de Gunnar Vingren, de Belém, PA, em 1924, para a então capital da República.
Desde 1930, quando se realizou a primeira Convenção Geral dos pastores na cidade de Natal, RN, as Assembléias de Deus no Brasil passaram a ter autonomia interna, sendo administrada exclusivamente pelos pastores residentes no Brasil, sem, contudo perder os vínculos fraternais com a igreja na Suécia. A partir de 1936 a igreja passou a ter maior colaboração das Assembléias de Deus dos EUA através dos missionários enviados ao país, os quais se envolveram de forma mais direta com a estruturação teológica da denominação.
Em virtude de seu fenomenal crescimento, principalmente depois dos anos 90 com a criação e ação da chamada Década da Colheita, iniciativa das Assembléias de Deus, os pentecostais começaram a fazer diferença no cenário religioso brasileiro. De repente, as autoridades religiosas e seculares despertaram para uma possibilidade jamais imaginada: o Brasil poderia vir a tornar-se, no futuro, uma nação protestante. Tal possibilidade se tornou ainda mais real com a divulgação entre o final de 2006 e início de 2007 por um instituto de pesquisa de que, com vinte milhões de fiéis, o Brasil é o maior país pentecostal do mundo.
Atualmente os mesmos institutos de pesquisa apontam para uma mudança no perfil evangélico brasileiro em todos os setores da sociedade por conta da ação do Evangelho. As Assembleias de Deus estão hoje em todas as camadas da sociedade, inclusive com representantes na esfera política do Congresso Nacional. Como agente de mudança não somente espiritual, vê-se a igreja agindo em grande escala em trabalhos sociais de grande envergadura e empenhada a mudar a face do nosso país a partir do Evangelho de Jesus Cristo, tendo templos em quase todas as cidades brasileiras.
As Assembleias de Deus chegam ao seu centenário como uma igreja forte, crescente e saudável, mantendo a pureza da doutrina pentecostal  e, desafiando os especialistas em crescimento de igreja, continua expandindo-se desta feita para além das fronteiras, realizando um extraordinário trabalho missionário, tendo obreiros em quase todos os países do globo.
A Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB), presidida pelo Pr. José Wellington Bezerra da Costa, vem realizando no centenário das Assembleias de Deus solenidades cúlticas  em todas regiões do Brasil, preparando e conscientizando seus membros acerca importância da chegada dos missionários e da preservação da doutrina pentecostal em solo brasileiro.
Autor: Pr. Guedes
(Adaptado)
Fonte: CPAD, Wikipedia e Dicionário do Movimento Pentecostal