quarta-feira, 24 de março de 2010

TEOLOGIA CONTEMPORÂNEA PARA INICIANTES (PARTE I)

Renne Descartes
Tendo como ponto de partida a universalidade da razão, Descartes identificou duas faculdades do intelecto: a intuição e a dedução. Pela primeira, temos idéias claras, porém simples. Através da segunda, descobrimos conjuntos de verdades ordenadas racionalmente.
Segundo Descartes, devemos desconfiar das percepções sensoriais, responsabilizando-as pelos frequentes erros do conhecimento humano, o verdadeiro conhecimento das coisas externas só pode ser conseguido através do trabalho lógico da mente.
Suas idéias se resumem em uma frase: “Tudo o que percebo muito claro e distintamente é verdadeiro”.
As principais doutrinas de Descartes são as seguintes:
a) Existe um Ser superior que controla a natureza e existe por si mesmo, não precisando de outro para existir.
b) A alma não é o princípio da vida, mas a consciência.
c) Certas idéias são inatas na mente, sem serem derivadas da experiência.
d) Não se pode confiar plenamente no valor do conhecimento (epistemologia), com suas perguntas: Como sei? Como posso estar certo?

Em resumo, o Cartesianismo afirma que, para conhecermos a verdade, é preciso, de início, colocar todos os nossos conhecimentos em dúvida, questionando tudo para, criteriosamente, analisarmos se, de fato, existe algo na realidade de que possamos ter plena certeza. O Cartesianismo influenciou grandemente a filosofia moderna, que, por sua vez, influenciou a teologia.

O Iluminismo
O Iluminismo nasceu dentro de um espírito de otimismo ideológico que buscava solução para os problemas da humanidade através da razão. Foi nessa busca que surgiu o iluminismo como resposta a todas as perguntas do homem daquele tempo. Enquanto o Renascimento inspirou-se no passado e retornou aos antigos, o Iluminismo vislumbrou um futuro glorioso que seria construído a partir do presente. A humanidade alcançaria um progresso jamais visto e as gerações seguintes seriam ainda mais prósperas. O homem era o centro, o ser humano seria capaz de construir um mundo melhor, mais feliz, mais próspero, mais... Deus estava fora do primeiro plano. Com a influência de Descartes, no passado, o pensamento iluminista, via-se cada vez mais próximo da ciência e disposto a levar tudo ao crivo da razão. Por conta disso havia uma tendência a desprezar o sobrenatural, o milagre e a intervenção divina, agora a razão, a ciência tinha resposta para tudo. Os iluministas não eram ateus, muitos deles eram cristãos muito fiéis aos princípios cristãos.

Kant
Immanuel Kant (1724-1804), filósofo alemão, constitui um marco na história do pensamento contemporâneo. As idéias de Kant frutificaram com tamanha força que seu pensamento foi comparado ao de Sócrates. Após 12 anos da publicação de sua obra Crítica da Razão Pura, mais de duzentos livros foram escritos sobre sua filosofia.
Kant distingue duas formas básicas do ato de conhecer:
- O conhecimento empírico (a posteriori) - aquele que se refere aos dados fornecidos pelos sentidos.
- O conhecimento puro (a priori) - aquele que não depende de quaisquer dados dos sentidos. Nasce puramente de uma operação racional.

Na prática, Kant seguiu os princípios filosóficos de Descartes, tornando-os mais sofisticados. Seus principais conceitos são:
- As várias provas da existência de Deus: teologia, cosmologia, ontologia - parte da metafísica que estuda o ser em geral e suas propriedades transcendentais. Ou seja, a experiência prova a existência de Deus, haja vista existirem em toda parte sinais de ordem e propósito realizados com grande sabedoria.
- Há uma contradição fundamental no homem: embora orientado para o bem, tem, de fato, uma inclinação para o mal.

Hegel
George Hegel (1770-1831), filósofo alemão, cursou durante cinco anos o seminário protestante de Tubingen, preparando-se para a carreira eclesiástica. Ao deixar o seminário, afastou-se da religião e produziu muitos trabalhos que refletem a influência do racionalismo de Kant. Para Hegel, o objetivo da religião é o mesmo da filosofia: conhecer a Deus.
A unidade da escola hegeliana foi desfeita após sua morre, surgindo o Hegelianismo de direita e o de esquerda: A direita reduziu o Hegelianismo à afirmação do Deus pessoal e da mortalidade da alma.
Na esquerda, destacou-se David Friedrich Strauss (1808- 1874), famoso, teólogo radicalmente critico, que, em sua obra “A Antiga e a Nova Fé”, ataca o Novo Testamento, aceita a teoria da evolução e reduz a Pessoa de Jesus a um mero homem. Nas obras de Strauss não há lugar para o sobrenatural. Jesus é uma figura meramente histórica.


Maranata. Ora Vem Senhor Jesus.
Deus abençoe a todos.

quinta-feira, 11 de março de 2010

TEOLOGIA CONTEMPORÂNEA PARA INICIANTES (INTRODUÇÃO)

Teologia Contemporânea é o estudo de Deus contextualizado com o nosso tempo e a evolução dos dogmas e dos pensamentos formados a respeito das doutrinas bíblicas frente aos desafios de nossos dias. A Teologia segue a História e, pelo menos historicamente, subdivide-se tal qual os períodos conhecidos. Para conhecermos melhor, devemos vasculhar na história da Teologia os fundamentos da Teologia Contemporânea, ou seja, percorrer os caminhos, os rastros ou pistas que formam o escopo da teologia do período em questão.

Um Pouco de História Antes de Kant
Teologizamos desde o Éden, mas para delimitarmos um ponto de partida é louvável que comecemos com a Teologia Patrística, isto é, a teologia desenvolvida pelos pais da igreja, os discípulos dos apóstolos e seus escritos indo até Agostinho.
Durante esse período a teologia era incipiente, com alguns erros crassos, por outro lado, dogmas que foram desenvolvidos nessa época dão sustentação, até hoje, às doutrinas mais fundamentais do Cristianismo. Nascida da necessidade de combater as heresias orientais no que diz respeito, principalmente à doutrina da Pessoa de Cristo, Sua Divindade e Sua Obra, foi responsável pela elaboração dos credos que defendiam a fé cristã, bem como pela exclusão dos hereges. Foi o berço da teologia cristã e um dos períodos áureos do saber teológico.
Mais tarde veio o papado e deu-se início ao período conhecido como Idade Média ou Idade das Trevas, como preferem alguns, porque pouco ou quase nada se descobriu na área do conhecimento científico. A Igreja tornou-se a detentora do poder religioso e temporal, logo todo saber estava sob seu controle e dizia o que era certo ou errado, como detentora do conhecimento.
Podemos dizer que Tomás de Aquino foi o mais importante teólogo da Idade Média. Usando a lógica aristotélica, procurou sintetizar os princípios da fé e da razão e provar pela razão a existência de Deus, valendo-se de argumentos racionais. Aquino entendia que o homem poderia encontrar Deus pela razão e assim desenvolveu uma teologia natural ao casar a teologia com a filosofia. Na realidade, Tomás de Aquino foi um monstro do saber e até hoje sua doutrina é utilizada pela cúria romana.
Nos tempos de Tomás, os intelectuais eram clérigos, quer dizer, tinham formação nas Universidades Católicas (um dos legados da Idade Média), logo a Europa tinha uma formação católica e nada parecia ameaçar a hegemonia da igreja do papado, pelo contrário, estava consolidada a civilização cristã, com reis e príncipes sujeitos ao bispo de Roma. Mas, não por muito tempo. A sociedade estava mudando e a igreja desse tempo não acompanhou as mudanças, ou como diz Jonh Landers: “não descobriu recursos para manter-se diante das novas realidades”. O sistema feudal havia surgido durante as invasões bárbaras, é nesse período que houve um esvaziamento nas cidades, o comércio quase desapareceu e as pessoas viviam em condições de subsistência agrícola.
A sociedade feudal era composta por três classes: nobres (cavaleiros que protegiam os lavradores e as terras), clérigos (a igreja) e camponeses (lavradores).
Com a volta da paz, as cidades voltaram a crescer e com elas os comerciantes, os artesãos. Os novos moradores da cidade não eram nem nobres, nem camponeses. Nasce então a classe média. Os comerciantes tornaram-se ricos, mas não tinham título de nobreza. Precisavam ter reconhecida sua superioridade, mas a igreja não abria as portas das universidades, senão para os clérigos, daí então, a resposta aos problemas foi: “humanitas”. Os humanistas pretendiam desenvolver toda a capacidade do indivíduo e por isso esse novo estilo de educação veio a chamar-se humanismo. Onde poderiam encontrar um currículo mais humanizante? Entenderam que Roma, que havia declinado, teve seu momento de ouro, e se retornassem aos escritos dessa era áurea poderiam reviver os dias gloriosos do Império Romano, em outras palavras alcançariam o conhecimento dos antigos apesar de pagãos.
Buscando conhecer os escritos de Virgílio, Sêneca, Cícero, Ovídio e outros, denominaram o seu próprio tempo de Renascença, em contraste com o período de mil anos de trevas de onde acabavam de emergir. Contudo, em sua busca pelos clássicos, não encontraram um modelo para a moral e a religião, mas modelos para a arte e literatura. É interessante observar que os humanistas não rejeitaram o cristianismo e a religião, e isso fez com que eles também buscassem indagações sobre a Bíblia nos originais. Descobriram pelos estudos que os padres de seu tempo não conheciam o grego e o hebraico e “mal rezavam a missa em latim”, e mais importante, descobriram que havia uma lacuna, uma distância muito grande entre o Cristianismo apresentado no Novo Testamento e a prática religiosa de sua época.


A Reforma
Com as invasões dos bárbaros e a queda de Constantinopla (1453), marcou-se o início do período da história chamado de História Moderna. Tempo das grandes navegações e conquistas de portugueses e espanhóis, tempo dos descobrimentos, tempo do renascimento artístico, literário e avanço em todas as ciências como matemática, física, entre outras.
Com o declínio de Roma, os reis que estavam sob seu cetro começavam a rejeitar a autoridade do papa como representante de Deus na terra e contestavam seu domínio temporal sobre suas terras. Dentre as muitas arbitrariedades, a venda de indulgências foi a gota d’água que faltava para eclodir a reforma.
Mas, foi do estudo das Escrituras que surgiu a Reforma Protestante. A teologia dos reformadores era também um retorno aos escritos antigos, as Escrituras. O período de Tomás de Aquino ficou conhecido como Escolasticismo ou Tomismo (sec. XIII e XIV), quando defendiam uma teologia natural onde o homem poderia encontrar Deus pela razão. A Reforma Protestante rompeu com a filosofia escolástica e voltou à Palavra. O lema dos reformadores foi: Sola Scriptura, Solus Crhistus, Sola Fide, Sola Gratia e Soli Deo Gloria! Após a reforma o período de 1618 a 1648 ficou conhecido como Guerra dos Trinta Anos. Somente entre os alemães, calcula-se que morreu um terço da população. Começa-se então a questionar o valor da religião. Depois de “mil anos de trevas”, a tentativa de restauração desencadeia um genocídio jamais visto numa sociedade dita cristã. Inicia-se uma busca para solucionar o problema da guerra, contudo, a essa altura o mundo já havia mudado o suficiente para estabelecer uma idéia antropocêntrica, capaz de mudar a história e dar novo rumo à humanidade, sem Deus.

Maranata. Ora Vem Senhor Jesus!
Deus abençoe a todos.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

O FILME AVATAR E A NOVA ERA

Prezados leitores, o texto que segue foi extraído do site www.assembleia.org.br, onde auxilio o Pr. Flauzilino Araújo e, claro, indico a todos.

O filme Avatar*, de James Cameron, é um fascinante e arrebatador sucesso nos cinemas. Seus efeitos especiais são tão tremendos que transportam a audiência vividamente para um outro mundo, no qual adorar uma árvore e ter comunhão com espíritos não são apenas aceitáveis, mas atraentes. Avatar é também marcadamente panteísta e essencialmente o evangelho segundo James Cameron. Esse tema panteísta, que iguala Deus às forças e leis do Universo, é apresentado claramente pelos heróis e heroínas do filme: todos adoram Eywa, a deusa “Mãe de Tudo”, que é descrita como “uma rede de energia” que “flui através de todas as coisas viventes”.

Sobretudo, o filme é repleto de mágica ritualística, comunhão com espíritos, xamanismo, e descarada idolatria, de forma que condiciona os espectadores a acreditarem nessas mentiras do ocultismo pagão. Além disso, a platéia é levada a simpatizar com o Avatar e termina torcendo por ele quando é iniciado nos rituais pagãos. No final, até mesmo a cientista-chefe torna-se pagã, proclamando que está “com Eywa, ela é real” e que ficará com Eywa após sua morte.

Enquanto a representação fictícia de James Cameron a respeito da religião da natureza presta-se muito bem à mentira da Nova Era de que as religiões dos nativos americanos [indígenas] eram favoráveis à vida e inofensivas, a representação dos sacerdotes maias em Apocalypto (de Mel Gibson), devedores de divindades sedentas por sangue, que exigiam o sangue de suas vítimas sacrificiais, estava muito mais perto da verdade. A maneira adocicada e romântica com que James Cameron mostra os selvagens e os antigos cultos à natureza em Avatar é oposta aos fatos encontrados em antigos códices e achados arqueológicos: estes revelam que os astecas, os maias e os incas estavam todos envolvidos em sacrifícios humanos em massa, inclusive tomando a vida de criancinhas inocentes para apaziguar seus deuses demoníacos.

Conhecendo o histórico das obras de James Cameron em atacar o cristianismo, e especialmente a ressurreição de Cristo no documentário absolutamente desacreditado The Lost Tomb of Jesus[exibido no Brasil como “O Sepulcro Esquecido de Jesus” e lançado em DVD como “O Sepulcro Secreto de Jesus”], não deveria nos surpreender que ele escrevesse e dirigisse uma propaganda de 300 milhões de dólares para promover o culto à natureza e aos espíritos.

Claramente, Hollywood tem tido uma influência persistente em arrancar os EUA [e o Ocidente] de suas raízes cristãs conservadoras e levá-los a crenças e práticas do ocultismo da Nova Era. O panteísmo atrai a turma de Hollywood porque ensina que todos somos Deus e que não precisamos nos preocupar em sermos obedientes ou em prestarmos conta diante de um Deus pessoal que criou o Universo.

Entretanto, não são apenas os diretores [de cinema] que rejeitam a Cristo que estão buscando fazer com que o mundo abrace a adoração à Terra sob a máscara de sua imaginária Deusa-Mãe Terra; é também o próprio líder do movimento do aquecimento global, Al Gore. Em seu livro Earth in the Balance, Gore sugere que voltemos à adoração da natureza e eleva várias seitas de adoradores da natureza e religiões dos nativos americanos ao status de modelo para nós: Essa perspectiva religiosa pan** poderá mostrar-se especialmente importante no que se refere à nossa responsabilidade pela terra como civilização global. (...) As religiões dos nativos americanos, por exemplo, oferecem um rico conjunto de idéias sobre nosso relacionamento com a terra. (...) Todas as coisas estão interligadas como o sangue que nos une a todos.[1]

Buscando uma síntese da Nova Era que combine várias tradições do ocultismo, Gore cita e favorece o ensinamento hinduísta, dizendo: “A Terra é nossa mãe, e nós todos somos seus filhos”.[2]

Incrivelmente, mais adiante Gore afirma que deveríamos buscar novas revelações a partir dessa adoração da deusa do passado e culpa o cristianismo pela quase total eliminação da mesma: O sentido espiritual de nosso lugar na natureza... pode ser traçado de volta às origens da civilização humana. Um crescente número de antropólogos e de arqueomitólogos... argumenta que a ideologia da crença prevalecente na Europa pré-histórica e em grande parte do mundo estava baseada na adoração de uma única deusa da terra, que se supunha ser a fonte de toda a vida e irradiadora de harmonia em meio a todas as coisas viventes. (...) O último vestígio de culto organizado à deusa foi eliminado pelo cristianismo. (...) Parece óbvio que um melhor entendimento de uma herança religiosa que precede a nossa própria por tantos milhares de anos poderia nos oferecer novas revelações.[3]

Gore prossegue declarando que precisamos encontrar uma nova religião baseada na natureza e cita Teilhard de Chardin, o teólogo da Nova Era, em apoio à “nova fé” do futuro: Esse ponto foi sustentado pelo teólogo católico Teilhard de Chardin, quando ele disse: “O destino da humanidade, assim como o da religião, depende do surgimento de uma nova fé no futuro”. Munidos de tal fé, poderemos achar possível ressantificar a terra.[4]

Com os diretores de vanguarda de Hollywood e as figuras políticas de Washington na liderança, os EUA [e o Ocidente] estão rapidamente voltando ao paganismo que envolveu o mundo em trevas espirituais durante milênios. Que Deus nos ajude a prestar mais atenção à admoestação do apóstolo Paulo, encontrada nas Sagradas Escrituras. Ele nos ensinou que a adoração à natureza nos tempos da Antigüidade era resultado do afastamento da adoração ao único e verdadeiro Deus que, para começar, foi quem criou a natureza:

“Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis. Por isso também Deus os entregou às concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si; pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém” (Rm 1.21-25).

(Joe Schimmel –www.goodfight.org - http://www.chamada.com.br)

* Segundo o hinduísmo, avatar é uma manifestação corporal de um ser imortal. Deriva do sânscrito Avatara, que significa “descida”, normalmente denotando uma encarnação de Vishnu (tais como Krishna), que muitos hinduístas reverenciam como divindade. Por extensão, muitos não-hindus usam o termo para denotar as encarnações de divindades em outras religiões.

** Pan: palavra de origem grega que significa “tudo, todas as coisas”.

Notas:
1. Al Gore, Earth in the Balance – Ecology and the Human Spirit [A Terra em Equilíbrio – A Ecologia e o Espírito Humano], 1992, p. 258-259).
2. Ibid. p. 161.
3. Ibid. p. 260.
4. Ibid. p. 263.
Publicado anteriormente na revista Chamada da Meia-Noite, março de 2010.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

DAVID WILKERSON DENUNCIA FALSAS OPERAÇÕES ESPIRITUAIS

Prezados leitores, ao ler/assistir esse vídeo você vai perceber algumas semelhanças com o vídeo anterior.

Embora esteja no Youtube, tomei conhecimento no blog Teologia Pentecostal, do meu amigo Gutierres. Trata-se de um relato acerca do ministério do erro que já começou e tem causado muito embaraço no meio pentecostal. Lá nos EUA e em todo mundo é crescente essa foma de pedir dinheiro para colocarem no bolso do "homem de Deus". Vale apena ver o vídeo até o final, onde Wilkerson chora em defesa do verdadeiro Evangelho.



Precisamos abrir muito bem os olhos para essa nova realidade. Nosso pentecostalismo cai em descrédito por conta desses aventureiros que invadem o espaço do Reino com carteirinha de pregador, profeta e apóstolo e anunciam um evangelho anátema, muitas vezes subtraindo a verdade e outras vezes acrescentando mentiras e desvios doutrinários em forma de "unção", "nova unção", "poder" e "revelações".

David Wilkerson é um verdadeiro profeta e deve ser ouvido por todos. Seu trabalho desde os anos 60/70 com resgate de crianças de rua e jovens drogados resultou na conversão de muitos pastores, evangelistas e missionários como o caso de Nick Cruz do livro "Foge Nick, Foge". Nasci na fé ao sabor da leitura de "A Cruz e o Punhal".

Maranata, Ora Vem Senhor Jesus!
Deus abençoe a todos no amor de Cristo!

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

DISCIPLINA NA IGREJA: GRAÇA E VERDADE

"Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo" (Jo.1.17).

O Evangelho de João é fascinante! Narrado dentro de uma perspectiva diferente, traz uma riqueza ímpar, uma profundidade teológica, um toque diferente de conhecimento da cultura tanto judaica quanto grega!

Em João 1.17, por exemplo, o filho de Zebedeu coloca a Lei de Moisés em contraposição à graça e verdade que há em Cristo. A palavra verdade no A. T. é traduzida do hebraico "hemeth" que significa honestidade, integridade, fidelidade. No Antigo Testamento, principalmente após a promulgação da lei mosaica, a verdade estava diretamente associada à Lei e assumia uma função acusadora, julgadora e condenatória. Havia muita rigidez na estrutura da Lei e na aplicação da pena ao transgressor. Alguém que transgredisse a lei seria morto "sem misericórdia" somente pela palavra de duas ou três testemunhas (Heb. 10.28). A Lei do Talião prometia vingança dentro de um ajuste de contas sem misericórdia, pois era baseada no sistema de recompensas(1).

Verdade no Novo Testamento vem do grego "alétheia" e significa completo, perfeito, real, absoluto, algo que quando posto ao lado de um simulacro denuncia o engodo, o imperfeito e incompleto. Pode ser compreendida ainda como algo que não pode ser oculto ou escondido. Por isso, Jesus podia dizer: "Eu sou o caminho, a Verdade e a vida e ninguém vem ao Pai a não ser por mim" (João 14.6), posto que Ele é absoluto, perfeito, completo e nele não há falta de nada. No conceito de Agostinho a verdade absoluta é Theos, isto é Deus. Isso refere-se também à suas palavras: realidade no sentido de coerência em sua vida e palavras.

O escritor sacro tem a intenção clara de estabelecer um paralelo entre Lei e Graça. Justapõe graça e verdade para contrapô-las à Lei. A Bíblia diz a Graça e a Verdade e não a Verdade e a Graça. E por que a graça vem primeiro e de forma tão abundante?(2) Para mostrar a superioridade da nova aliança e se sobressair ao rigor da lei no testamento anterior. Portanto, a graça surge como a grande novidade do amor de Deus no Evangelho.

Jesus traz a realidade em si, a verdade como ela é, sabendo que os homens não subsistiram ao rigor da Lei, por isso ele mesmo veio cheio de graça e de verdade. Essa junção, graça e verdade, fala da flexibilidade amorável e da justiça de um Deus que resolveu salvar os pecadores, fazendo justiça não pelas obras da lei, nem pelas boas obras dos homens, mas pela Graça e pela justiça que é segundo a fé (Ef.2.8).

Quem não conhece a máxima da introdução do Direito na Roma Antiga: "Dura lex, sede lex", a lei é dura, mas é a lei. A lei de Moisés igualmente era dura e todos deveriam cumpri-la em qualquer ocasião, embora ninguém pudesse fazê-lo integralmente, senão Jesus - aquele que não tinha pecado e veio cheio de graça e de verdade.

As grandes estruturas, como prédios, viadutos, estádios de futebol, torres construídas com ferro e concreto são edificados com certa flexibilidade para não ruirem frente aos grandes abalos. Toda estrutura muito rígida, se não tiver um pouco de flexibilidade, está fadada à ruina. Assim também a doutrina cristã tem verdade, realidade, mas também tem graça. Havia um tempo na igreja em que o irmão disciplinado era desprezado e os outros evitavam comunhão ou contato com ele. Foi por esse tempo que ouvi alguém falando de um pastor que, obrigado a disciplinar a própria filha que havia ferido a doutrina, teria feito um apelo em lágrimas diante da igreja: "Irmãos, não desprezem minha filha. Ajudem minha filha, porque na minha casa tem verdade, mas também tem graça".

A disciplina na igreja é indispensável, pois quem está sem discipina é como um "bastardo" e não filho (Heb.12.8). Contudo, a rigidez de muitas igrejas têm gerado crentes "domados" pela religião que adestra mais do que edifica. Muitas igrejas evangélicas ainda guardam resquício do catolicismo romano anterior à Reforma em suas cartilhas doutrinárias. Conservam a imagem do Deus da Idade Média, a idéia de um Divindade irada contra os moradores da Terra, destilando ódio e prometendo castigo, quando o Evangelho revela um Deus gracioso, um Pai amoroso, disposto a perdoar para "não quebrar" o indivíduo. A consequência da rigidez na estrutura da igreja é a formação de uma geração de crentes inseguros, medrosos, que não se sentem filhos de Deus e que não têm certeza da salvação. Porém, a disciplina deve observar princípios estabelecidos pelas Escrituras e dentro da natureza do binômio graça-verdade. Na disciplina deve-se observar seu caráter formativo e correcional. O caráter formativo baseia-se na instrução da igreja aos membros para prevenção. Já o correcional, como o próprio nome sugere, tem por base a correção. Não como uma igreja que leva o nome de cristã, onde se um membro pecar o problema passa a ser dele com Deus: "A Igreja", dizem eles, "não pode fazer mais nada, agora é com você e Deus".

A disciplina cristã deve ter como fim a restauração do irmão faltoso e não o "apedrejamento" público, pelo fato de o cristão ser falível. Por outro lado, igreja que não tem disciplina cria filhos bastardos e gera desordem e indecência, envergonhando o nome da Igreja de Cristo. Precisamos de igrejas que nos digam o que é pecado, o que é errado, o que podemos e o que não podemos fazer, segundo as Escrituras e não segundo os homens. Não precisamos de igrejas moralmente frouxas que só levam o título de cristãs. Igualmente não precisamos de igrejas inquisidoras ou indulgentes no sentido de condescendentes e tolerantes com a prática do pecado.

A correção não deve ser parcial, mas indiscriminatória. Todos que pecarem devem ser corrigidos e não somente os pequenos, os pobres e os indoutos, mas também os ricos, os cultos, os ilustres e, claro, as autoridades eclesiásticas. Para se ter verdade, realidade, é preciso fazer sem vantagem ou direito exclusivo. A verdade é verdade para todos, sem discriminação. A graça é graça para todos e não privilégio de alguns. Acima de tudo, todos que pecarem devem ser restaurados para o perdão e comunhão. A Igreja precisa, como Jesus, ser cheia de Graça e Verdade para com seus membros.

Ao concluir quero afirmar que se Jesus tivesse vindo apenas com a verdade, estaríamos perdidos. A mulher adúltera teria sido apedrejada (Jo.8), Zaqueu não poderia recebê-Lo em sua casa (Lc.19.10) e o ladrão da Cruz (Lucas 23.43) onde estaria? E os outros? Confesso que sem a manifestação da Graça (Tt. 2.11) eu não teria a menor chance. Você teria? Dou graças a Deus que na minha trajetória fui muitas vezes disciplinado pelo Senhor e muito mais vezes alvo da Sua graça e por ela beneficiado.

"E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de Graça e de Verdade" (Jo.1.14).

Deus abençoe a todos.

Maranata. Ora vem Senhor Jesus!

(1) Existe uma tradição rabínica, uma linha de interpretação mais humana para a Lei de Moisés, que julga que a Lei visava com "olho por olho" a restituição e não a vingança. Todavia, não é isso que está demonstrado na história, seja no Código de Hamurabi ou na própria lei de Moisés na Bíblia.
(2) A palavra graça aparece três vezes em Jo. 1.14-17

terça-feira, 27 de outubro de 2009

USOS, COSTUMES E LIBERDADE NAS IGREJAS!

Sou cristão evangélico há 27 anos. Converti-me em 1982 na Assembleia de Deus do Templo Central, em Granja Portugal, um bairro de Fortaleza, capital cearense. Nessas quase três décadas na fé, já presenciei de tudo. Dentre as muitas coisas que acompanhei, está a evolução conceitual sobre os usos e costumes. Posso garantir que a igreja vive um momento de liberdade nunca visto antes. Liberdade que assusta os mais conservadores e faz tremer os mais radicais.

Lembro-me que no passado somente os membros participavam do culto de doutrina e somente os membros em comunhão podiam entrar no templo para tomarem a Ceia do Senhor. Apresentavam o cartão de membro com a assinatura do pastor confirmando sua permanência na comunhão com o corpo de Cristo, a Igreja. Vinham todos vestidos de branco. Era bonito. Também nas reuniões de oração não podiam entrar descrentes, nem o irmão disciplinado.

Nesses anos todos, assisti a maturidade da minha denominação rumo a uma visão mais equilibrada e próxima da Bíblia. Acredito que a globalização, a quebra de barreiras internacionais e a internet, que fez com que os pastores viajassem mais pelo mundo, e o intercâmbio com culturas como a americana, européia, africana e outras, fê-los refletir melhor sobre o assunto em questão.

Legalismo na Bíblia está vinculado à justificação pelas obras da Lei de Moisés. Os legalistas ou judaizantes ensinavam que além da fé em Cristo, os cristãos deveriam observar a circuncisão e a guarda do sábado (Carta aos Gálatas). Legalista, portanto, é aquele que se justifica pela Lei de Moisés ou busca obedecer aos 613 mandamentos apontados na Torá. Em nossos dias a expressão ganhou outra conotação nos lábios de líderes de denominações que não guardam esses bons preceitos.

O prezado leitor pode até ouvir alhures acerca de um pastor mais radical que disciplinou um membro por não guardar essas questões, mas o discurso da liderança atual não é esse. Hoje, em nosso mundo cada vez mais plural, a análise passa pelo ponto de vista da identidade denominacional, sem rejeitar a questão do pudor e da modéstia. Esses preceitos são bons se observados do prisma da piedade. Caso trate-se de obediência cega, por medo ou por imposição, perde a beleza de significado e riqueza emblemática. Os que os guardam somente por medo de perderem cargos e oportunidades nas igrejas estão fadados a viverem uma vida de mentira e hipocrisia. Portanto, devem ser observados por convicta vontade de viver piedosamente para agradar a Deus através da conduta interior e exterior. Explico: O uso dos vestidos, das saias, as chamadas vestes sociais e os rostos barbeados não representam santidade ou vida piedosa em si. Há pessoas que usam roupas de acordo com os bons costumes, mas infelizmente, trajam-se com demasiada sensualidade. Refiro-me às roupas curtas, decotes ousados e trajes tão apertados que mostram a silhueta do corpo e ressaltam as peças íntimas do vestuário masculino ou feminino. Essas revelam falta de pudor e despertam a libído de pessoas dentro e fora da igreja. Vestes caríssimas, que ostentam luxo e riqueza, também revelam um espírito, eu diria, pouco cristão, assoberbado, apartado da simplicidade que há em Cristo e dos primórdios da igreja: os primeiros discípulos e seus ensinamentos. Outros há que vestem-se adequadamente, mas vivem de modo dissoluto e mentiroso, com práticas imorais e inadequadas na igreja e na sociedade. Logo, a questão é mais profunda, tratando-se da observância da moralidade cristã.

Certa vez fui questionado acerca do assunto. Como percebi que o assunto era acerca de "doutrinamento", respondi que sou a favor da manutenção, mas que a observância deles não salvam. Acrescentei que a noção dos usos e costumes como garantia da salvação diminuiria o valor do sacrifício de Cristo na Cruz e que o conceito de não-observância vinculado à salvação levaria muitos outros cristãos à perdição eterna. Observei ainda que não temos o direito de condenar ao inferno os irmãos batistas, presbiterianos e outros porque não seguem esses princípios. Meu interlocutor não gostou muito da esposta, mas é a verdade que eu encontro na Bíblia Sagrada e defendo. Não condenamos os que não observam. Não evitamos os que pertencem a outras denominações. Recebemos bem em nossas congregações, apresentamos como irmãos em Cristo, mesmo os não-pentecostais, e os saudamos como irmãos com a Paz do Senhor.

A liberdade de expressão em nossos cultos é uma coisa fora do comum. Todos os cultos são abertos ao público, inclusive os de Ceia. Qualquer membro pode pedir para testemunhar e/ou cantar no púlpito. Por mais que o nepotismo seja uma realidade reinante, qualquer obreiro, independente da origem, do grau de estudo, pode chegar ao ministério, posto que Deus chama quem quer. Adoradores levantam as mãos, falam línguas, ficam em pé, sorriem e choram na presença de Deus; as mulheres pregam, ensinam, regem, lideram, coordenam e oram por enfermos; negros e brancos - brasileiros ou não - se abraçam; ricos e pobres de todos os cantos do país congregam, comungam, cantam e vivem como irmãos, filhos de um mesmo Pai; crianças, jovens e adolescentes têm seu espaço e seus próprios congressos.

O púlpito assembleiano está mais maduro (ainda há distorções, é verdade), os pastores (nem todos, pois somos muitos) estão mais solidários com o rebanho, mais preparados para lidar com o sofrimento humano, com a cidadania, com as famílias, com as necessidades mais básicas, tanto do ponto de vista espiritual, social, bíblico-teológico, como legal e humanitário. Nossos obreiros, hoje, são melhores instruídos e mais "teológicos" (não é unanimidade, pois alguns ainda resistem) e nossos membros são mais tolerantes.

Claro que minha igreja não é perfeita. A Igreja perfeita é a triunfante, invisível e universal que habitará o Céu. Mas, enquanto instituição, organização e igreja militante, temos melhorado muito e isso ninguém pode negar. Temos problemas? Sim. Temos dificuldades com o novo? Sim. Mas quem não o tem?! Ainda há muito o que ser feito. E que bom que temos o que crescer e melhorar!

Infelizmente o conceito de liberdade de alguns pregadores de mídia beiram a libertinagem. Longe de ser uma denúnca, como pretendem alguns, trata-se de um convite, um aliciamento com "toque" evangelístico e esclarecedor. Dizem eles nas entrelinhas: "Se estiver insatisfeito aí, vem para cá. Aqui tem liberdade". A eloquência de um senhor que resolveu disparar contra o que ele chamou de "legalistas", é fruto do desespero que tomou conta de seu ministério, devido a queda nas entradas financeiras, por conta de um certo desvario ao pedir R$ 900,00 na TV e a reação contrária dos telespectadores às aspirações do tele-evangelista. O tiro saiu pela culatra!

Liberdade religiosa não se resume à observância dos usos e dos costumes. Podemos falar de liberdade de expressão, de igualdade, de acesso, de fraternidade nas igrejas e até liberdade para rejeitar heresias americanas importadas para nossos púlpitos. O assunto é polêmico. Não sou o dono da verdade. Todos têm o direito de discordar e de se manifestar através de comentários aqui ou em outros espaços. Sou cristão, sou livre. Sou evangélico assembleiano e não estou preso. Sou de Cristo, vivendo em plena liberdade. Minha liberdade não custou R$ 900,00. Eu poderia dizer, para soar moderninho, que minha liberdade "não tem preço", mas minha liberdade tem preço sim: O Preço do Sangue de Jesus!

Maranata. Ora Vem Senhor Jesus!
Deus abençoe a todos.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

PADROEIRA DE QUEM?!

Dia 12 de outubro ficou conhecido no calendário oficial dessa terra de predominância católica como o dia da Padroeira do Brasil. Padroeiro ou padroeira é um santo a quem é dedicado uma localidade ou um povo e a quem esse povo reivindica ou pede proteção. Fico indignado (aliás, sou indignado com muita coisa!). Como um país que se diz laico - pelo menos até à nova investida do Papa junto ao Lula e ao Congresso (que, diga-se, tem maioria absoluta católica e aprova o que quiser em termos de religião) - pode paralisar suas atividades por conta de um feriado religioso?! Se não fosse o famigerado dia das crianças e esse feriado seria uma data amarga para a igreja evangélica que não tem data para comemorar em um país onde quem manda mesmo é a cúpula romana.

Se somos cerca de vinte milhões de assembleianos (todos os ministérios) e se chegamos ao impressionante número de cinquenta milhões de evangélicos (todas as denominações), como querem alguns, onde está a nossa força, nossa representatividade na prática? Sabemos que "o maior país católico do mundo" como prega a igreja católica e os católicos que gostam de serem enganados, é na verdade um país sincretista: católico-espírita e agora hinduísta (a Globo descobriu o novo Caminho das Índias).

Causa-me constrangimento ver a Rede Globo de Televisão fazendo menção diuturna às festas católicas e nenhuma nota sobre as atividades do povo de Deus. Mostram imagens de esculturas feias que são abominação aos olhos de Deus (Ex. 20.3ss; Salmo 115; Is. 42.8 e muitas outras passagens) desfilando pelas ruas e as pessoas fazendo um esforço sobre-humano para tocar nessas abominações. Milhões vão às ruas para adorarem um falso deus, um intercessor de mentira, um santo canonizado por interesses puramente políticos e estratégicos da Cúria de Roma.

Quando eu nasci me disseram que eu era católico, fui batizado sem saber o que significava aquele gesto, recebi nome de santo e permaneci católico. A maioria de nossos conterrâneos são católicos assim, sem saberem o porquê de serem. Estive em vias de entrar no seminário para ser Padre e quase abracei a vocação. E tudo isso por conta de uma catolicidade que eu nunca abraçara de fato.

No Brasil quase não se prega mais contra a idolaria, mas foi assim que a Igreja Evangélica Assembleia de Deus cresceu nesse país. Nossos primeiros pais foram apedrejados e perseguidos a ponto de alguns serem presos e mortos. Desbravaram o sertão, a selva amazônica, as regiões ribeirinhas, bem como os grandes centros urbanos, e nos entregaram uma igreja forte e saudável. E hoje o que estamos fazendo com o Evangelho? Por que não pregamos contra os ídolos? Elegemos pregadores segundo os nossos gostos e ficamos diante da televisão apreciando, em muitos casos, uma verborragia barata, vazia, oca, um número enorme de pregadores prolixos de mídia, que nunca colocaram o pé na lama de uma favela, nunca passaram uma noite debaixo de uma árvore, nunca "comeram" o pó da estrada de terra, nunca abraçaram uma criança desnutrida e nunca pregaram contra a idolatria.

O Brasil é, sem dúvida, um dos maiores países idólatras do mundo, perdendo talvez somente para a Índia no Oriente. A Grécia dos tempos de Paulo, a Atenas de Atos dos Apóstolos 17, não eram diferentes. Somente para lembrar que Paulo e alguns poucos discípulos cheios do Espírito Santo, mudaram a história da cidade de Éfeso, o Evangelho esvaziou o enorme templo da grande deusa Diana e alvoroçou toda a região da Ásia. A questão de Demétrius era que Paulo pregava e ensinava que não são deuses os que são feitos por mãos humanas (At.19).

Não aceito esse feriado, por isso ontem trabalhei o dia inteiro. Abomino as mentiras que a Igreja Católica me ensinou e por elas quase me levou ao Inferno. Louvo a Deus pela vida do irmão Antônio de Pádua, um jovem, que sem teologia e sem estratégia de crescimento, evangelizou-me na Escola e mostrou-me na Bíblia que "o ídolo nada é". Desde aquele dia 12 de setembro de 1982 que a Verdade prevaleceu em minha vida e desde esse dia eu abomino a idolatria. Dia 12 de outubro no Brasil deveria ser dia de oração e manifestação pacífica da igreja evangélica, dizendo que não aceita esse calendário religioso com privilégio católico. Onde está o feriado nacional do Dia da Bíblia? Onde está o feriado nacional do Yom Kippur dos judeus e os feriados budistas, mulçumanos, onde estão?! Alguém pode argumentar que somos minoria, mas a questão não é de maioria ou minoria, e sim de laicidade, de separação entre Estado e Igreja, do Estado não assumir poder religioso e a Igreja não assumir poder temporal ou político.

Maranata. Ora vem Senhor Jesus!

Deus abençoe a todos.