quarta-feira, 17 de novembro de 2010

DEUS PODE MORRER? E CRISTO?

Vivo procurando artigos interessantes para suprir minha escassez de tempo (e intelectualidade) nos tempos de correção de provas da Faesp. Hoje encontrei essa pérola do Dr. William Lane Graic no blog da minha amiga Rô. O Mulheres Sábias (nome do blog da Rô), que eu indico para que sigam,  sempre traz textos edificantes e pertinentes à causa teológica, como debates e entrevistas com blogueiros. Vale a pena conferir. 
Vejam com que simplicidade, segurança e autoridade, o Dr. Craig fala sobre o assunto da encarnação, dupla natureza e única personalidade de Jesus Cristo. Profundo e simples. Boa leitura! 

Questão:

Olá Dr. Craig,
Eu gostaria primeiramente de agradecê-lo pelo tempo e trabalho que você dispensa ao seu ministério. Tem me beneficiado grandemente e foi o seu exemplo que me fez estudar e conseguir uma graduação em filosofia.
Sobre a minha questão, eu nunca consegui uma resposta clara a ela. Quando Jesus morreu na cruz, Deus morreu? Se sim, a essência de Jesus verdadeiramente morreu?
Esta questão realmente me incomodou enquanto eu estava escutando a música “And Can it Be?” [E pode ser?]. Tem uma parte nela, no fim do coro, que diz “Amazing Love! How can it be that Thou my God shoudst die for me? Amen!” [Grande amor! Como pode ser, Tu, meu Deus, morrer por mim? Amém!].
Eu nunca consegui uma resposta clara e concisa para esta questão e parecem existir diferentes opiniões entre os teólogos sobre a natureza desta questão. O pastor John MacArthur parece acreditar que Deus morreu, uma vez que Jesus é Deus. Já R. C. Sproul discorda e acredita que Deus não pode morrer.
Eu não consigo entender como pode ser possível que Deus pudesse verdadeiramente morrer. Por que se Deus pudesse, Ele não seria um Ser metafisicamente necessário. Mas isto é impossível porque, por definição, Deus deve ser necessário. Assim, quando Cristo morreu na cruz, foi apenas sua parte humana que morreu?
Esta é uma questão difícil, e eu apreciaria muito se você pudesse lançar alguma luz sobre ela.
Muito obrigado,
Jesse

Resposta do Dr. Craig:
Não pude resistir à sua questão, Jesse, uma vez que ela apela ao meu hino favorito, o magnífico “And Can it Be?”, de Charles Wesley. Eu desafio qualquer cristão que conheça apenas músicas de louvor e adoração a ouvir este hino e contemplar sua maravilhosa letra sobre o incrível amor de Deus.
Sua questão é uma das que confunde nossos amigos muçulmanos e é, portanto, muito urgente. Felizmente, a Igreja cristã histórica já discutiu esta questão de forma clara.
O Concílio de Calcedônia (451) declarou que o Cristo encarnado era uma pessoa com duas naturezas, uma humana e outra divina. Isto gerou consequências muito importantes. Isto implica que, uma vez que Cristo exista antes de sua encarnação, ele era um ser divino antes de falarmos sobre sua humanidade. Ele foi e é a segunda pessoa da Trindade. Na encarnação, esta pessoa divina assume uma natureza humana também, mas não há outra pessoa em Cristo além da segunda pessoa da Trindade. Existe um acréscimo de natureza humana que o Cristo pré-encarnado não tinha, mas não há acréscimo algum de uma pessoa humana à pessoa divina. Existe apenas uma pessoa, com duas naturezas.
Portanto, o que Cristo disse e fez, Deus disse e fez, uma vez que quando falamos de Deus, estamos falando sobre uma pessoa. Esta é a razão do Concílio falar de Maria como “a mãe de Deus”. Ela carregou no ventre uma pessoa divina. Infelizmente, esta linguagem tem sido desastrosamente interpretada, porque soa como se Maria tivesse dado a luz à natureza divina de Cristo quando de fato ela deu a luz à natureza humana dele. Maomé aparentemente ensinou que os cristãos acreditavam que Maria era a terceira pessoa da Trindade, e Jesus era o descendente da relação entre Deus Pai e Maria, uma visão que ele corretamente rejeitou como blasfema, não obstante nenhum cristão ortodoxo a abraçasse.
Para evitar tais desentendimentos, é proveitoso falar do que ou como Cristo fez em relação a uma das suas naturezas. Por exemplo, Cristo é onipotente em relação a sua natureza divina, mas é limitado em poder em relação a sua natureza humana. Ele é onisciente em relação a sua natureza divina, mas ignorante sobre vários fatos em relação a sua natureza humana. Ele é imortal quando nos referimos a sua natureza divina, mas mortal quando nos referimos a sua natureza humana.
Você provavelmente já consegue entender agora aonde eu quero chegar. Cristo não poderia morrer em relação a sua natureza divina, mas ele poderia morrer em relação a sua natureza humana. O que é a morte humana? É a separação da alma do corpo quando o corpo cessa de ser um organismo vivo. A alma sobrevive ao corpo e se unirá com ele novamente algum dia em forma ressurreta. Foi isto que aconteceu com Cristo. Sua alma se separou do seu corpo e seu corpo cessou de viver. Por alguns instantes ele desencarnou. No terceiro dia Deus o ressuscitou dos mortos em um corpo transformado.
Em parte, sim, nós podemos dizer que Deus morreu na cruz porque a pessoa que submeteram à morte era uma pessoa divina. Então Wesley estava totalmente correto em perguntar “Como pode ser, Tu, meu Deus, morrer por mim?”. Mas dizer que Deus morreu na cruz é conduzir erradamente a questão, da mesma forma como fazem quando dizem que Maria era a mãe de Deus. Assim eu acho melhor dizer que Cristo morreu na cruz em relação a sua natureza humana, mas não em relação a sua natureza divina.
Tradução: Eliel Vieira
Materia extraida do site;/Arminianismo.com

Maranata. Ora Vem Senhor Jesus!
Deus abençoe a todos.

6 comentários:

Pr jneves disse...

Muito bom este artigo e este tema. Me fez lembrar um debate no seminario.
Deus te abençoe!

Pastor Guedes disse...

Prezado Pr jneves, a paz!

Agradeço por sua visita e comentário.

Sem dúvida é palpitante.Confesso que Cristologia, dentre os temas teológicos, é o assunto que mais me desperta o interesse.

Abraço.
No Amor de Cristo!

Pr. Cassio Castelo disse...

Muito bom mesmo!

Deus abençoe,
Abraços!

Pastor Guedes disse...

Caro Pr. Cássio,

A paz do Senhor1

Agradeço por sua visita e comentário.

Da próxima vez não precisa economizar tanto as palavras rsrsrsrs.

Forte Abraço.
No amor de Cristo!

Maty disse...

Excelente texto, muy buen aporte pastor, como siempre.

Sólo me vino una pregunta a la cabeza, entiendo completamente el texto, lo sé y lo asumo sin ningún problema, pero nuestro Señor Cristo Jesús, resucitó en cuerpo y alma, ¿verdad? , el cuerpo no se hayaba en el sepulcro, ¿cierto?
Bendiciones!!!!!

Pastor Guedes disse...

Prezada Irmã Maty,

A Paz do Senhor!

Gracias por su visita!

Sim, é isso mesmo! A irmã está certa. O Senhor Jesus quando assumiu a natureza humana recebeu um corpo, um espírito e uma alma humana e seu corpo não ficou na sepultura. Também nós ressuscitaremos no dia de Sua Vinda gloriosa!!!

Dios le beniga!