segunda-feira, 18 de abril de 2011

MUDANÇAS NAS ASSEMBLEIAS DE DEUS


Hoje se discute muito sobre o futuro das igrejas e queremos determinar como e onde adorar. Parece muito com a colocação da mulher samaritana em João 4: “Senhor, vejo que és profeta. Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar. Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a hora vem, em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus. Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade. Ou seja, o local não é o mais importante, mas o espírito da festa, do culto e da adoração.

Muitos têm escrito sobre isso e não quero afrontar o texto ou o pensamento de ninguém. Para mim a igreja nasceu em 12 de setembro de 1982, quando conheci o senhorio do Senhor Jesus. Que dia memorável! Passados 30 anos e não consigo esquecer a noite daquele dia. Cada detalhe está registrado na minha memória como se fossem imagens fresquíssimas. Por falar em memória, muitas são as lembranças daqueles tempos em que ouvia-se melhor louvor e a mensagem da Cruz era a tônica, seguida da doutrina da santificação e esperança da Vinda de Jesus. Que boas lembranças das manifestações espirituais genuínas regadas de comoção verdadeira em um universo e ambiente cheios de temor a Deus e de santa obediência por amor.

Não sou capaz de descrever o que ocorreu nos outros cerca de 70 anos passados desde 1982, mas o que ouço dos velhinhos que conheceram os missionários e os receberam em suas casas, do modo como procediam e do modo como nossa igreja cresceu é de tirar o fôlego! Quem viu e ouviu, como eu, Alcebíades Pereira Vasconcelos e Eurico Bergsten ensinando acerca da Bíblia, da Doutrina e Teologia Pentecostal sabe do que estou falando. Não é para se comparar com os “doutores” arrogantes em muitos de nossos congressos. Havia graça abundante nesses homens e havia um comprometimento que hoje não se vê facilmente. Sobejavam em carisma, unção, sabedoria e humildade.

Rejeito o rótulo de saudosista, pois tenho pregado e ensinado em diversos lugares que amo a igreja do meu tempo. É a melhor igreja de todos os tempos, pois é a minha igreja! Todavia, os dons eram mais abundantes no passado, as profecias eram verdadeiras e cumpriam-se cabalmente. Já nos primeiros dias de minha conversão, ouvia dos mais espirituais: “Haverá um tempo em que não teremos essa liberdade espiritual que temos hoje, por isso devemos aproveitar esse tempo para orar e buscar ao Senhor”. Eles estavam certos. Eu pensava que faziam referência à perseguição, mas falavam de apatia espiritual. Hoje alcançamos praticamente todo o país, somos ricos e temos uma igreja grande, forte e influente. Temos representantes em todas as esferas do poder; ótima aparelhagem de som e ótimos profissionais nessa área; templos grandes e suntuosos, com estacionamentos amplos, berçário; equipes de TV e mídia; grandes pregadores e excelentes cantores. Todavia, temos muita técnica, muitos talentos e pouquíssima inspiração. Claro que há exceções.

Tenho contato com muitas pessoas que admiram minha igreja porque foram assembleianos um dia, outro tanto que gosta dela porque seus pais são de lá, mas resolveram seguir outra igreja porque a “bléia” (expressão deles) é muito rígida e não conseguiram seguir os usos e os costumes, etc. Outros ainda saíram por conta de escândalos regionais e divisões. Que pena! Perdemos tantos membros! Muitos deles ingressaram em igrejas descompromissadas, sem um histórico doutrinário e ficaram à deriva sem saber em que crerem e muitos nem sabem explicar a razão de sua fé. Volto ao diálogo de Jesus com a samaritana: “Vós adorais o que não sabeis”. Vamos pagar por isso, aliás, já estamos pagando! Contudo, muitos outros se sentem felizes em suas novas denominações, o que devemos respeitar. E o que falar de igrejas fundadas por pastores que saíram da gloriosa Assembleia de Deus e estão crescendo com Graça?

Sim, mudamos! E poderíamos falar sobre mudanças de outras naturezas... Mas, aí teríamos que escrever um livro. 

Amo minha igreja, porém, será que está valendo a pena ser grande, rico, importante, influente e não ter o carisma de nossos pais? De fato o que me preocupa não é tanto o presente, mas o futuro dessa igreja tão abençoada! Penso que seria melhor discutirmos o que será dessa igreja nos próximos cem anos e o que poderíamos fazer com relação à Igreja de nossos filhos, as novas gerações! 

Maranata. Ora Vem Senhor Jesus!
Deus abençoe a todos.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

A TV É MEU PASTOR NADA ME FALTARÁ

Estou sem tempo para escrever, mas encontrei esse texto interessante no Blog do Pasto Flávio Constantino, um amigo da blogosfera. O autor é o Pastor Noel Jorge da Costa. Não considero a TV "a caixa do diabo" como dizem alguns e não acho que ela seja má em si mesma. Nela encontramos coisas boas e ruins. Cabe a nós escolhermos nossa programação, por isso aquela pecinha que temos nas mãos,  quando assistimos, chama-se controle. Na minha casa não assistimos novelas, BBB's, filmes de violência, terror ou imoralidade. Meu filho não assiste a qualquer desenho ou compra qualquer dvd para vídeo game. Temos critérios para o uso do aparelho. Cada um sabe o que é melhor para sua vida. Todavia, o texto que segue nos abre os olhos para uma realidade que teimamos em não ver. Talvez não seja seu caso, mas será que você conhece alguém assim? Boa leitura.

A TV É MEU PASTOR 


1. O televisor é o meu pastor e tudo me faltará.

• Me faltará tempo – para ler a Bíblia e para orar; para brincar com meus filhos e ler para eles; para conversar com a minha família; para ter comunhão com meus irmãos e amigos.

• Me faltará esperança – porque os noticiários me encherão de medo do futuro.

• Me faltará amor – porque a violência do meu semelhante vai me incentivar a odiá-lo.

• Me faltará fé – porque a minha mente estará alimentada por sentimentos de derrota, e os meus pensamentos estarão alimentados pelas circunstâncias.


2. Ele me induz a deitar-me sobre a poltrona da acomodação.

• E eu fico preso, horas por dia, aos seus ensinamentos amaldiçoados.

• Quando volto do trabalho, prefiro estar com ele a estar com a minha família, a visitar alguém, a ler ou a conversar.

• Acho difícil me concentrar em reuniões da Igreja (são muito demoradas e maçantes), enquanto que diante da TV não vejo o tempo passar.

• Enquanto o mundo “acontece” diante dos meus olhos, meu tempo de servir a Deus se escoa pelos esgotos imundos.


3. Ele me leva a beber águas poluídas e contaminadas.

• Medito o dia inteiro no que vejo na TV – na injustiça, na pornografia, na violência, na corrupção, na crueldade.

• Vivo entorpecido pelo engano do diabo, pelo pecado, pelo mundanismo e pela minha própria carnalidade.

• Quando não tenho tempo de estar com o meu televisor, sinto saudades dele.


4. Minh’alma vive em tormento.

• Não consigo viver por fé no que Deus promete, se o que “vejo” é tão contrário ao que a Palavra de Deus me diz.

• Passo meus dias preocupado – com o futuro, com o dinheiro, com o suprimento.

• Nem durmo bem à noite, nas poucas horas que o televisor me autoriza a dormir!


5. Guia-me pelos caminhos do pecado.

• Ele apaga da minha mente o sentido da palavra santidade.

• A porta larga é o caminho que estou escolhendo seguir porque acho o caminho estreito de Jesus algo ridículo (e intangível).


6. Ainda que eu visite a Igreja ou leia a Bíblia de vez em quando, mesmo assim, vivo cheio de medo.

• Tenho medo de perder a saúde, o emprego, o dinheiro, a família.

• Tenho medo de ser diminuído, desconsiderado, humilhado, criticado.

• Tenho medo do dia de amanhã.

• Tenho medo da vida; tenho medo da morte.


7. Porque não consigo desligar o meu televisor...

• Todo primeiro dia do ano prometo a mim mesmo, que vou começar uma vida nova – com mais compromisso e responsabilidade pelo encargo de Deus.

• Meu televisor não me permite cumprir as minhas promessas.


8.O seu domínio me atormenta.

• Se agendo um compromisso, quando “converso” com meu televisor, ele me convence a esquecê-lo, em favor de uma de suas programações convincentes.

• Invento qualquer desculpa para não perder nenhum capítulo dos seus seriados“picantes”.

• Novelas me atraem, filmes me atraem, programas de humor me atraem, noticiários me atraem, programas de auditório me atraem.

• E essa atração me domina completamente.

• Estou praticando a mentira!


9. Quando me defronto com os meus inimigos, sinto-me impotente – e fujo deles correndo!

• Não prego o Evangelho para ninguém, porque sinto vergonha de falar de algo tão “fora da realidade” como a Palavra de Deus.

• Não sou capaz de orar por um enfermo. Afinal, se ele não for curado – como ficará a minha reputação? Mesmo porque, também não acredito que possa sê-lo!

• Se vejo alguém com problemas, eu me calo. Afinal, não consigo vencer nem as minhas próprias lutas...; o que poderia falar a outros?


10. A unção de Deus me falta.

• Se vou orar, não tenho assunto com Deus.

• Tenho facilidade para reclamar e não encontro motivos para louvar a Deus.

• Se passo por dificuldades, vejo milhões de gigantes, e me escondo de Deus.

• Eu poderia chorar diante de Deus, mas me faltam lágrimas.

• Não posso ajudar a ninguém, visto que também preciso sempre de ajuda.

• Eu moro em um deserto e estou completamente seco.


11. Imoralidade, violência e vaidade certamente me seguirão todos os dias da minha vida...

• Não sei o que posso fazer para mudar o curso da minha vida.

• Desligar o meu televisor não posso – não conseguiria viver sem diversão e entretenimento.

• Sinto que o meu futuro será como o presente: cheio de desânimo, incredulidade, resistências espirituais, maldições não quebradas e derrotas.

• Minha “mesa” estará farta de comida podre – recheada de fezes!


12. ...e ficarei longe do Reino do Senhor, padecendo horrores na tribulação longe da Casa do Senhor.

• Não tenho motivação para fazer nada que corte a entrada do mundo, do pecado e dos conselhos de Satanás em minha casa.

• Meu futuro está garantido longe do Reino. Mas isso não importa..., afinal, estou salvo.

• Devo confessar essa palavra, crendo que sucederá: - O Reino virá, mas eu não farei parte dele, porque Deus disse que ele é para os crentes vencedores e eu sou um derrotado!


Queridos, não sou contra a televisão, muito pelo contrário acredito piamente que a televisão é uma dádiva de Deus, porém quem está no controle é o deus deste século (satanás), por isso, te desafio para que o Senhor seja o nosso PASTOR.


Fonte: Blog do Pastor Flávio Constantino
Autor: Pastor Noel Jorge da Costa



Maranata. Ora Vem Senhor Jesus!
Deus abençoe a todos.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

A CARTA DO INFERNO

Amados, estamos todos de luto pela tragédia que abalou a cidade do Rio de Janeiro nesta manhã. O que mais me preocupa é o desfecho desse triste episódio com o assassinato de onze crianças inocentes e saber que esse crime foi fruto do absurdo fanatismo religioso. A carta acima, supostamente deixada pelo assassino, aponta para um crime de fundo religioso, de alguém que nunca compreendeu o Evangelho de Jesus e que nunca teve um encontro com Deus. Em  entrevista à Rede Bandeirantes, a irmã mais velha do adotivo Wellington, disse que sua mãe era seguidora da intransigente seita As Testemunha de Jeová e embora tenha sido ventilado na imprensa que o agora morto fosse fundamentalista islâmico, o conteúdo da carta (se for verdadeira) revela um sentimento cristão (e islâmico?) fanático de alguém que segundo se apurou era introvertido, morava só, não tinha amigos, não saía de casa e nem da internet.

Escrita ou não por Wellington, essa carta revela a insanidade de uma mente religiosa confusa que se deixa levar pelo fanatismo e pelas imposições do aspecto mais terrível das religiões: o  fundamentalismo intolerante em nome da pureza exclusivista para a salvação. Esse lado tenebroso da religião é o oposto do amor pregado por Jesus e fomenta o ódio entre os homens. Ricardo Gondim Rodrigues disse acertadamente certa vez que a religião, ao contrário do verdadeiro cristianismo, adestra e não transforma vidas. Isso, digo eu, dá-se por conta de religiosos verem Deus como alguém que só lhe dará os céus se os tais executarem ao pé da letra o que suas lideranças doentias ordenam (e não a Palavra) ou o que se lhes impõem distorcidamente como condicionamento para canalização da "bênção". 

Estamos vivendo dias difíceis e precisamos comunicar ao mundo o Deus bondoso em nossas igrejas e afastar de uma vez por todas de nossos púlpitos a ideia medieval de um Deus intolerante, vingativo, terrivelmente obcecado pela santificação extrema de seu povo e desejoso de abençoar somente um pequeno e insignificante número de escolhidos (eleitos). Não estou negando que Deus seja santo e deseje a santidade de seus filhos, mas apelando para o Evangelho que apresenta a Graça como ela é: superabundante, maravilhosa, flexível, abrangente e assumidamente amorosa ao contrário de incutir na mente de pessoas no mundo inteiro que Deus está irado e quer explodir o planeta a qualquer momento. A ira divina ainda está para se manifestar na Grande Tribulação e seus juízos no Apocalipse, mas as religiões e os religiosos fanáticos desprovidos de amor, têm antecipado esses eventos escatológicos para nossa realidade presente. A escatologia, mesmo a do apocalipse bíblico, precisa ser vista como um sinal de esperança para o povo de Deus através da iminente vinda do Senhor Jesus e para o mundo através da instauração do milenio, reino de justiça e paz!

Tenho dois filhos pequenos e não gostaria de vê-los alvejados por balas enquanto estão na sala de aula. Que Deus tenha misericórdia dos pais enlutados e console suas vidas. Que Deus tenha misericórdia de nós!

Ps. Não descarto a possibilidade de terrorismo religioso como aventado no comentário da minha amiga Rô.

Maranata. Ora Vem Senhor Jesus!
Deus abençoe a todos.


terça-feira, 5 de abril de 2011

RESPOSTA À TEOLOGIA DE MARCOS FELICIANO

Mapa apontando o domínio mercantilista no continente africano


A MALDIÇÃO SOBRE CANAÃ

Gn. 10.6: E os filhos de Cão são: Cuxe, Mizraim, Pute e Canaã.

Gn. 10.15-19: E Canaã gerou a Sidom, seu primogênito, e a Hete; e ao jebuseu, ao amorreu, ao girgaseu, e ao heveu, ao arqueu, ao sineu, e ao arvadeu, ao zemareu, e ao hamateu, e depois se espalharam as famílias dos cananeus. E foi o termo dos cananeus desde Sidom, indo para Gerar, até Gaza; indo para Sodoma e Gomorra, Admá e Zeboim, até Lasa.

Prezados Amigos e Irmãos, dada a repercussão da fala do nobre deputado Marcos Feliciano e sua teologia ultrapassada, não dele propriamente, mas uma teologia que recebeu, comprometida com os grandes impérios e reinos do passado, e que durante séculos foi usada para explicar os abusos do mercantilismo e justificar a tirania dos povos europeus sobre as nações africanas, resolvi publicar esse estudo e pormenorizar alguns aspectos esquecidos pelos hermeneutas que seguem a linha felicianista.
  
Há muitas interpretações acerca do por que da maldição de Noé sobre o seu neto Canaã e dentre elas há a sugestão de que ele foi amaldiçoado por conta de um ato homossexual de seu pai Cam. Todavia, não vejo base escriturística para isso, portanto, gostaria de começar discorrendo sobre o fato de Noé não poder amaldiçoar o próprio filho. Diz a Bíblia que, ao saírem da arca, Deus abençoou os que foram salvos: “E abençoou Deus a Noé e seus filhos, e disse-lhes: Frutificai e multiplicai-vos e enchei a terra” (Gn. 9.1), logo, vemos aqui um princípio espiritual que, de acordo com Nm. 23.8 e 20 (“Como amaldiçoarei o que Deus não amaldiçoa? E como denunciarei, quando o SENHOR não denuncia? Eis que recebi mandado de abençoar; pois ele tem abençoado, e eu não posso revogar”), entendemos, por inferência, que Noé também não poderia amaldiçoar Cam. E o que dizer de Genesis 12.2,3 “E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra.

Vemos dentro desse contexto que quando as Escrituras versam sobre a maldição de Canaã, estão preocupadas em justificar, dentro de um processo histórico, o juízo de Deus sobre os povos que habitavam a Palestina naqueles dias. Vejamos o que Deus diz a Abraão em Gn. 15.13-16: “Então disse a Abrão: Sabes, de certo, que peregrina será a tua descendência em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos, mas também eu julgarei a nação, à qual ela tem de servir, e depois sairá com grande riqueza. E tu irás a teus pais em paz; em boa velhice serás sepultado. E a quarta geração tornará para cá; porque a medida da injustiça dos amorreus não está ainda cheia (Almeida Revista e Corrigida Fiel). Uma geração, dada a longevidade dos contemporâneos de Abraão, correspondia a cem anos. O pai da fé viveu entre 2000 e 1900 e a quarta geração depois dele aponta para os dias do nascimento de Moisés (1520 a.C. seguindo a genealogia do Bispo James Usher) e de Josué e Calebe. Depois de servir aos faraós por 400 anos (quatro gerações) Israel deixa o Egito. Na realidade temos aqui um aspecto da paciência e longanimidade de Deus para com esses povos, dando tempo para seu arrependimento. Alguém poderia perguntar: “Como Deus pode ter sido longânimo para com esses povos se Ele não tinha nenhuma testemunha entre os cananeus para admoestá-los?” A resposta é que Deus tinha sim. Havia um sacerdote chamado Melquisedeque, na verdade um rei, um rei-sacerdote, figura enigmática, sem genealogia (segundo o autor aos Hebreus e que representa um tipo do Senhor Jesus) que quando Abraão venceu uma batalha para libertar seu sobrinho Ló, foi ao seu encontro levando pão e vinho para celebrar a vida e a justiça.

Quando os filhos de Israel tomaram Canaã, além de Deus cumprir a promessa aos patriarcas, estava também julgando o povo cananeu e seus descendentes que habitavam a terra prometida (hoje Palestina) por todos seus atos e cultos desumanos que praticaram durante séculos sem demonstrar arrependimento ou conversão ao Deus de seus pais, seus antepassados, apesar do efetivo sacerdócio de Melquisedeque, personagem histórico.

A arqueologia comprova que a destruição de Jericó e de outros termos dos reinos que Josué venceu foram resultado de uma grande investida militar sem precedentes nessa região.  Teólogos defendem que o modo como a geração de Josué e Calebe e seus exércitos devastaram a terra de Canaã só pode ter sido fruto de um juízo divino anunciado.

Portanto, dizer que o acontece na África é fruto da maldição de Noé sobre seu neto Canaã, é desconhecer a geografia antiga e a história recente quando ingleses e franceses, portugueses e holandeses extraíram as riquezas minerais desse continente e os submeteram à servidão, impondo mão de obra escrava, inclusive vendendo seus habitantes como moeda de troca, sem fornecerem a menor infra-estrutura para que evoluíssem como povo ou nação. Sequer ofereceram uma religião que os tirassem do animismo, da feitiçaria, da bruxaria, etc., e desse a eles um mínimo de dignidade, deixando o continente abandonado, pobre e vilipendiado. A maldição sobre os africanos se estabeleceu pelo abuso de poder dos países europeus (ditos cristãos) que para aumentar seus territórios e implantar o Estado Moderno, sobretaxou as colônias e negaram a elas um mínimo de infra-estrutura, levando suas riquezas e deixando-os cada vez mais pobres.

Maranata. Ora Vem Senhor Jesus!
Deus abençoe a todos.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

OS AFRICANOS SÃO MALDITOS?

O Pastor e Deputado Federal Marcos Feliciano

Não votei em Marcos Feliciano, mas não imaginei que o nobre deputado levaria suas "pregações e estudos" para o parlamento, contudo, alguma coisa me dizia que o nosso irmão, que é uma "celebridade" e está longe de ser um intelectual ou doutor em teologia como pretende, faria alguma coisa espalhafatosa, bem ao seu estilo! Aliás, estamos bem de parlamentares: Tiririca (que anda bem comportado), Bolsanaro, defendendo a ditadura militar e a tortura, Jean Wyllys, aliado de Marta Suplicy, que comprou briga direta com as igrejas (tinha que ter um alvo para atirar), entre outros, estão protagonizando um dos piores níveis do debate parlamentar na história da política brasileira. Além do mais, nosso representante está sendo acusado de ficar horas no twitter às custas do contribuinte, enquanto deveria estar trabalhando para elaborar e votar leis. Quero afirmar claramente que não comungo com o pensamento do pastor Marco Feliciano e por isso resolvi publicar o post abaixo. O texto a seguir é do meu amigo Gutierres, do Teologia Pentecostal.

Por Gustavo Gutierres

O pastor-cantor-vendedor-apresentador e deputado Marco Feliciano andou bem ativo nos últimos dias no Twitter. Depois de “amaldiçoar” aqueles que discordam dele, ele resolveu teologar. E quando Marco Feliciano resolve fazer teologia saí de baixo que lá vem coisa! Leia as duas mensagens abaixo:

Africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé. Isso é fato. O motivo da maldição é a polemica. Não sejam irresponsáveis twitters rsss (sic)

A maldição q Noe lança sobre seu neto, canaã, respinga sobre continente africano, dai a fome, pestes, doenças, guerras étnicas! (sic)

Feliciano lê a Bíblia como eu lia o gibi da Turma da Mônica. A interpretação de Gênesis 9.25 é risível e trágica. Durante anos tal texto foi usado para justificar a escravidão, assim como Mateus 27.25 foi usado para justificar o anti-semitismo.

Veja, por exemplo, o comentário do texto pelo erudito inglês Frank Derek Kidner, que foi professor de Antigo Testamento em Cambridge:

O fato de que a maldição recaiu sobre Canaã, o filho mais novo do ofensor (Gn 10.6), que também era o filho mais novo, salienta sua referência à sucessão de Cão, em vez de à sua pessoa. Por sua violação da família, a sua própria família iria fracassar. Portanto, desde que isto limita a maldição a este único ramo dentre os camitas, aqueles que julgam que os povos camitas em geral estão condenados à inferioridade entenderam mal tanto o Velho como o Novo Testamento. Também é provável que o domínio de Israel sobre os cananeus tenha cumprido suficientemente oráculo (cf. Js 9.23; 1 Rs 9.21). [DEREK, Kidner. Gênesis: Introdução e Comentário. 1 ed. São Paulo: Edições Vida Nova. p 97.]

Ou seja, era uma maldição bem específica sobre aquela família. O motivo de tal maldição é uma questão em aberto, já que o pecado foi cometido por Cam, o pai de Canaã. E no que consistia essa maldição? Ora, era a submissão de Canaã pelos filhos de Sem. No reinado de Saul e Davi, por exemplo, Israel dominou a terra de Canaã, assim como Josué na era dos juízes.

Além de teologia e interpretação bíblica, o nobre deputado carece de geografia bíblica. Mesmo seguindo o raciocínio brilhante dele, não há nenhum nexo:

Cam (ou Cão) gerou Cuxe, Mizraim, Pute e Canaã (Gn 10.6). Segundo o relato bíblico a maldição caiu somente sobre Canaã. Onde Canaã e os seus descendentes habitaram? Na Arábia e na Mesopotâmia e não na África. Ora, fora os demais filhos de Cam que habitaram no norte do continente africano. Mesmo seguindo o raciocínio absurdo do Feliciano, como se essa maldição fosse eterna, hoje tal “maldição” estaria bem fora da África. E os descendentes de Canaã, segundo a arqueologia, não eram negros e sim brancos.

Não generalizem

Há uns “pensadores” por aí que julgam todos os evangélicos pela mentalidade fértil do Marco Feliciano. Sou da mesma denominação do referido pastor, mas não aceito suas declarações absurdas. Aliás, desde sempre via barbaridades em suas pregações. Não só eu, bastar ir no Facebook e no Twitter de muitos crentes para ver a mesma indignação. Portanto, nada de generalizações.

Infelizmente, há um público cativo, que verdadeiramente idolatra o pastor Feliciano. Há até quem imita suas orações e depois reproduzem isso nos cultos. Eu já vi isso. Eu já vi também um que imitava a roupa e rodada de 360 graus no púlpito, que Feliciano costuma fazer nas suas pregações de autoajuda.


Pelas bobagens ditas, agora ele virou assunto na imprensa: http://blogs.estadao.com.br/radar-politico/2011/03/31/via-twitter-outro-deputado-faz-comentarios-contra-a-gays-e-africanos/

Maranata. Ora Vem Senhor Jesus!
Deus abençoe a todos.

terça-feira, 29 de março de 2011

A MORTE DO ISAÍAS E A TEOLOGIA DO GONDIM

Deus está no controle (Isaías 40.21-24)

Há pouco mais de uma semana, estive no velório de um jovem senhor. Já deveria ter escrito esse texto, mas por respeito à dor de sua família, resolvi aguardar. Com 26 anos de idade e casado havia apenas quatro meses, o filho do irmão Roberto, faleceu de modo trágico e inesperado. Foi grande a comoção em nossa igreja na Lapa. Por ocasião da cerimônia fúnebre percebi que o pai cantava os hinos e, fechando os olhos, levantava as mãos adorando a Deus. Em meio a dor, a família enlutada mesclava o silêncio angustiante com o louvor esperançoso de que um dia verão seu ente querido outra vez, como dizem as Escrituras, entregando tudo nas mãos de Deus.

Nesse ínterim deparei-me na internet, nos blogs de amigos, no twiter e em emails que me enviaram com os questionamentos do Sr. Ricardo Gondim, pastor da Assembleia de Deus Betesda, homem que aprendi a admirar no passado, justamente por sua defesa à ortodoxia cristã. Todavia, começo a notar que a insistência do referido pastor em criticar os pilares da fé ortodoxa, está indo além dos limites, uma vez que chegou mesmo a dizer que um Deus que intervém, mas que não pode fazer nada contra as tragédias humanas, não é um Deus, mas um demônio.

No Cemitério do Jaraguá pude ver pessoas simples, crentes comuns, que nunca ouviram falar de Clark Pinnock ou Teologia Relacional, Teologia do Processo, Ricardo Gondim ou René Kivtz, tampouco leram os argumentos da abertura do teísmo ou conhecem as obras de Calvino, Lutero ou Armínio. Todavia, cantavam ao Deus Soberano e louvavam a Deus sem perguntarem: “Por que Deus não pode evitar” ou “Onde estava Deus nessa hora?” ou ainda: “Deus poderia ou não evitar a morte do Isaías?” Um pastor amigo que ficou até o final, disse-me que, enquanto o corpo era sepultado pelos funcionários do cemitério, o pai fez um discurso emocionado e deu glória a Deus, citando Jó: “Deus deu e Deus tirou, bendito seja o nome do Senhor!”. Todos choravam, mas ninguém questionava se Deus podia ou não impedir, se estava ou não no controle, se estava na vida dele ou ao lado deles, a família.

Ricardo Gondim Rodrigues cai cada vez mais em meu conceito e no conceito dos evangélicos de um modo geral com suas heresias acerca da Soberania e Onisciência de Deus. Ora, senhor Gondim, chamar o Deus da ortodoxia, que o senhor tanto defendeu, de “demônio” é ir longe demais. Começo a creditar no que o senhor Caio Fábio falou recentemente em vídeo sobre sua bipolaridade (do Gondim): ora agindo (ou agia) de acordo com o "pentecostalismo adoecido" do Jimmy Swarggatt, ora como personagem que pretende figurar na elite pensante evangélica, inclusive defendendo a Verdade através da beleza estética na escrita. Disse mais o senhor Caio: “Ele pensa que pensa, mas é raso como uma praia sem águas”.

Não ignoro (como disse o reverendo Valdir do Espírito Santo, um amigo, que como eu, conheceu o Ricardo de outrora), que ele tenha se machucado na lida e esteja indignado com tudo que viu em igrejas ou convenções, mas nada justifica suas palavras insensatas e cegas. Deveria medir suas expressões ao se dirigir ao Deus que antes defendia. Holocaustos, tsunamis, tragédias nacionais ou individuais sempre existiram e ainda existirão, e podem se abater sobre  nós no Brasil ou sobre nossa família, porém isso não muda a minha convicção de que há um Deus Soberano que tem o controle sobre todas as coisas, que está escrevendo a história e não perde o controle por nada, apesar do Open Theism.

Oro para que o Deus Amoroso, o Pai Bondoso, Criador dos céus e da terra, Onipotente, Onisciente, Onipresente, Transcendente e Imanente, Infinito, Imutável, Eterno, Único Senhor Soberano, que tem o controle sobre todas as coisas nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, dê descanso ao Isaías, console a sua família e tenha misericórdia do Gondim, dando tempo para arrepender-se.

Maranata. Ora Vem Senhor Jesus!
Deus abençoe a todos. 

sexta-feira, 18 de março de 2011

UM NOVO DEUS NO MERCADO

Teologia Relacional: um novo deus no mercado

As ondas gigantes que provocaram a tremenda catástrofe na Ásia no final de dezembro de 2004 afetaram também os arraiais evangélicos, levantando perguntas acerca de Deus, seu caráter, seu poder, seu conhecimento, seus sentimentos e seu relacionamento com o mundo e as pessoas diante de tragédias como aquela. Dentre as diferentes respostas a essas perguntas, uma chama a atenção pela ousadia de suas afirmações: Deus sofreu muito com a tragédia e certamente não a havia determinado ou previsto; ele simplesmente não pôde evitá-la, pois Deus não conhece o futuro, não controla ou guia a história, e não tem poder para fazer aquilo que gostaria. Esta é a concepção de Deus defendida por um movimento teológico conhecido como teologia relacional, ou ainda, teísmo aberto ou teologia da abertura de Deus.
A teologia relacional, como movimento, teve início em décadas recentes, embora seus conceitos sejam bem antigos. Ela ganhou popularidade por meio de escritores norte-americanos como Greg Boyd, John Sanders e Clark Pinnock. No Brasil, estas idéias têm sido assimiladas e difundidas por alguns líderes evangélicos, às vezes de forma aberta e explícita.
A teologia relacional considera a concepção tradicional de Deus como inadequada, ultrapassada e insuficiente para explicar a realidade, especialmente catástrofes como o tsunami de dezembro de 2004, e se apresenta como uma nova visão sobre Deus e sua maneira de se relacionar com a criação. Seus pontos principais podem ser resumidos desta forma:
1. O atributo mais importante de Deus é o amor. Todos os demais estão subordinados a este. Isto significa que Deus é sensível e se comove com os dramas de suas criaturas.
2. Deus não é soberano. Só pode haver real relacionamento entre Deus e suas criaturas se estas tiverem, de fato, capacidade e liberdade para cooperarem ou contrariarem os desígnios últimos de Deus. Deus abriu mão de sua soberania para que isto ocorresse. Portanto, ele é incapaz de realizar tudo o que deseja, como impedir tragédias e erradicar o mal. Contudo, ele acaba se adequando às decisões humanas e, ao final, vai obter seus objetivos eternos, pois redesenha a história de acordo com estas decisões.
3. Deus ignora o futuro, pois ele vive no tempo, e não fora dele. Ele aprende com o passar do tempo. O futuro é determinado pela combinação do que Deus e suas criaturas decidem fazer. Neste sentido, o futuro inexiste, pois os seres humanos são absolutamente livres para decidir o que quiserem e Deus não sabe antecipadamente que decisão uma determinada pessoa haverá de tomar num determinado momento.
4. Deus se arrisca. Ao criar seres racionais livres, Deus estava se arriscando, pois não sabia qual seria a decisão dos anjos e de Adão e Eva. E continua a se arriscar diariamente. Deus corre riscos porque ama suas criaturas, respeita a liberdade delas e deseja relacionar-se com elas de forma significativa.
5. Deus é vulnerável. Ele é passível de sofrimento e de erros em seus conselhos e orientações. Em seu relacionamento com o homem, seus planos podem ser frustrados. Ele se frustra e expressa esta frustração quando os seres humanos não fazem o que ele gostaria.
6. Deus muda. Ele é imutável apenas em sua essência, mas muda de planos e até mesmo se arrepende de decisões tomadas. Ele muda de acordo com as decisões de suas criaturas, ao reagir a elas. Os textos bíblicos que falam do arrependimento de Deus não devem ser interpretados de forma figurada. Eles expressam o que realmente acontece com Deus.
Estes conceitos sobre Deus decorrem da lógica adotada pela teologia relacional quanto ao conceito da liberdade plena do homem, que é o ponto doutrinário central da sua estrutura, a sua “menina dos olhos”. De acordo com a teologia relacional, para que o homem tenha realmente pleno livre arbítrio suas decisões não podem sofrer qualquer tipo de influência externa ou interna. Portanto, Deus não pode ter decretado estas decisões e nem mesmo tê-las conhecido antecipadamente. Desta forma, a teologia relacional rejeita não somente o conceito de que Deus preordenou todas as coisas (calvinismo) como também o conceito de que Deus sabe todas as coisas antecipadamente (arminianismo tradicional). Neste sentido, o assunto deve ser entendido, não como uma discussão entre calvinistas e arminianos, mas destes dois contra a teologia relacional. Vários líderes calvinistas e arminianos no âmbito mundial têm considerado esta visão da teologia relacional como alheia ao cristianismo.
A teologia relacional traz um forte apelo a alguns evangélicos, pois diz que Deus está mais próximo de nós e se relaciona mais significativamente conosco do que tem sido apresentado pela teologia tradicional. Segundo os teólogos relacionais, o cristianismo histórico tem apresentado um Deus impassível, que não se sensibiliza com os dramas de suas criaturas. A teologia relacional, por sua vez, pretende apresentar um Deus mais humano, que constrói o futuro mediante o relacionamento com suas criaturas. Os seres humanos são, dessa forma, co-participantes com Deus na construção do futuro, podendo, na verdade, determiná-lo por suas atitudes.
Contudo, a teologia relacional não é novidade. Ela tem raízes em conceitos antigos de filósofos gregos, no socinianismo (que negava exatamente que Deus conhecia o futuro, pois atos livres não podem ser preditos) e especialmente em ideologias modernas, como a teologia do processo. O que ela tem de novo é que virou um movimento teológico composto de escritores e teólogos que se uniram em torno dos pontos comuns e estão dispostos a persuadir a igreja cristã a abandonar seu conceito tradicional de Deus e a convencê-la que esta “nova” visão de Deus é evangélica e bíblica.
Mesmo tendo surgido como uma reação a uma possível ênfase exagerada na impassividade e transcendência de Deus, a teologia relacional acaba sendo um problema para a igreja evangélica, especialmente em seu conceito sobre Deus. Embora os evangélicos tenham divergências profundas em algumas questões, reformados, arminianos, wesleyanos, pentecostais, tradicionais, neopentecostais e outros, todos concordam, no mínimo, que Deus conhece todas as coisas, que é onipotente e soberano. Entretanto, o Deus da teologia relacional é totalmente diferente daquele da teologia cristã. Não se pode afirmar que os adeptos da teologia relacional não são cristãos, mas que o conceito que eles têm de Deus é, no mínimo, estranho ao cristianismo histórico.
Ao declarar que o atributo mais importante de Deus é o amor, a teologia relacional perde o equilíbrio entre as qualidades de Deus apresentadas na Bíblia, dentre as quais o amor é apenas uma delas. Ao dizer que Deus ignora o futuro, é vulnerável e mutável, deixa sem explicação adequada dezenas de passagens bíblicas que falam da soberania, do senhorio, da onipotência e da onisciência de Deus (Is 46.10a; Jó 28; Jó 42.2; Sl 90; Sl 139; Rm 8.29; Ef 1; Tg 1.17; Ml 3.6; Gn 17.1 etc). Ao dizer que Deus não sabia qual a decisão de Adão e Eva no Éden, e que mesmo assim arriscou-se em criá-los com livre arbítrio, a teologia relacional o transforma num ser irresponsável. Ao falar do homem como co-construtor de Deus de um futuro que inexiste, a teologia relacional esquece tudo o que a Bíblia ensina sobre a queda e a corrupção do homem. Ao fim, parece-nos que na tentativa extrema de resguardar a plena liberdade do arbítrio humano, a teologia relacional está disposta a sacrificar a divindade de Deus. Ao limitar sua soberania e seu pleno conhecimento, entroniza o homem livre, todo-poderoso, no trono do universo, e desta forma, deixa-nos o desespero como única alternativa diante das tragédias e catástrofes deste mundo e o ceticismo como única atitude diante da realidade do mal no universo, roubando-nos o final feliz prometido na Bíblia. Pois, afinal, poderá este Deus ignorante, fraco, mutável, vulnerável e limitado cumprir tudo o que prometeu?
Com certeza a visão tradicional de Deus adotada pelo cristianismo histórico por séculos não é capaz de responder exaustivamente a todos os questionamentos sobre o ser e os planos de Deus. Ela própria é a primeira a admitir este ponto. Contudo, é preferível permanecer com perguntas não respondidas a aceitar respostas que contrariem conceitos claros das Escrituras. Como já havia declarado Jó há milênios (42.2,3): “Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado. Quem é aquele, como disseste, que sem conhecimento encobre o conselho? Na verdade, falei do que não entendia; cousas maravilhosas demais para mim, coisas que eu não conhecia.”
Fonte: Revista Ultimato