segunda-feira, 6 de julho de 2009

MAIS ABSURDOS DO CHAMADO MERCANTILISMO EVANGÉLICO

Fiquei estarrecido com o que li, há pouco, no blog Manhã com a Bíblia, do estimado Pr. Geremias do Couto. O conhecido escritor revela, em um texto curto, sua indignação com mais um disparate dos "levitas" de nossos tempos, para não dizer celebridades da fé.

A festa de aniversário da cidade de Teresópolis, Rio de Janeiro, contava com a presença de um "cantor" evangélico, que o pastor e blogueiro carioca prefere não revelar o nome. Os organizadores da festa decidiram mudar o local da reunião, que seria em um ginásio, uma vez que a celebridade evangélica não poderia comparecer devido a alta soma que teria pedido. Pasmem, nosso pseudo-irmão, muito generoso, teria cobrado "apenas" R$ 25.000,00 para se apresentar e os promotores, claro, cancelaram o evento no ginásio. O que mais me chamou a atenção e a do estimado articulista também, é que nós, evangélicos, para lotarmos um ginásio precisemos desse tipo de atração. Incrível! A igreja está crescendo horrores, estamos construindo templos com 10.000 assentos e fala-se até em locais de reuniões para 30.000 pessoas, somos cerca de 50 milhões no Brasil (ou quase isso), temos a maior igreja pentecostal do mundo (1) e não conseguimos encher um ginásio se não tivermos um astro entre nós?!

De quem seria a culpa por esses "cachês" tão altos? Daqueles que fomentam esse tipo de espetáculo em suas igrejas e festas, seja de jovens, de circulo de oração, aniversários de templos, etc, isto é, a culpa é dos que alimentam essa modalidade de louvor que não exalta a Deus. Ficamos à mercê de uma dúzia de gente que promove emocionalismos e sensacionalismos baratos, louvores mântricos, ocos e sem propósito de exaltarem a Deus.

Não quero bancar aqui o "Zé do Apocalipse", mas estamos no fim. Esse tipo de comportamento é inaceitável em nosso meio. Não faz muitos dias, li também na internet, que um pastor evangélico estaria oferecendo cinco milhões de reais pelas madrugadas do SBT e detive-me no comentário de um irmão que dizia: "Já exitem muitos programas de igreja na TV (...) porque não investem em obras sociais?". Nunca pensei que um dia concordaria com esse tipo de pensamento, pois sou um dos defensores de que a igreja deve usar a mídia para evangelizar o mundo. Porém, o que estamos vendo é que os chamados tele-evangelistas não estão promovendo o Reino de Deus, e sim seus interesses próprios e seus pequenos reinos aqui na Terra. Investem cinco milhões de reais porque sabem que irão arrecadar outros vinte. Não estão pensando em almas, nem em mudar a condição espiritual e social de nosso povo tão sofrido. A visão é marketeira e a situação é mercantilista e absurdamente abusiva, principalmente no que diz respeito a pedirem ofertas descaradamente, fazendo inclusive caras e bocas de piedade para comoverem e convencerem os telespectadores a contribuirem. Frases como: "Gente, vocês não sabem, como é difícil manter um programa de televisão no ar", me enojam. Se não podem sustentar o programa não entrem no círculo televisivo e não envergonhem o Evangelho. Alguns pastores assembleianos também estão usando do argumento da "semente", levando, astuciosamente, outros para testemunharem em seu favor, dizendo "plante no programa de fulano" e você vai ser muito abençoado. E os crentes incautos deixam de contribuir com suas igrejas locais para contribuirem com esses aventureiros. Outros têm usado os testemunhos de milagres como fonte de renda, para promoverem uma campanha, que é uma verdadeira cruzada em território nacional, para obterem um milhão de dizimistas. Bons tempos aqueles em que os verdadeiros evangelistas sonhavam com um milhão de almas.

Qual seria o porquê desses pastores de palco não falarem na Cruz de Cristo e na salvação pela fé, na vinda de Jesus, na renúncia diária, na doutrina da santificação? Por que os novos cantores evangélicos têm variado tanto seus repertórios com uma música de cada rítmo: rock, lambada, axé, salsa, merengue, forró e até samba? Seria para se contextualizar e evangelizar ou para atender todos os gostos e assim venderem mais cds? Sem citar nomes, o que se vê é uma disputa acirrada por espaços na mídia e nada de visão de Reino.

Por esses dias visitei muitas páginas e percebi que sobraram farpas para todos os lados e a maioria delas recaiu, principalmente, sobre a cabeça de um cantor cuja música está fazendo muito sucesso. Mas nossas músicas, de um modo geral, são muito desprovidas de conteúdo e inspiração bíblica. Não apenas o que está tocando em todas as rádios deve ser alvo de nossas críticas, mas toda a gama de novos cantores que se dizem evangélicos. Além da má qualidade, a forma mercantilista como tratam seus "ministérios" - é assim que eles nominam - tem envergonhado a igreja na mídia e no mundo secular.

Quero concluir com duas expressões do Senhor Jesus, o Mestre dos mestres: "De graça recebestes, de graça dai" e "Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus"!
Maranata, ora vem Senhor Jesus!

Deus abençoe a todos!

(1) A Assembleia de Deus no Brasil é considerada a maior igreja evangélica pentecostal no mundo. Claro está que trata-se de uma referência à reunião de todos os ministérios e, portanto, convenções que levam esse nome.