terça-feira, 15 de setembro de 2009

QUE IGREJA NOS CONVÉM SER?

Em Mateus capítulo 17 (Marcos 9 e Lucas 9) temos a passagem que as sociedades bíblicas nos ensinaram a chamar de "a transfiguração". Diz o texto que Jesus subiu a um alto monte e lá transfigurou-se, foi transfigurado ou as duas coisas (as muitas versões da Bíblia não concordam entre si se Ele sofreu a ação, se foi agente ou se ambas as coisas). Embora os teólogos chamados liberais, como Rudolf Butmman e outros, não aceitem essa narrativa como verdadeira, o certo é que a Palavra relata a transfiguração em três dos quatro evangelhos, o que nos dá base para um testemunho verdadeiro. As Escrituras dizem que o testemunho de dois é verdadeiro. Não me refiro ao testemunho não de Mateus, Marcos e Lucas, mas de Cefas e dos irmãos Boanerges.

Quanto ao local, alguns alegam tratar-se do Monte Hermom, outros defendem ser o Tabor, todavia, a presença de uma base, uma guarnição militar romana nesse monte, inviabilizaria, segundo alguns estudiosos uma manifestação dessa natureza. Seja no Hermom, no Tabor ou em outro monte, os evangelistas afirmam que o Senhor subiu levando consigo Pedro, Tiago e João, deixando os demais ao pé do monte. Fosse alguém envolvido com o G12 (não é o meu caso) diria que o Mestre subiu com o G3 e preferiu deixar o G9 na base.

Quanto à natureza da manifestação, os teólogos se dividem entre realidade e visão. Consta nos textos sagrados que Jesus de Nazaré se transfigurou (ou foi transfigurado) ante os olhos sonolentos (Lc. 9.32) dos três discípulos, que ao despertarem se depararam perplexos com o que viram. Os três viram, portanto, não parece uma visão simplesmente, mas uma experiência comum aos três. Contemplaram Jesus transformado em glória e viram, juntamente com Ele, Elias e Moisés falando acerca de sua morte na cruz.

Os convidados ficaram admirados com tanta glória no rosto, nas vestes do Senhor e com a aparição dos representantes da Lei e dos Profetas. Pedro, ao tomar a palavra deu indicação de que descer seria assunto fora de questão: "Senhor, bom estarmos aqui. Se queres, farei uma casa para ti, outra Moisés e outra para Elias". E Marcos acrescenta: "mas ele não sabia o que dizia porque estavam carregados de sono e aterrados" (Mc. 9.6). A Bíblia King James, a famosa versão inglesa do Rei Tiago, traduz casa por "tenda" o que possibilita a idéia de tabernáculos ou pequenos templos. Assim, Pedro estava pensando em Jesus nos mesmos termos de Elias e Moisés, ou seja, um grande líder, um profeta somente e não como "o Cristo Filho do Deus vivo" que havia confessado em Mateus 16. A nuvem luminosa, tão contestada pelos liberais, e a voz do Pai apontam para a singularidade e superioridade do Filho. Só dependeria do consentimento do Mestre e eles ficariam ali em perpétuo êxtase.

Enquanto isso na base do monte, um pai desesperado trazia seu filho endemoninhado, atormentado desde a infância por um espírito que o deixara surdo e mudo, que as vezes o lançava na água e outras vezes no fogo para o matar. O grupo que não subiu ao monte não conseguiu expulsar o demônio, ou seja não conseguiu dar resposta às necessidades daquele pai aflito. Essa era a crua realidade da comunidade ao redor do monte. Gente pagã, cheia de misérias, sob o domínio dos espíritos imundos, presas em cadeias espirituais e ignorantes quanto à realidade do Reino que se manifestara tão próximo, no topo. A igreja dos nove não tinha poder ou autoridade para expulsar o demônio, mais do que isso não tinha resposta para os problemas da sociedade, das comunidades que viviam naquela região.

Finda a manifestação em glória nas alturas e findo o êxtase de Pedro e companhia, Jesus trouxe a igreja do monte para a base com o fim de mostrar-lhes a realidade que os esperava. Enquanto Pedro e os irmãos Zebedeus se deliciavam com a glória, com a visão, com o espetáculo, havia uma igreja três vezes maior na base, disposta a trabalhar, a mostrar serviço, mas sem poder ou visão do Reino que desse resposta às angústias do ser humano de seu tempo.

Ao trazer a igreja de cima para a base, Jesus quis mostrar-lhes uma outra visão, uma visão do mundo humano real e suas necessidades. O Mestre pretendia ensinar-lhes (e a nós) que o cristão não vive somente de êxtase, de oração, de "reteté" ou "repleplé", que vida cristã não se dá apenas no monte da oração, mas que a igreja que sobe ao monte deve descer com poder, com glória, compartilhar esse poder com as almas e atender as necessidades espirituais do mundo que a cerca.

Que igreja temos sido e com qual modelo nos identificamos? Igreja do monte embevecida com as visões, com as manifestações gloriosas e acomodada aos milagres de Elias e Moisés ou igreja da base, sem poder e sem resposta para os que batem a sua porta? Somos igreja de Cristo ou estamos presos aos modelos de espiritualidades do passado como Pedro em relação aos profetas e lideranças do Antigo Testamento? Nossos sermões são cristocêntricos e cristológicos ou voltamos às referências exclusivas da Lei para justificar o que nos convém e desprezamos o contexto que não nos interessa por não se enquadrar no perfil de igreja que idealizamos? Nossas pregações respondem às carências e necessidades espirituais do mundo que "jaz no maligno"? Temos respostas para as angústias do homem moderno ou ficamos nos templos batendo o pé no chão e gritando: "Terra! Terra!"?

Que igreja nos convém ser?! Temos carisma, estamos desejosos de trabalhar para e no Reino, mas estamos perdendo a identificação com a massa pecadora ao nosso redor e com as classes menos favorecidas. Inclusive por isso não temos respostas adequadas para a marginalidade, a injustiça, a violência, a corrupção, a prostituição, o homossexualismo, entre outras questões morais e sociais que poderiam ser minoradas pela presença de um evangelismo mais presente, eficiente e dinâmico. Estamos deixando de assimilar a linguagem da juventude e seus problemas, por exemplo, porque perdemos o contato e deixamos de acompanhar os jovens. Deixamos isso aos cuidados de um responsável que chamamos de coordenador, líder, presidente ou pastor de jovens. Estamos perdendo a visão das questões da idade dos adolescentes porque lhes demos um "pastor" (ou pastora) para os acompanhar. E assim, deixamos a visita para uma equipe, o evangelismo para outra, enquanto a música é problema somente do maestro ou regente e a escola dominical do superintendente igualmente. Até usamos as palavras do apóstolo Pedro em Atos 6.3,4 para justificarmos nossa inércia e indiferença quanto ao cuidado pastoral: "Escolham dentre vós sete varões (...), nós ficaremos na oração e no ministério da Palavra" (tradução livre).

Que igreja nos convém ser?! Convém ser Igreja que ora, que sobe ao monte, que tem visões, mas que entra na casa de Cornélio (Atos 10); que defende a realidade e atualidade dos dons (I Co. 12); que prega o batismo como essencial revestimento de poder (Atos 19) na tarefa do evangelismo e que ensina a busca dos dons espirituais (I Co. 14), mas que se identifica com as necessidades do homem comum nas ruas, dos vizinhos, dos pobres e dos ricos, dos negros e dos brancos, dos religiosos, dos endemoninhados e dos religiosos endemoninhados, dos enfermos e dos sãos, e que prega o superioridade do amor (I Co. 13). Convém ser Igreja para todos, sem discriminação, sem preconceitos, sem privilégios, sem pompa de carismatismo e superioridade. Igreja que vai à favela ganhar almas, alimentá-las com o pão do céu, mas também com o pão de trigo, que cura os enfermos, os coxos, os cegos, pelo poder do sinal realizado através da fé na autoridade do Nome de Jesus (Mc. 16.15,16) e que cura as relações de família, que ajuda a levantar e andar (Atos 3.7), a abrir os olhos para a nova realidade espiritual trazida pela ação da Graça. A propósito, a Igreja de Jerusalém era dirigida pelos mesmos representantes da igreja do monte e da base (exceto Judas Scariotes). Não é que o modelo apresentado por Jesus deu certo! E não é que eles aprenderam a fazer e viverem como igreja (Atos 4.32-35)!

E nós? Que igreja nos convém ser?!


Maranata. Ora vem Senhor Jesus!

Deus abençoe a todos.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

DEUS, O TEMPO E A IGREJA

"Mas, amados, não ignoreis uma coisa: que um dia para o Senhor é como mil anos, e que mil anos, como um dia" (II Pedro 3.8).

A discussão sobre o fato de Deus estar ou não sujeito ao tempo tem causado grande alvoroço nos arraiais evangélicos ultimamente. Alguns "doutores" formados em academias humanistas, que imaginam-se teólogos, têm trazido à baila um assunto por demais definido no "canon" protestante-teológico-ortodoxo há séculos.

A Bíblia mostra claramente que Deus é Eterno e que Ele criou o tempo para os filhos dos homens (Gn.1.14 e Ec.3.1-10). Eternidade no exato sentido da palavra cabe somente à Divindade. Conceitos de eternidade do homem são imperfeitos e incompletos. Podemos dizer que Deus "colocou a eternidade no coração do homem" (Ec. 3.11), mas nenhuma criatura pode receber e perceber a eternidade como Deus.

Há no grego três expressões que nos ajudam a compreender melhor o significado de nosso vocábulo tempo:

Aionios - Tempo que não pode ser medido (Sl. 90.2; Sl.41.13) .
Kronos - Tempo que pode ser medido (Gn. 1.14; Ec. 3.1-11).
Kairós - Tempo de oportunidade (Mc.1.15; Gl.4.4).

Paul Thillic, em sua Teologia Sistemática, apresentou kairós como tempo de crise e tempo de decisão. Kairós seria a intervenção de Aionios em Kronos. É quando Deus abre uma porta em época de crise para intervir na história em favor de seu plano salvífico e por seu povo. É tempo de decisão!

Deus é eterno e, portanto, atemporal. Ele é o Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis, inclusive do tempo. Todavia, Ele não está sujeito ao tempo e não sofre influência dele, nem vive dentro de uma expectativa humana. Para vergonha dos defensores do teísmo aberto, Deus conhece o futuro, sabe o fim das coisas e da história desde o começo e não há nada no passado, presente e futuro que Ele não saiba.

A Igreja pode ilustrar nossa percepção desse argumento. Em algum tempo na eternidade, Deus planejou criar a Igreja. Prometeu sua criação nos profetas e a ilustrou na congregação do deserto. Quando o Verbo encarnou tornou possível sua existência e anunciou sua criação: "Edificarei a minha igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela". Fundou-a na Cruz e o Espírito Santo a inaugurou historicamente no dia de Pentecostes em Jerusalém, em kronos, igreja militante. O Espírito deu subsídios para sua manutenção enquanto Corpo de Cristo.

Poderíamos citar o Imperador Nero, o filósofo Voltaire, o beatle Jonh Lenon e muitos outros que tentaram impedir a marcha do Cristianismo e da Igreja ou duvidaram de sua capacidade de resistência histórica (para não usar kronos outra vez). Todos eles passaram, a igreja não e ao contrário das predições, a igreja invisível continua forte.

Quando Deus planejou a Igreja na eternidade (Ap.13.8) Ele já sabia de sua trajetória e triunfo: "as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mt.16.18). Sobreviveu às perseguições do império romano, ao papismo, à noite de São Bartolomeu, ao stalinismo, à política de Mao Tse Tung, ao comunismo soviético, chinês e ao castrismo; resistiu ao gnosticismo, ao ebionismo, ao arianismo, ao pelagianismo, entre outros e hoje resiste frente à mais recente heresia dos tempos modernos: a abertura do teísmo.

Breve os céus se abrirão e novo kairós se dará. Tempos de crise se anunciam e o aionios invadirá o kronos para levar a igreja invisível, resistente, militante, para a eternidade, o tempo de de Deus: Igreja Triunfante.

Deus abençoe a todos!

Maranata. Ora vem Senhor Jesus!

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

A TEOLOGIA POBRE PRECISA DE UMA REFORMA URGENTE

"Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também sejam corrompidas as vossas mentes, e se apartem da simplicidade e pureza devidas a Cristo" (II Coríntios 11.3).
















Catedral de Wittemberg

Vivemos momentos de crises diversas em nosso país: econômica, educacional, habitacional, religiosa, entre outras. Mas, há também a crise teológica. Nossa pobre nação tupiniquim não consegue formar teólogos ou teologias que subsistam a crises ou respondam às angústias do brasileiro do século XXI. Sofremos um período de verdadeira sequidão intelectual e teológica como nunca se viu antes. Nossos modelos referenciais nessa área falharam e seus conceitos de moralidade faliram, outros se deixaram levar pela teologia-filosofia-maligna que nega a Soberania de Deus.

A pobreza teológica é visível também em muitos de nossos cursos teológicos, cheios de liberais e neoliberais com suas idéias curtas acerca da Divindade. Também paupérrimos são os conservadores ortodoxos "sistematicamente" bitolados em sua visão de um Deus nada criativo, quase mórbido. Nem um nem outro produzem uma teologia realmente livre, brasileira. Recorrem ao charlatanismo americanizado em livros que nada dizem de novo. São todos compiladores profissionais, copiadores de idéias alheias. Maldita seja a teologia que não produz resultados no ou para o Reino de Deus. Malditos sejam os teólogos de carteirinha que exibem diplomas em seus escritórios ou gabinetes e nada têm de piedade em suas vidas. São religiosos com as mentes treinadas para elaborar sofismas, enriquecem a custa da miserabilidade intelectual de nosso povo evangélico.

Cazuza, cantor e compositor profano, cantou certa vez "meus heróis morreram de overdose/ meus inimigos estão no poder/ ideologia/ eu quero uma pra viver". Causa-nos perplexidade a mudança de rumo daqueles que poderiam ser uma voz profética em nossa nação. Há aqueles que se aproveitam do triste momento histórico-teológico para esbravejar na televisão sua salada em forma de pregações, outros se valem da tal "teologia" doentia da prosperidade, da confissão positiva, do triunfalismo, do misticismo, do fetichismo; valem-se da maldição hereditária, culpam os demônios pelos seus próprios pecados, elaboram teologias pragmáticas-mercantilistas e outros que começaram na base da comunidade, identificando-se com os pobres - leia-se ovelhas -, tornaram-se burgueses elitistas e pastores de si mesmos. São pastores-filósofos, acadêmicos frios e esquisitos, sem noção das necessidades do rebanho, perderam a visão, a compaixão e a simplicidade que há em Cristo (II Co.11.3).

Meu conceito de teologia livre não é uma teologia sem hermenêutica, sem tradição histórica, sem curso teológico, nem política-libertadora, mas sim teologia simples – não simplória, ingênua – bíblica, com unção do Espírito, teologia pé-no-chão, expressão do Amor e da Soberania de Deus igualmente, teologia pedro-joão-paulo-tiago-ágabo-timóteo-silas-maria-áquila-priscila, teologia primitiva, com sinais genuínos do Reino em nós, sem floreios, sem as amarras do intelectualismo acadêmico ou as ataduras do conservadorismo indolente, sem escritório ou gabinete; comprometida com o rebanho, com o pastoreio de almas, com o Reino de Deus aqui na Terra e com a comunidade. O enriquecimento teológico virá quando voltarmos à Bíblia a exemplo dos reformadores e deixarmos o neo-escolasticismo reinante em nossos cursos e em muitos púlpitos ditos evangélicos. Teologia livre não tem opção preferencial por classes, nem se fixa na pessoa do rico ou em sua conta bancária. É livre, transcende barreiras, sai do templo, vai às ruas, às praças e areópagos da vida, promovendo mudanças espirituais, éticas e sociais.

Pr. Guedes

segunda-feira, 6 de julho de 2009

MAIS ABSURDOS DO CHAMADO MERCANTILISMO EVANGÉLICO

Fiquei estarrecido com o que li, há pouco, no blog Manhã com a Bíblia, do estimado Pr. Geremias do Couto. O conhecido escritor revela, em um texto curto, sua indignação com mais um disparate dos "levitas" de nossos tempos, para não dizer celebridades da fé.

A festa de aniversário da cidade de Teresópolis, Rio de Janeiro, contava com a presença de um "cantor" evangélico, que o pastor e blogueiro carioca prefere não revelar o nome. Os organizadores da festa decidiram mudar o local da reunião, que seria em um ginásio, uma vez que a celebridade evangélica não poderia comparecer devido a alta soma que teria pedido. Pasmem, nosso pseudo-irmão, muito generoso, teria cobrado "apenas" R$ 25.000,00 para se apresentar e os promotores, claro, cancelaram o evento no ginásio. O que mais me chamou a atenção e a do estimado articulista também, é que nós, evangélicos, para lotarmos um ginásio precisemos desse tipo de atração. Incrível! A igreja está crescendo horrores, estamos construindo templos com 10.000 assentos e fala-se até em locais de reuniões para 30.000 pessoas, somos cerca de 50 milhões no Brasil (ou quase isso), temos a maior igreja pentecostal do mundo (1) e não conseguimos encher um ginásio se não tivermos um astro entre nós?!

De quem seria a culpa por esses "cachês" tão altos? Daqueles que fomentam esse tipo de espetáculo em suas igrejas e festas, seja de jovens, de circulo de oração, aniversários de templos, etc, isto é, a culpa é dos que alimentam essa modalidade de louvor que não exalta a Deus. Ficamos à mercê de uma dúzia de gente que promove emocionalismos e sensacionalismos baratos, louvores mântricos, ocos e sem propósito de exaltarem a Deus.

Não quero bancar aqui o "Zé do Apocalipse", mas estamos no fim. Esse tipo de comportamento é inaceitável em nosso meio. Não faz muitos dias, li também na internet, que um pastor evangélico estaria oferecendo cinco milhões de reais pelas madrugadas do SBT e detive-me no comentário de um irmão que dizia: "Já exitem muitos programas de igreja na TV (...) porque não investem em obras sociais?". Nunca pensei que um dia concordaria com esse tipo de pensamento, pois sou um dos defensores de que a igreja deve usar a mídia para evangelizar o mundo. Porém, o que estamos vendo é que os chamados tele-evangelistas não estão promovendo o Reino de Deus, e sim seus interesses próprios e seus pequenos reinos aqui na Terra. Investem cinco milhões de reais porque sabem que irão arrecadar outros vinte. Não estão pensando em almas, nem em mudar a condição espiritual e social de nosso povo tão sofrido. A visão é marketeira e a situação é mercantilista e absurdamente abusiva, principalmente no que diz respeito a pedirem ofertas descaradamente, fazendo inclusive caras e bocas de piedade para comoverem e convencerem os telespectadores a contribuirem. Frases como: "Gente, vocês não sabem, como é difícil manter um programa de televisão no ar", me enojam. Se não podem sustentar o programa não entrem no círculo televisivo e não envergonhem o Evangelho. Alguns pastores assembleianos também estão usando do argumento da "semente", levando, astuciosamente, outros para testemunharem em seu favor, dizendo "plante no programa de fulano" e você vai ser muito abençoado. E os crentes incautos deixam de contribuir com suas igrejas locais para contribuirem com esses aventureiros. Outros têm usado os testemunhos de milagres como fonte de renda, para promoverem uma campanha, que é uma verdadeira cruzada em território nacional, para obterem um milhão de dizimistas. Bons tempos aqueles em que os verdadeiros evangelistas sonhavam com um milhão de almas.

Qual seria o porquê desses pastores de palco não falarem na Cruz de Cristo e na salvação pela fé, na vinda de Jesus, na renúncia diária, na doutrina da santificação? Por que os novos cantores evangélicos têm variado tanto seus repertórios com uma música de cada rítmo: rock, lambada, axé, salsa, merengue, forró e até samba? Seria para se contextualizar e evangelizar ou para atender todos os gostos e assim venderem mais cds? Sem citar nomes, o que se vê é uma disputa acirrada por espaços na mídia e nada de visão de Reino.

Por esses dias visitei muitas páginas e percebi que sobraram farpas para todos os lados e a maioria delas recaiu, principalmente, sobre a cabeça de um cantor cuja música está fazendo muito sucesso. Mas nossas músicas, de um modo geral, são muito desprovidas de conteúdo e inspiração bíblica. Não apenas o que está tocando em todas as rádios deve ser alvo de nossas críticas, mas toda a gama de novos cantores que se dizem evangélicos. Além da má qualidade, a forma mercantilista como tratam seus "ministérios" - é assim que eles nominam - tem envergonhado a igreja na mídia e no mundo secular.

Quero concluir com duas expressões do Senhor Jesus, o Mestre dos mestres: "De graça recebestes, de graça dai" e "Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus"!
Maranata, ora vem Senhor Jesus!

Deus abençoe a todos!

(1) A Assembleia de Deus no Brasil é considerada a maior igreja evangélica pentecostal no mundo. Claro está que trata-se de uma referência à reunião de todos os ministérios e, portanto, convenções que levam esse nome.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

MICHAEL, AS "CELEBRIDADES" EVANGÉLICAS E A ETERNIDADE

Li, com a admiração de sempre, mais um texto do meu amigo Pr. Ciro e o título da postagem me chamou a atenção. Aliás, sugiro a todos a leitura do blog do estimado pastor. Mas, ao contrário do amigo lapeano, nunca nutri qualquer simpatia, nem mesmo em minha adolescência no mundo, pelo cantor que ontem partiu para a eternidade. A vida do ícone pop, sua conduta, aparições polêmicas e controversas, principalmente nos últimos tempos de sua carreira, marcada por escândalos, afastaram-me ainda mais do hoje chamado rei do pop. Incrível como o mundo é carente de um rei e por isso elege tantos reis: do rock, do pop, do baião, do futebol, das quadras, das pistas, entre outros.

Assistia na tv e na mídia de um modo geral, sua ascensão, fama e queda vertiginosa, com escândalos que iam de suspeitas e acusações de pedofilia a relacionamentos frívolos e falência financeira, até culminar com a fatídica parada cardíaca. De família adepta ao Russelismo, veio a se converter recentemente ao Islamismo, seguindo os passos de Cassius Clay (Muhammad Ali) e Mike Tyson - a nova mania das celebridades de misturar fama e religião, como Madona e seu judaísmo nada-ortodoxo.

Aqui no Brasil temos muitos artistas que, falidos na indústria fonográfica, ante o crescimento da fatia evangélica na pizza do gráfico social e das cifras do neo mercado evangélico, sucumbiram ao fascínio de se tornarem ídolos, ainda que para um número menor, e ganharem destaques em retorno triunfal. Cantores e atores cujo comportamento levanta suspeitas sobre uma verdadeira mudança de vida e por isso sua "conversão" dura somente até ao próximo convite para voltar à mídia secular. Usam os evangélicos como palco e picadeiro para não caírem no esquecimento e trampolim para retornarem à fama. Como não sou dado a generalizações, creio que existam conversões autênticas. Um pequeno número é verdade.

Ainda fazendo alusão ao texto do estimado amigo e à pergunta onde o Miguel (Michael) passará a eternidade, lembrei-me das plásticas e máscaras usadas em nosso meio pelos "reis" da música evangélica (pop?) e dos "ícones" dos crentes ávidos por sensacionalismo. Minha discussão é quanto ao lugar reservado na eternidade aos artistas evangélicos metidos a celebridades.

Onde passarão a eternidade os cantores evangélicos que cobram cachês para se apresentarem em nossos púlpitos e que cobram ingressos para assistirem seus shows? Ao insistirem na famigerada nomenclatura de culto de louvor, pioram mais a situação porque cobram para os "adoradores" terem acesso aos "seus louvores inspirados". E o que dizer dos cantores que no início de sua "carreira gospel" pediam aos pastores simples das igrejinhas pobres, na periferia das grandes cidades e nos interiores, uma oportunidade para louvarem ao Senhor com sua primeira gravação ("que o Senhor me concedeu", alegavam eles) e hoje só aceitam cantar nas grandes catedrais, cobrando adiantado e fazendo com que os dirigentes das igrejas assumam o compromisso de garantirem antecipadamente a venda de 200, 300 ou 500 Cds? Tudo isso para terem o privilégio de sua presença imprescindível. E mais: ninguém tem acesso à sua pessoa, pois quando alguém liga, quem atende é uma secretária que não tem autorização para passar a ligação para a estrela.

Onde estarão na eternidade os pregadores que maquiam suas agendas em favor das igrejas grandes que têm oferta maiores e cobram uma fortuna que eles chamam de "oferta de amor" ("só vou se me der tanto", dizem eles)? E os doutores que não sobem nos púlpitos sem o "seu" no bolso e que cobram até R$ 3.000,00 para darem uma palestra de uma hora, sem contar passagens aéreas e hospedagem? Concordo que a igreja que convida deve custear as despesas do convidado, mas daí fomentar e sustentar o estrelismo dos novos "reis" que o mundo evangélico elege é outra coisa.

Onde viverão eternamente os pastores que acham que vale tudo pelo poder e, que por perderem uma eleição, expõem a Convenção Geral ao ridículo e isso na mídia secular? Onde passarão a eternidade os pregadores metrossexuais com cabelos lisos, sobrancelhas feitas, lentes de contato e que exigem tratamento de superstar? Onde ficarão os manipuladores dos púlpitos que usam de astúcia em nossas igrejas e que barganham quando o assunto é dinheiro, tendo preferência pela oferta do último dia da festa, porque nos dois primeiros dias fazem o povo rir, entregam uma mensagem que massageia o ego dos ouvintes/contribuintes e sabem que no último culto da festa o templo estará lotado, o povo auto-sugestionado, disposto a contribuir, e fazem um apelo emocional para arrancar dinheiro do povo de Deus?

Não me considero radical ou fanático. Sou apenas uma voz, um blogueiro que louva a Deus por esse espaço, onde posso expressar com veemência toda a minha indignação contra a hipocrisia dos que manipulam a fé cristã em proveito próprio. Ainda que no deserto, como João Batista, tenho esperança de que um dia esse grito será ouvido na cidade e ecoará nos palácios.

Os Jacksons dos evangélicos estão por aí e só Deus sabe onde estarão na eternidade, mas vale lembrar as palavras do Senhor Jesus no Sermão da Montanha. Esse sim, um pregador! E que sermão!: "Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome não expulsamos demônios? E, em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade".

A Todos, a Paz!

sábado, 16 de maio de 2009

O QUE É TEORIA DA LACUNA?




“No princípio, criou Deus os céus e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas” (Gn. 1.1,2). A.R.C


Devido às últimas descobertas arqueológicas e o crescente interesse pela ciência nas últimas décadas, vem ganhando força em nosso meio e nos círculos teológicos, a chamada Teoria da Lacuna. Essa teoria foi defendida em 1876 por C. H. Pember em sua obra As Idades Mais Remotas da Terra e a Conexão delas com o Espiritualismo Moderno e a Teosofia. Outro defensor foi o Dr. Artur Custance, autor do livro Sem Forma e Vazia. Chambers a tornou popular utilizando-se das notas da Bíblia de Referência Scofield (1917). No Brasil, tornou-se conhecida através da obra de N. Lawrence Olson, O Plano Divino Através dos Séculos.

Também conhecida como Teoria do Caos, Teoria do Intervalo ou Teoria da Ruína-Restauração, representa uma aproximação entre criacionismo bíblico, darwinismo, cosmogonias (mitologia) e cosmologias modernas. É contestada por boa parte dos estudiosos em teologia pelo fato de tentar harmonizar a revelação da criação com as descobertas de outra teoria: a da evolução – embora Pember não fosse um evolucionista. Penso que, embora a Bíblia não seja um livro científico, mas religioso, não devemos temer a ciência, contudo, onde a ciência tentar sobrepor-se às Escrituras, devemos ficar com a Revelação, posto que a Revelação é a maior das ciências. Não é por menos que a teoria em discussão seja contestada pelos teólogos, visto que está repleta de erros, bíblica e teologicamente falando. Os defensores da teoria da ruína-restauração ensinam acerca de um pré-mundo habitado pelos anjos e por uma raça pré-adâmica, que esses teriam se rebelado com satanás e por isso teriam recebido o juízo de Deus através de uma grande inundação, conhecida como "o dilúvio de lúcifer" - onde raça pré-adâmica, leia-se homens pré-históricos e era dos dinossauros. Como se não bastasse, ainda tentam explicar a origem dos demônios, como uma classe diferente dos anjos, ao afirmarem que a raça anterior a Adão seria os espíritos desincorporados dos homens que se uniram à rebelião luciferiana. Todos sabem que a teoria da evolução é uma visão naturalista que pretende excluir a idéia de um Deus Criador Pessoal, explicando a origem de todas as coisas através de acontecimentos que teriam levado bilhões de anos. Ou seja, para eles as coisas aconteceram naturalmente. Muitos cristãos, mesmo alguns fundamentalistas, se deixaram levar por essa associação equivocada entre criação e evolução para defenderem a proposta de que Deus apenas teria dado o toque inicial e daí em diante passou a ser um supervisor da ordem evolutiva – isso mais parece deísmo. Mas a Bíblia afirma em Gn. 1.1: “No Princípio Criou Deus os Céus e a Terra” e os versículos seguintes mostram Deus como o sujeito em toda a obra criadora do universo.

De acordo com os defensores dessa teoria, a terra teria sido criada perfeita para ser habitada, mas devido ao juízo de Deus sobre a civilização anterior a Adão, o mundo veio a se tornar caótico e desabitado. Então, dizem eles, isso explica o fato de haver desordem e caos em Gn. 1.2. Todavia, o texto de Gênesis está nos ensinando que Deus criou todas as coisas e que o escritor está fazendo alusão ao primeiro estado da matéria. Se “bara” (verbo criar no hebraico) e “kitzo” (no grego) estão associados aos atos criativos de Deus ou ao que somente Deus pode fazer, visto que são ações impossíveis aos agentes humanos (Gn. 1.21, 27; 2.3,4; Dt. 4.32; Jó 38.7; Sl.51.10; Is. 40.26, 28; 42.5), temos por outro lado no latim a expressão creatio ex nihilo que, igualmente, nos conduz à noção do criado a partir do nada. Não é demais lembrarmos aqui as palavras do autor do livro aos Hebreus: “Pela fé entendemos que os mundos pela Palavra de Deus foram criados, de modo que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente” (Hb. 11.3). Portanto, o mundo foi criado pela Palavra a partir do nada e Deus não se valeu de matéria pré-existente ou modelos anteriores, nem mesmo no mundo espiritual como pretendem alguns, mas a Bíblia revela que a primeira matéria era informe e que o Espírito de Deus movia-se sobre a matéria recém-criada dando forma ao informe, enchimento ao vazio e ordenando o caótico.

Os “lacunistas” dizem que a expressão de Gn. 1.2 contendo “waw”, que corresponde à nossa conjunção “e”, permite a mudança do verbo do perfeito para o imperfeito. Assim, “era” pode ser traduzido por “tornou-se” ou “veio a ser” – alguns estudiosos do hebraico negam essa possibilidade, entre eles, Frederick Ross e Bernard Northrup, mas outros afirmam positivamente. Citam ainda, os defensores da teoria do caos, Is. 45.18 “... o Deus que formou a terra e a fez; ele a estabeleceu, não a criou vazia, mas a formou para que fosse habitada...”. Para mostrarem que a terra foi habitada anteriormente, apresentam citação isolada, tirada de seu contexto e, portanto, nada podem provar. O contexto aponta para a devastação da terra na região onde Ciro ampliava suas conquistas(1) e os teóricos da matéria em questão intencionalmente esquecem ou evitam o que está escrito no versículo 12a: “Eu fiz a terra e criei nela o homem”. Igualmente, a gramática da língua hebraica não permite, nessa estrutura frasal, que haja intervalo algum entre essas expressões do capítulo primeiro de Genesis.

Ora, a suma do que se pretende dizer é que a terra em seu estado primeiro, a primeira substância, era sem forma (heb. “bohu”) e vazia (heb. “wabohu”), e isso dá uma dimensão da obra criadora de um Deus Pessoal, que tem intelecto, sentimento e vontade, e por isso ordenou todas as coisas com inteligência, beleza e amor. Outro fator importante no relato da criação é a posição do escritor do Gênesis em sua confrontação com as narrativas existentes, negando as concepções mitológicas de seu tempo ou anteriores a ele. A Bíblia revela que houve um princípio, quando a matéria era ainda um caos, e o Deus Criador, por sua Palavra deu forma ao informe e encheu o vazio de vida e beleza, ordenando todas as coisas em seu lugar e estabelecendo leis perpétuas. Uma das definições que encontramos de Deus é: "Deus é Espírito Pessoal, perfeitamente bom, que, em santo amor, cria, sustenta e dirige tudo"(2). O adorno do Espírito Santo qual ave-mãe chocando um ovo (essa é a idéia no original) diz muito acerca do labor afetivo da Trindade para criar o universo e o homem.

(1) Ridderbos, J. - Isaías, Introdução e Comentário, p. 378.
(2) Langston, B. - Esboço em Teologia Sistemática, p. 33.

Fontes:
Derek Kidner - Genesis Intr. e Comentário.
Esdras Bento - Teologia e Graça.
Rev. Walter Lang - Criacionism.org

sexta-feira, 8 de maio de 2009

COMPARAÇÕES DA UNIÃO - SALMO 133


Texto: 1 OH! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união. 2 É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla das suas vestes. 3 Como o orvalho de Hermom, que desce sobre os montes de Sião, porque ali o SENHOR ordena a bênção e a vida para sempre (Salmo 133).

Introdução: O Salmo 133 faz parte dos salmos dos peregrinos ou dos salmos de romagem, também conhecidos como Cânticos dos Degraus. Os salmos que se enquadram nesse grupo vão do número 120 até o salmo de número 134. Aprendemos com os peregrinos, entre outras coisas, que o culto não começa no templo. De igual modo o culto cristão não começa dentro das quatro paredes. Para alguns o culto começa quando os hinos congregacionais são entoados pela Igreja, para outros quando toca o seu instrumento ou quando o pregador começa a explanar a Palavra de Deus, mas o verdadeiro culto tem sua origem no nosso coração quando nos predispomos a irmos à casa de Deus. O anelo do coração de Deus é expresso pelo salmista no salmo 133, e este anelo é a doce e boa comunhão entre os irmãos da Igreja, não importando raça, origem ou classe social. A Bíblia nos diz que somos todos um na pessoa de Cristo.
O salmista compara a união dos irmãos a três coisas:

I - Oferta Agradável - No livro de Levíticos, temos uma série de tipos de ofertas que podiam ser oferecidas ao Senhor (Lv. 1-7). Uma delas era a oferta de Manjares. Na oferta de Manjares era possível se ofertar grãos na espiga ou farinha (massa) e isso mostra dois tipos de crente, o crente que sempre se considera individualmente, que é arrogante, presunçoso e orgulhoso. Este tipo de crente é comparado ao grão, uma vez que preserva suas características naturais, mas é necessário que o grão seja moído para que haja farinha e seja deitado à farinha o óleo para que se possa fazer o bolo. Em Gl 3.28 a Bíblia nos diz: “Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus”, é necessário que deixemos as diferenças e, moídos, formemos uma só massa, para que o Espírito nos una com o óleo precioso e nos transforme em oferta agradável e de cheiro suave! (Rm 12,1,2).

II - Óleo Precioso (Unção) - O Salmista também compara a comunhão e a união dos irmãos como o óleo precioso que desce sobre a barba de Arão. Arão foi confirmado pelo Senhor como sacerdote do povo, quando Deus fez a vara florescer e dar frutos. Em Nm 17, a Bíblia nos conta como a vara de Arão floresceu e deu frutos. A vara que floresceu é um tipo de Jesus Cristo, que viveu, morreu, mas ressuscitou ao terceiro dia! Buda, Confúcio e todos os demais líderes de outras religiões morreram, mas somente Jesus ressuscitou e está vivo, exaltado à destra de Deus. Somente Ele floresceu e deu frutos! Deus deu ordem a Moisés para que se fizesse um óleo para que ungisse a todos os sacerdotes. Este óleo era tão precioso que ninguém podia fabricá-lo para o seu uso pessoal ou comercializá-lo. Não podia ser banalizado, pois, era símbolo da unção do Espírito Santo em nossas vidas. A Bíblia fala que o óleo era derramado sobre a cabeça de Arão e descia por todo o corpo até as orlas dos vestidos, ou seja, isso nos remete a Cristo que é a cabeça da Igreja. A unção foi abundante (Jo.3.34). Deus ungiu a Jesus com seu Santo Espírito e por conseqüência também fomos ungidos! (Is.61.1; Lc. 4.18;At.10.38 e Is.9.6).

III - O Orvalho do Hermom - O Monte Hermom é o Monte mais alto da Palestina, com cerca de 2.800m acima do nível do mar. Também Jesus recebeu um nome que está acima de todos os noemes (Fp. 2.9). No topo do monte há sempre uma coroa de neve que alimenta as nascentes do Rio Jordão e Ap.1.14 diz que Jesus glorificado tem sua cabeça e cabelos brancos como a neve. No verão, que vai de Abril a Outubro, o vento norte sopra (Ct. 4.16; Ez.37.9; Jo.20.22 e At.2.1,2) sobre o monte fazendo cair o orvalho sobre os montes de Sião, regando toda aquela região e trazendo renovo diário de vida. Ali o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre. Assim é a união dos irmãos!

Conclusão: A união do povo de Deus é comparada a uma oferta agradável de cheiro suave. Que cheiro tem a sua oferta? (Jo. 12.3). O óleo precioso é um tipo da unção do Espírito que veio sobre Jesus, o Cabeça, e o transbordar sobre o seu corpo, a Igreja (Is.9.6). Somente Ele tem a tríplice unção: Profeta, Rei e Sacerdote e a deu à Igreja. O orvalho de Hermom fala de renovo, reverdecimento, restauração, doação de vida e ordenação de bênçãos. Se sua vida está seca, o orvalho do Senhor vai reverdecê-la e trazer bênçãos dos céus!