sábado, 19 de dezembro de 2015

PREGAÇÃO E PREGADORES HOJE.


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"Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem, ou de sabedoria. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado" I Coríntios 2.1,2 (A.R.A)

Sou de um tempo não muito distante onde os pregadores eram conhecidos por sua intimidade com Deus e por suas mensagens centradas na Bíblia, em Cristo e na Cruz. Talvez por eu ser definitivamente fruto dos acontecimentos pós Reforma Protestante, do Pietismo e Movimento de Santidade, donde surgiu o pentecostalismo. Quem sabe é por que na minha juventude convivi com outros jovens inflamados e entusiasmados com a pregação do Evangelho (hoje todos são pastores ou missionários) ou por que os meus pastores ensinavam a orar, jejuar, ler a Bíblia e bons livros, e incentivavam a buscar o ministério e ganhar almas, lembrando-me sempre que o que ganha almas "sábio é". Talvez por que cresci lendo "Os Heróis da Fé""Eles Morreram Pela Fé" e depois de crescido aprendi a ler teimosamente Moody, Spurgeon, Martin Lloyd Jones, John Stott, John Piper, entre outros.

Os reformadores da primeira e segunda gerações nos deixaram um legado e nos ensinaram o significado de Sola Gratia, Solo Christus, Sola Fide e Sola Scriptura, e talvez por isso eu não consiga entender muito bem como uma mensagem não possa conter algo sobre a Graça, ter citações bíblicas, não ter Cristo como centro, sobreviver sem a Cruz e não promover Fé. Os pregadores de hoje têm uma facilidade enorme de ludibriar o povo, principalmente em nosso meio pentecostal, com chavões e jargões emotivos, sensacionalistas, antropológicos, filosóficos e, ultimamente, com encobertas expressões de auto-ajuda. Sinceramente não sei como essas mensagens podem sobreviver em nosso meio, ou melhor, sei sim. Nossa geração é uma geração movida pelo hedonismo e pelo imediatismo. Vivemos desejando o prazer e o triunfalismo imediatos a qualquer preço. Assim, todos anelam ouvir pregações que lhes enganem com falsas promessas de que as "coisas mudarão hoje", que o triunfo "começará agora" e com falsas profecias do tipo: "Deus me trouxe hoje aqui para falar com sua vida e vim como profeta de Deus""deixem-me profetizar nessa noite" ou "Deus mandou eu falar". Para eles a Bíblia não é o bastante, a revelação das páginas do Livro de Deus precisam de um acréscimo e, infelizmente, têm acrescentado inverdades que enganam o povo de Deus.

Senhores, desculpem meu quadradismo e meu conservadorismo exacerbado, mas não consigo ver uma mensagem sem base escriturística. Não consigo me concentrar em uma mensagem teologicamente pobre e de conteúdo duvidoso quanto à doutrina bíblica e não consigo glorificar a Deus ante uma mensagem onde o centro é o homem e não Deus, onde os testemunhos de milagres na vida do pregador falam mais alto que o brado da Cruz e que a "loucura" do Evangelho. Não consigo me alegrar em meu espírito, nem no Espírito Santo, quando vejo alguém utilizando-se de material de terceiros. Não consigo sentir-me à vontade quando percebo que ao mensageiro falta unção e graça para ministrar. É possível que meus 33 anos de fé tenham arrefecido alguma chama em mim, também é possível que meu tempo dedicado aos estudos em teologia tenha recrudescido alguma vertente nova, mas prefiro não ser tão emotivo e ter equilíbrio espiritual a ser um tresloucado que não sabe se rir com as palhaçadas do homem que fala ou se chora com seu "emocionante" testemunho de vitória. Eu preciso chorar com a Palavra, rir com a Graça, levantar as mãos no santuário quando o Espírito me mover, abrir os olhos ou fechar, levantar a cabeça ou baixar, ficar em pé ou sentar, abraçar ou não-abraçar ou dizer alguma coisa para quem está ao meu lado, quando sentir vontade de fazê-lo e não por que o homem do púlpito mandou ou insinuou.

Tenho percebido que, infelizmente, esses tais são os que mais ganham destaque e são os mais solicitados para pregar em grandes festas. Tenho visto que pregadores que pregam sobre a Cruz de Cristo estão sendo deixados de lado e tenho lido mais na mídia acerca dos fanfarrões evangélicos que dos verdadeiros anunciadores da mensagem do Calvário. Tenho acompanhado o sucesso meteórico de alguns e ouvido acerca de livros mau escritos, com conteúdos doutrinariamente reprováveis, somente para arrecadar dinheiro em portas de igrejas e sem nenhuma preocupação com métodos de pesquisa, com questões éticas ou citações bibliográficas.

Mas, alegro-me em ver que longe das luzes dos holofotes tem um grupo de gente comprometida com o Reino de Deus até o último fio de cabelo, para usar uma expressão cearense. Distante dos delírios das plateias embevecidas pela mentira com aparência de verdade, Deus tem "sete mil que não dobraram seus joelhos. À margem dos louros da fama tem um pequeno rebanho a quem ao Pai "aprouve dar o Reino". Na periferia das igrejas e no centro delas ainda tem alguns que misturam com simplicidade, "fé, amor e esperança", e que insistem em dependerem unicamente de Deus para serem o que são. Pregadores que podem dizer como o apóstolo Paulo: "Pela Graça de Deus, sou o que sou". 

Não, eu não sou um revoltado, escrevendo contra tudo e contra todos, atirando para todos os lados. Convivo há anos com pregadores e sei muito bem o que estou expondo.

"Certamente a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus" I Coríntios 1.18 (A.R.C).

Maranata. Ora Vem Senhor Jesus!
Deus abençoe a todos.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

BREVE REFLEXÃO SOBRE O PAI NOSSO.

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“Senhor, ensina-nos a orar...” Lucas 11.1

“Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome. Venha teu Reino. Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu. O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores. E não nos induzas à tentação, mas livra-nos de todo mal; porque teu é o Reino, e o poder, e a glória para sempre. Amém!” (Mateus 6.9-13)

Certa vez os discípulos de Cristo ao perceberem que seu Mestre orava continuamente, que João Batista orava com seus discípulos e que até os fariseus observavam a prática da oração, dirigiram a Ele uma petição humilde: “Mestre, ensina-nos a orar”.

Para orar precisamos, como os doze, ter consciência de nossa pequenez e humildade para reconhecermos nossa total dependência de Deus. Os discípulos reconheceram o valor da oração na vida do Mestre, mas apresentaram o modelo que eles conheciam: João Batista. Os fariseus eram o modelo do cotidiano religioso de seu tempo. Jesus, porém, apresentou-lhes um novo modelo, dentro de uma nova perspectiva: O PAI NOSSO. Podemos, com base na oração que o Senhor nos ensinou, fazer algumas considerações para nosso aprendizado.

Primeiro: Nem o Batista, nem os fariseus chamavam Deus de Pai nosso. Jesus ensina aos seus seguidores que mudou a relação, que El, Elohim, Yaweh e Adonai continuam sendo nomes de Deus, mas na nova aliança, devemos chamá-Lo de Pai. Somente os nascidos de novo entendem a importância da afetividade de uma oração que começa chamando o Divino de Pai. O “nosso” deu-se pelo motivo de Ele estar ensinando a um grupo (Mt. 6.9)).

Segundo: Devemos dirigir nossas orações aos céus, porque o Senhor está elevado sobre nós. Embora não esteja distante e nem se mantenha impassivo às nossas dores e aflições, encontra-se em estado elevado, como os céus, e habita a luz inacessível (I Tm. 6.16).

Terceiro: É-nos revelado que Deus é Santo e, portanto seu nome deve ser separado dos homens. Nome na Bíblia tem a ver com caráter, portanto, o nome de Deus é puro e deve ser santificado. Isso fala do caráter transparente de Deus. “Deus é luz. E não há nele treva nenhuma” (I Jo. 1.5).

Quarto: Jesus ensina-nos a convidar o Reino de Deus a ingressar em nossa esfera de vida. É mais que isso: Ele nos ensina a abrirmos mão de nossos próprios “reinos” aqui na terra e deixarmos Deus governar, reinar, dirigir, controlar nosso ser (espírito, alma e corpo), nossa casa (família), nosso tempo e nossos negócios (finanças, projetos).

Quinto: A oração do Pai Nosso ensina-nos também que devemos renunciar às nossas vontades que não estão concordes com a Vontade de Deus, que não glorificam a Deus, e abrirmos mão destas para aceitarmos com fé “a boa, perfeita e agradável vontade de Deus” (Rm. 12.2).

Sexto: Aprendemos ainda que Deus tem planos estabelecidos nos céus e na terra, e por isso devemos compreender a interação que há entre o mundo físico e o espiritual, o natural e o sobrenatural, a fim de que a vontade de Deus seja plena em todo o alcance do Seu Reino (Jo.18.36).

Sétimo: Jesus não esqueceu a aflição cotidiana que enfrentaríamos no mundo (Jo.16.33) e nos ensinou a depender de Deus diariamente. O pão de cada dia aponta para o pão físico e espiritual, como alimento para o corpo e para a alma (Mt. 4.4). Nossa dependência de Deus se dá, portanto, nos dois mundos onde Seu Reino está estabelecido.

Oitavo: Em uma oração ensinada por Jesus não poderia faltar perdão. Pedido de perdão de quem pecou (“nossas dívidas”) e perdão oferecido a quem pecou contra nós (“nossos devedores”). Há uma lição igualmente profunda aqui: quem não perdoa, não merece ser perdoado também (Mt. 6.14,15).

Nono: Aponta a tentação como um campo abismal onde podemos cair, nos conclama a confiarmos em Deus e não em nossas próprias forças ou mentalizações. É um pedido de livramento antecipado, outra face da dependência da Graça para não pecar. Como se disséssemos: “sabemos que o mal pode nos vencer, mas se Tu estiveres conosco seremos inatingíveis" (Rm. 8.31-39).

Décimo: Termina com a declaração de que o Reino, o Poder e a Glória pertencem a Deus para sempre, isto é, somente Ele deve reinar, exercer poder e receber glória hoje e por toda a eternidade (Ap. 11.15).

Maranata. Ora Vem Senhor Jesus!
Deus abençoe a todos.

sábado, 12 de dezembro de 2015

A POBREZA DO MOVIMENTO GOSPEL

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A cada dia que passa uma ala dos evangélicos brasileiros assume uma característica muito interessante. Com o crescimento da chamada igreja evangélica, tem crescido também um espécie de subproduto: o movimento gospel. Marcado pelos shows business, os crentes "gospels" têm assumido um aspecto dicotômico de fervor litúrgico e desprezo pela oração coletiva. Interessam-se pelos encontros, os "vigilhões",  e aderem a movimentos cada vez mais musical e cada vez menos bíblico. Imitam modas e costumes mundanos, seculares, sem reservas, sem se preocuparem com as consequências da aproximação dos valores de uma sociedade sem Deus. Anelam pelo lançamento dos próximos trabalhos dos cantores profanos como se fora cantores sacros, perdendo, assim, a paixão e a admiração pelos verdadeiros hinos clássicos de louvor. Leem cada vez mais livros de autores não-cristãos cujas mensagens falam de perversão e violência. Acompanham a ética deste século e abrem mão dos princípios cristãos com muita facilidade, bastando expressarem um "tem nada a ver".  

Alguns adeptos desse novo momento na igreja evangélica chegam mesmo a afirmarem que o importante é não estarem no mundo. Comparo o simplesmente "estar" na igreja com o "ficar" desses relacionamentos frívolos, sem compromissos. Assim, muitos "estão" na igreja (templo-comunidade), mas não são Igreja do Senhor Jesus, Organismo Vivo, Pedras Vivas, Corpo de Cristo. Visto por essa ótica, o movimento gospel é superficial, raso e oco: não tem raízes, alicerces, fundamentos da fé cristã; não têm profundidade na comunhão com o Corpo; e nem conteúdo bíblico-doutrinário. Suas músicas são frenéticas e fracas, com rimas e poesias pobres. Suas mensagens vazias, frias e repletas de apelos emocionais. Seu corpo doutrinário é destituído da doutrina da piedade e, portanto, doentio, posto que não abrange todo o "conselho de Deus".

Para eles o mais importante é o "ôba-ôba", a mídia, estar na "crista da onda", etc., e tudo isso em nome de Deus. Infelizmente, igrejas, já há muito tempo instituídas, que trazem um escopo doutrinário responsável e equilibrado, seduzidas por esse movimento, acabam por venderem-se ao mundo gospel, contratando cantores e pregadores para a realização de cultos-shows, haja vista a atração de multidões para as festas religiosas de suas denominações ou ministérios. Cantores e pregadores sem congregar há meses, portanto, sem acompanhamento pastoral, viajando o país e o mundo como se fossem missionários itinerantes, levam as gentes ao delírio ao som de baladas, axé, forró, samba, funk e pancadão gospel.

Nesses circuitos, festas juninas recebem nome de "jesuínas", enquanto a evangelização é a justificativa para a criação do bloco de carnaval (ou seria "espiritoval"?) e o octógono das lutas sangrentas visam o mesmo fim missionário. Cerveja sem álcool, cigarro sem nicotina, point movido a chopps e sexshop são as mais recentes novidades desse modelo cristão que pervertem o Evangelho de Jesus Cristo.

Não culpo a geração de jovens. Culpo, porém, a geração de pastores irresponsáveis que fazem de tudo para atrair pessoas para suas igrejas sem se preocuparem se estão convertidas ou não. Culpo os novos líderes que, movidos pela ganância, buscam qualquer tipo de atividade para arrecadarem dinheiro sob o discurso do método de crescimento de igrejas. Não isento de culpa os marqueteiros nas igrejas e nas empresas de publicidade gospel que estão dispostos a venderem suas próprias almas ao diabo para fazerem sucesso nesse novo mercado.

A igreja precisa de renovo para assumir o seu lugar de destaque no mundo e não de estratagema humano para ocupar espaço puramente midiático. O Corpo dos regenerados necessita de Graça para serem "luz do mundo" e "sal da terra" e carece da presença de Deus nos cultos e em suas vidas. A Noiva do Cordeiro reclama por um novo tempo, movido pelo Espírito Santo e não por toscos "reverendos" e "profetas" espiritualmente malogrados. Os Santificados em Cristo precisam da verdadeira explanação da Palavra de Deus e do substancial conteúdo bíblico tão escassos em nossos dias.

P.S. Você pode até não concordar comigo, mas seja educado em seu comentário e eu o publicarei.

Maranata. Ora vem Senhor Jesus.