! BLOG DO PASTOR GUEDES
Teologia, Igreja, Família e Sociedade
terça-feira, 28 de outubro de 2025
quinta-feira, 14 de outubro de 2021
Texto: Gn. 26.18-22 “E tornou Isaque, e cavou os poços de água que cavaram nos dias de Abraão, seu pai, e que os filisteus taparam depois da morte de Abraão, e chamou-os pelos nomes que os chamara seu pai. Cavaram, pois, os servos de Isaque naquele vale e acharam ali um poço de águas vivas. E os pastores de Gerar porfiaram com os pastores de Isaque, dizendo: Esta água é nossa. Por isso, chamou o nome daquele poço Eseque, porque contenderam com ele. Então, cavaram outro poço e também porfiaram sobre ele. Por isso, chamou o seu nome Sitna. E partiu dali e cavou outro poço; e não porfiaram sobre ele. Por isso, chamou o seu nome Reobote e disse: Porque agora nos alargou o Senhor, e crescemos nesta terra” (ARC).
Introdução:
todos os povos de características pastoris, como os hebreus em sua
vida seminômade, buscavam fugir de lugares áridos para
manterem sua própria subsistência e a de seus rebanhos. As
civilizações mais antigas e as grandes cidades têm seu nascedouro
ou suas origens à margem de um importante rio. Foi assim com o Egito
(Nilo), a Índia (Ganges), Inglaterra (Londres - Tâmisa), França
(Paris - Sena), Israel (Jordão), Brasil (Amazonas, São Francisco,
Paraná, Tocantins, Tietê entre outros). Isso por que a água é
fonte de vida e fundamental e essencial para a manutenção da vida
na terra. Por essa causa os desertos são desabitados e sem vida, sem
água, sem rios, sem árvores e seus frutos, sem gado ou aves,
restando-lhe somente a sobrevivência de serpentes, aves de rapina e
escorpiões.
1 – Os Poços de Abraão.
Abrão
morava em Ur dos Caldeus, na Mesopotâmia (região entre rios),
banhada pelo Rio Tigres e o Rio Eufrates, quando foi chamado para ir
para “uma terra que mana leite e mel”. Essa expressão significa
lugar de terra fértil e próspera, “onde se plantando, tudo se dá”
(1).
A necessidade de água era tão intensa que em seu chamado, Abrão seguiu margeando o grande Rio Eufrates, subindo ao Norte para depois descer para o Sul já dentro dos limites da terra da promessa. Sua caminhada de Ur até ao centro da lhe rendeu cerca de 940 km em suas peregrinações, enquanto em uma linha reta levaria apenas cerca de 640 km, porém, havia um deserto enorme para atravessar. Ao chegar na terra prometida Abrão enfrentou fome, ora a fome, geralmente é provocada pela escassez de água, pela seca. Assim, viu-se obrigado a ingressar no Egito e mais tarde peregrinar nas terras filisteias e cavar poços para manutenção de sua vida, seus familiares, seus servos e seus rebanhos. Os períodos de fome e peregrinação em Gerar deram-se antes do nascimento de Isaque. Em Gn. 12.10-20, o patriarca foi para o Egito, de onde trouxe Agar como serva de Sara e em Gn. 20.1, começa sua peregrinação pelas terras dos filisteus, tendo Isaque nascido somente no capítulo 21. Isso posto, seria bom asseverarmos a importância da tradição oral no período patriarcal e a necessidade de se conhecer a história de nossos pais. Isto é, Isaque tomou conhecimento das peregrinações de seu pai por que havia diálogo entre eles. Em sua peregrinação nas terras dos filisteus cavou poços nas terras de Gerar, donde tirou água para sua família e seus rebanhos.
2 – Os Poços de Isaque
Isaque seguiu os passos de seu pai Abraão até mesmo nas meia-verdades, negando que Rebeca era sua esposa, assim como Abraão omitiu o fato de Sara ser sua meia-irmã. E isso por que ambas eram muito formosas. O filho da promessa também enfrentou muitos obstáculos, posto que o seu rebanho havia crescido, aparentemente, mais que o de seu pai, sendo chamado de rico e poderoso.
Em sua peregrinação Isaque fez o que todo filho faria: morar na terra que seu pai recebeu de Deus e cavar, ou melhor, desentulhar os poços de seu pai que os filisteus haviam entulhado. Há aqui uma interessante lição para nós: os filisteus de hoje não estão tão interessados na água, preferindo entulhar, jogar lixo, na doutrina da Igreja.
O contexto aponta para o versículo 1, que diz: “E havia fome na terra, além da primeira fome, que foi nos dias de Abraão; por isso, foi-se Isaque a Abimeleque, rei dos filisteus, em Gerar.”
Notemos que mesmo a terra que Deus prometeu aos patriarcas estava sujeita a secas e consequentemente a fomes e necessidades imprevisíveis. A Bíblia deixa claro que essa fome era diferente da primeira fome nos dias de Abrão (Gn. 26.1) para que não se rotulasse esse episódio como duplicação de texto por conta da crítica bíblica.
Certamente a intenção de Isaque era descer ao Egito exatamente como seu pai, pois em Gn. 26.2, o Senhor orienta o patriarca a não descer ao Egito, pois a descida de Abrão à terra dos egípcios lhe trouxe muitos males – entenda-se Agar e Ismael – mas, ficasse nas terras de Gerar, pois o Senhor seria com ele (Gn. 26.3). Em outras palavras, Deus estava dizendo: “creia na minha provisão” ou “aqui mesmo lhe darei água”, ou ainda: “procure água aqui que você vai encontrar”. Deus abençoou muitíssimo a Isaque. Este semeou e colheu 100 vezes mais para que não aceitasse presentes de Abimeleque, como seu pai havia Abraão feito no passado. Essa história ocorreu cerca de 100 anos após as viagens de seu pai, logo torna-se desnecessário aventar o que já se é sabido: que Abimeleque e Ficol são títulos e não nomes próprios.
Isaque, que conhecia a história de seu pai – como é bom conhecer a história de nossos pais – com bravura, pôs-se a desentulhar os poços de seu velho, porém encontrou obstáculos. Os filisteus não queriam o seu crescimento e a sua prosperidade. Mesmo com a ameaça da fome na terra, a recompensa por sua obediência encontra-se nos versículos 12 a 14: se engrandeceu, prosperou, seus rebanhos cresceram e tornou-se rico e muito grande o varão Isaque e, devido ao seu crescimento, riqueza e prosperidade, os filisteus o invejaram e entupiram os poços que Abraão cavara. Logo que surgiu a necessidade de se obter água, ele resolveu, outra vez, seguir os passos de seu pai e passou a cavar os poços antigos que o velho Abraão tinha cavado, mas que agora encontravam-se entulhados pelos filisteus. Todavia, vemos nessa atitude de seus inimigos um meio de Deus levá-lo de volta à terra da promessa e, especificamente, a Berseba. Foi necessário passar pelo Vale de Gerar para alcançar Largueza (Reobote) e Juramento de Promessa (Berseba).
*Curiosidade: A Mishna, tradição rabínica, parte do Talmude, relata que quando Isaque desentulhou os poços, a água jorrou, mas quando os inimigos tomaram seus poços, os poços secaram. Quando mais tarde devolveram os poços para ele, as águas tornaram a jorrar.
O entulho dos poços não poderiam ser um obstáculo para Isaque, pois ele sabia que sob aquele lixo ainda corriam nos lençóis freáticos, as águas vivas, que há cerca de 100 anos, havia dessedentado seus pais e seus rebanhos. Faz-se oportuno aqui uma breve reflexão, pois os adversários do Evangelho estão querendo entulhar, jogar o lixo do secularismo, do relativismo e da imoralidade em nossas igrejas e em nossas doutrinas basilares. Cabe, portanto, a nós, desentulharmos o quanto pudermos das nossas denominações o lixo doutrinário e litúrgico dos hereges que se dizem cristãos e descontaminar a superfície das igrejas que ensinavam a sã doutrina e orar para que as tais sejam revitalizadas, posto que as águas límpidas do Espírito estão prontas a jorrar onde houver fé genuína (Jo. 4.13,14; 7.38,39).
Por quê os Filisteus entulharam os poços?
Porque invejaram a bênção de Deus sobre a vida de Isaque, que prosperava mesmo em meio à crise e à escassez de pão. Os dicionários definem a inveja como: o desgosto provocado pela felicidade ou prosperidade alheia; desejo irrefreável de possuir o que é de outrem.
Logo, a inveja é o sentimento de quem sofre por não experimentar o bem, o crescimento e a prosperidade do outro; é fruto da necessidade de ter, possuir, o que pertence ao outro. A prosperidade de Isaque causou inveja aos moradores de Gerar e estes resolveram prejudicar o jovem empreendedor que tinha a bênção do Deus Poderoso (Gn. 26.14-16) expulsando-o de suas terras. Porém, os filisteus, que pretendiam fazer o mal a Isaque lhes faziam bem, pois que ao o expelirem de suas terras, na verdade o empurravam cada vez mais para Berseba, a terra da promessa.
2.1 – O Poço de Eseque:
Eseque significa contenda, posto que os filisteus contenderem com Isaque acerca da posse do poço e das águas. Contenda tem o significado de luta, combate, guerra, altercação, rixa, discussão, discórdia, etc. É o mesmo que “discórdia” em Gl. 5.20 (NVI), ou “porfia” (ACF) ou ainda “as brigas” (BLH), sendo uma obra da carne. Portanto, quem cava poço para contender, bebe água amarga e se enche de inveja. Fiquemos com os sábios conselhos do apóstolo dos gentios: “Não vos embriagueis com vinho onde há contenda, mas enchei-vos do Espírito” (Ef. 5.18), e lembrando que “ao servo do Senhor não convém contender, mas ser manso para com todos…” (II Tm. 2,24). Pacífico, o patriarca abriu mão do seu direito e continuou a cavar novos poços.
2.2 – O Poço de Sitna:
Após o episódio de Eseque, o filho da promessa encontrou outro poço que seu pai cavara e ao desentulhá-lo, novamente os filisteus puseram-se frente a ele para fazer-lhe nova afronta. Por ocasião desse ocorrido, Isaque o chamou de Stina, que tem o significado de ódio, de inimizade e acusação. O filho de Abraão foi acusado de tomar os poços dos moradores daquela região. Interessante que a expressão “sitna” vem da mesma raiz que a palavra satanás. Ambas derivam da raiz semítica šṭn, significando hostil ou adversário hostil, oponente. Assim, vemos aqui as mãos do arqui-inimigo de Deus lutando contra o herdeiro das promessas feitas a Abraão. Também vemos em Gl. 5.20 essa expressão, “ódio” e “inimizade”, como sendo uma obra da carne. Como em Rm. 8.8 está expresso que “os que estão na carne não podem agradar a Deus”, devemos deixar esses “poços imundos” (Hino 523 da HC) e buscar beber da fonte de água da vida que procede do Trono de Deus e do Cordeiro (Ap. 22.1) e fazer um convite aos sedentos, como em Ap. 22. 17: “ O Espírito e a Noiva dizem: ‘Vem’! E quem ouve diga: ‘Vem’! E quem tem sede venha; e quem quiser tome de graça da água da vida”.
2.3 – O Poço de Reobote:
A perseverança de Isaque nos traz muitos ensinamentos. Somente quem tem a palavra de Deus e a promessa de que será abençoado em meio à crise (Gn. 26.3), pode permanecer firme em suas convicções. Apesar das contendas em Eseque e do ódio e inimizade destilados pelos seus adversários em Stina, o patriarca continuou cavando poços até que chegou a um lugar onde não havia o aperto e o incômodo de muitos pastores e rebanhos. Cavou um poço e colocou o nome de Reobote, que traz o significado de “alargamento” A perseverança é, sem dúvida, a grande virtude dos vitoriosos. Deus direcionou o filho de Abraão para um lugar de largueza e prosperidade. A insistência do “pedi”, “batei” e “buscai” que ensinou o nosso Mestre em Mateus 7.7, faz-se ver nos passos desse grande homem de Deus. Maior que o rei Midas, das fábulas, Isaque tinha o faro das bênçãos e a bússola da vitória em Deus. Insistiu, perseverou, não desistiu, cavou um poço, cavou outro e mais um até que encontrou paz contra os seus adversários e prosperidade. Que lição de vida: cavemos, pois, porque a nossa perseverança será coroada por Deus. Enquanto cavamos, cantemos como o povo fez em Números 21.16-18, onde o Senhor mandou ajuntar o povo para lhe dar água: “Sobe poço, e vós cantai dele: ‘Tu, poço, que cavaram os príncipes, que escavaram os nobres do povo e o legislador com os seus bordões”.
2. 4 – O Poço de Berseba:
Já abençoado com o poço do alargamento, Isaque chega a Berseba, lugar dantes habitado por seu pai Abraão. O Senhor lhe aparece segunda vez e confirma a Suas Palavras em sua vida como herdeiro das promessas. Ele levanta um altar e arma a sua tenda, enquanto seus servos cavam um novo poço. Nesse ínterim chegam Abimeleque e Ficol para selarem a paz com o Príncipe de Deus, dizendo-lhe: “Agora tu és o Bendito do Senhor” (Gn. 26. 29). Por medo e não por mera diplomacia os habitantes da Filistia vieram fazer uma aliança de paz, pois aquele que um dia havia sido oferecido em holocausto (Gn. 22), tornara-se o homem mais poderoso daquela região.
Berseba significa poço do juramento. Ali Abimeleque jurou nunca mais atacar Isaque, seus pastores e seus rebanhos. Vale ressaltar a semelhança desse evento com o episódio ocorrido nos tempos do pai da fé em Gn. 21.22ss: Esse nome não é uma duplicação de Gn. 21,24-32, como muitos pensam. Seu pai chamou o lugar de Berseba, fazendo alusão aos sete cordeiros oferecidos no pacto: “poço do sete” (sheba). Isaque, por sua vez, dá o mesmo nome que seu pai (Gn. 26.18) devido à descoberta de água no dia que o juramento (shaba) foi feito. Para Abraão aquele era o “poço do sete”, mas para Isaque aquele era o “poço do juramento”, ambas as ideias são expressas pelo mesmo nome, “Berseba”. (2)
A palavra Shibah (sib’â, sete) é uma variante de sheba; (cf. AA: “Seba”). Quer se trate do poço de Abraão, agora reaberto (21:30,31; cf. 26:18), quer de outro (cf. Js. 19:2?), o nome Berseba passa agora a comemorar dois compromissos diferentes. (3)
Sobre o nome Abimeleque e Ficol, Derek-Kidner, afirma que dar o nome do avô (“avitonímia”) foi costume em várias épocas. E detalha esse costume na civilização egípcia nos seguintes termos: “a casa real e uma família de governo provincial mantiveram esta norma lado a lado por quatro gerações, de modo que Ammenemes I nomeou Khnumhotep 1, e seu neto Ammenemes IInom e ou Khnumhotep II. Alternando com eles, Sesóstris I e II nomearam Nakht I e II, e certas negociações se repetiam também. Não obstante, estas não constituem conteúdos literários duplicados”. (4)
Conclusão:
Cavar poços não é tarefa das mais fáceis, requer técnica apurada, pois deve haver perícia na procura, no uso dos instrumentos, desde o mais primitivo, como varinhas em forma de “v” até aos sistemas mais avançados de sondas que pescrutam as cavidades da terra. A Bíblia cita no livro do profeta Jeremias que o povo de Deus (Israel) fizera duas maldades: a) “deixaram a Mim, o Manancial de Águas Vivas”; e b) “cavaram para si cisternas rotas, que não podem conter as águas” (Jr. 2.12,13). Na verdade, o Senhor expressa sua indignação, exclamando: “Espantai-vos disto, ó céus, e horrorizai-vos”. O problema de quem cava cisterna que não pode conter as águas, é enlamear as águas limpas com a lama espalhada por seus próprios pés.
Continuemos cavando nossos poços sem jamais desanimar, mesmo que tenhamos oposição do adversário ou obstáculos por conta das circunstâncias e intempéries da vida, pois o Senhor tem água limpa e pura. Ele faz um convite aos sedentos em Is. 55.1: “ó vós todos que tendes sede, vinde às águas…”.
Temos em Ez. 47, o convite para entrar em um rio de águas purificadoras que saram todas as enfermidades.
Temos nos evangelhos e em Cristo a fonte duradoura que jorra água para vida eterna (Jo.4) e que corre no interior dos que creem conforme as Escrituras (Jo. 7).
Temos na Cruz, a fonte da Redenção, do Perdão e da Reconciliação com Deus (Mt. 27; Mc. 15; Lc. 23. Jo. 19).
Cantemos: “Sobe, poço, brota poço”.
Pr. Guedes
Breve bibliografia:
(1) Pero Vaz de Caminha, trecho da carta escrita ao rei de Portugal, Dom Manuel, sobre o Brasil.
(2) Davidson, F., O Novo Comentário da Bíblia, Ed. Vida Nova, 1997, p. 165
(3) Kidner, Derek, Série Cultura Bíblica, Gênesis, Ed. Vida Nova, 2001, p, 144.
(4) Id., 2001, p. 143
terça-feira, 28 de setembro de 2021
ResponderEncaminhar |
quinta-feira, 26 de dezembro de 2019
QUEM SOU EU? - DIETRICH BONHOEFFER
que deixo a minha cela
sereno, alegre e firme,
qual dono que sai do seu castelo.
que falo com os que me guardam
livre, amável e com clareza,
como se fosse eu a mandar.
que suporto os dias do infortúnio
impassível, sorridente e altivo,
como alguém acostumado a vencer.
Ou sou apenas o que eu sei a respeito de mim mesmo?
Inquieto, saudoso, doente, como um pássaro na gaiola,
respirando com dificuldade, como se me apertassem a garganta,
faminto de cores, de flores, do canto dos pássaros,
sedento de palavras boas, de proximidade humana,
tremendo de ira por causa da arbitrariedade e ofensa mesquinha,
irrequieto à espera de grandes coisas,
em angústia impotente pela sorte de amigos distantes,
cansado e vazio até para orar, para pensar, para criar,
desanimado e pronto para me despedir de tudo?
Sou hoje este e amanhã um outro?
Sou ambos ao mesmo tempo? Diante das pessoas um hipócrita?
Ou aquilo que ainda há em mim será como um exército derrotado,
que foge desordenado à vista da vitória já obtida?
Quem quer que eu seja, ó Deus, tu me conheces.
Sou teu.
sábado, 2 de março de 2019
Uma reflexão sobre o Salmo 126: os que voltaram a Sião
| Em meio ao cinza, havia uma canção. |
Wilma Rejane
Algumas dificuldades vividas pelos cativos na terra da Babilônia:
Cada cativo precisava viver sua própria experiência, crescer pessoalmente na compreensão sobre Deus. Crises são aprendizados e não adianta querermos apenas culpar os outros pelo que não deu certo. É preciso fazer a nossa parte, refletir: onde preciso melhorar?
III- A cidade destruída e a batalha para reerguê-la.
Se estamos dispostos a mudar a direção de nossas vidas, os pecados serão perdoados. De vidas despedaçadas: por vícios, medos,abandonos, rebeldia...O que for, Deus ajunta os cacos e ergue fortalezas. Mas será preciso esforço, entrega. Não se pode esperar que outros façam por nós o que só nós podemos fazer. Israel não tinha mais que confiar em templos, reuniões, sacerdotes da prosperidade, armamentos. Israel tinha que decidir andar com Deus, as bençãos seriam consequências.
Para reconstruir Jerusalém, nem mesmo as pedras queimadas pelo fogo do incêndio provocado pelo exército inimigo foram descartadas. Elas serviram de alicerce para novas construções. É isso mesmo, Deus é divinamente paciente para nos tratar com amor e perdão. Ele não quer nossa destruição, antes,porém, quer nosso crescimento e felicidade. E se para isso tiver que nos corrigir, assim seja. Sábio será o que aceitar a correção.
Hebreus 12:11 "E, na verdade, toda a correção, ao presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas depois produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela."
A restauração:
-
Quando o Senhor trouxe do cativeiro os que voltaram a Sião, estávamos como os que sonham.
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Então a nossa boca se encheu de riso e a nossa língua de cântico; então se dizia entre os gentios: Grandes coisas fez o Senhor a estes.
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Grandes coisas fez o Senhor por nós, pelas quais estamos alegres.
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Traze-nos outra vez, ó Senhor, do cativeiro, como as correntes das águas no sul.
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Os que semeiam em lágrimas segarão com alegria.
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Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará, sem dúvida, com alegria, trazendo consigo os seus molhos.
No final o que foi plantado com choro, é colhido com alegria. Por que foi plantado com choro? Porque o terreno era trabalhoso, a caminhada era penosa, as sementes foram conseguidas com tanto esforço que mesmo andando e chorando o semeador não as soltou, não as desprezou. Pelo contrário, ele as sustentou com todo o zelo e acreditou que floresceriam. Que grande lição de fé nos dá esse Salmo!
Nesse momento, temos em diversas partes do mundo, servos fiéis passando por cativeiros: missionários em prisão, mulheres em decepção por causa de um relacionamento, homens desempregados, quem sabe doenças, morte. Todos esses cativeiros são reais, mas não podemos soltar as sementes das promessas de Deus, não podemos perder jamais a alegria de ter o Reino de Deus em nós. As torrentes do Sul, podem jorrar como um despertar espiritual nos proporcionando crescimento que não alcançaríamos, de outra forma, que não através do choro de arrependimento, decepção, tristeza e outros regressos.
Que o Deus da restauração o abençoe.
quinta-feira, 22 de novembro de 2018
DEFESA POR UMA DOUTRINA PENTECOSTAL
Como está difícil ser igreja nesses últimos dias! As igrejas antigas e conservadoras estão envolvidas em política - muitas vezes política suja, as novas são cada vez mais liberais e seus líderes vivem descomprometidos com a sã doutrina e com o Reino de Deus. Os pregadores do passado, que antes tinham nome e eram instrumentos para trazerem um avivamento, estão caídos ou desfaleceram suas forças por causa do cansaço e velhice. Os pregadores do presente, longe do valor e da coragem de nossos pais, são "ousados" (para não dizer arrogantes) e vivem como lobos devoradores, visando somente a gordura e a lã do rebanho. Esses tais, antes mesmo de terem uma experiência com Deus, têm a visão do lucro, com ganhos exorbitantes em nome de teologias erradas, expondo suas heresias, como da falsa teologia da prosperidade, por exemplo. Não se fazem mais pregadores como antigamente, não se fala mais na Cruz de Cristo e nem na loucura de sua mensagem .
Sou assembleiano desde o berço de minha fé e vejo com tristeza igrejas morrendo por não defenderem uma doutrina pentecostal e nem pregarem a grandeza da realidade espiritual chamada Batismo com o Espírito Santo. Não se fazem mais seminários sobre os dons espirituais como no passado. Lamentável, mas parece que os eclesiólogos que desdenham do pentecostalismo estão realmente certos por apostarem em um mundo sem pentecostalismo, um mundo pós-pentecostalismo, e já escrevem acerca de como será esse mundo sem o movimento pentecostal.
E nós, o que estamos fazendo para mudar? Investimos em estratégias de crescimento, em festas, em produção de cds para serem vendidos, fomentamos o comércio livreiro para arrecadarmos dinheiro, alimentamos a confecção de camisetas, abusamos de slogans puramente materialistas e seculares para despertar o poder da "fé" - ou seria poder da mente? - e o potencial humano que existe dentro de cada um.
Sou de um tempo em que quando nos reuníamos para realizar uma cruzada, discutíamos o alcance das almas. Nossas metas eram almas e quantas mais almas salvas melhor seria. Contudo, já tive o desprazer de ouvir em uma reunião de líderes de jovens acerca de quanto se poderia arrecadar com o aluguel de espaços para barracas para os novos "vendilhões do templo". Temos, na maioria das igrejas, líderes plutarcos e gananciosos, carismáticos como os apresentadores de tv, mas de fazerem inveja a Al Caponne: lobos vorazes que enganam o povo de Deus.
O Espírito Santo está sendo convidado a se retirar de nossas igrejas e aos poucos estamos aprendendo a realizar cultos sem sua intromissão. Para quê inspiração se o que o povo quer é ouvir sobre prosperidade, vitória, chave ou abertura de portas? Cá pra nós, para pregar sobre prosperidade não precisa de graça de Deus: é só decorar uma meia-dúzia de versículos de textos sugestivos, mexer com o sensacional, o emocional do povo e dizer que Deus vai abrir uma porta e mudar sua vida.
Urge a necessidade de uma mudança que passe pelas lideranças insanas por dinheiro e poder e que chegue ao povo em forma de arrependimento e comoção de modo a se obter uma renovação eclesiológica-litúrgica. As mensagens precisam parar de falar em cifras e falar mais acerca da cruz, deixar de lado o sensacional e mostrar o poder real da Palavra de Deus a fim de convencer e salvar vidas. Todos os defensores da tal teologia da prosperidade estão condenados ao fracasso como pregadores, porque a mensagem deles está dissociada da Cruz de Cristo. São lobos devoradores, perigosos, vorazes, famintos, desavergonhados. Todos os dias a sã doutrina os desmascara, mas ainda assim proclamam inverdades cotidianamente tendo as mentes cauterizadas, pregando mentiras como se fossem verdades, enganando os outros e sendo enganados. Eles terão suas recompensas.
Maranata. Ora vem Senhor Jesus!!!
Deus abençoe a todos.
quarta-feira, 3 de outubro de 2018
OS EVANGÉLICOS E A POLÍTICA
Em primeiro lugar, os governantes que passam por cima das leis são um risco para a nação. A Bíblia diz: “Os que desamparam a lei louvam o perverso, mas os que guardam a lei se indignam contra ele” (Pv. 28.4). As leis devem ser justas e devem ser obedecidas pelos governantes e pelos governados.
Em segundo lugar, os governantes perversos desagregam a nação. A Bíblia diz: “Quando triunfam os justos, há grande festividade; quando, porém, sobem os perversos, os homens se escondem” (Pv. 28.12). Governantes justos abençoam a nação; governantes perversos transtornam a nação. O povo é abençoado quando seus governantes são um exemplo, mas o povo se esconde atordoado quando os governantes promovem a perversidade.
Em terceiro lugar, os governantes que ocupam o poder para oprimir o povo trazem grande sofrimento à nação. A Bíblia diz: “Como leão que ruge e urso que ataca, assim é o perverso que domina sobre um povo pobre” (Pv. 28.15). O leão ruge para espantar a presa e o urso ataca para destruí-la. Um povo nunca é livre sob a égide de um governo ditador. Um povo nunca é seguro sob um governo tirano.
Em quarto lugar, os governantes que sobrecarregam o povo de impostos para manter a máquina do governo transtornam a nação. A Bíblia diz: “O rei justo sustém a terra, mas o amigo de impostos a transtorna” (Pv. 29.4). Um Estado pesado demais, burocrata demais, onde os impostos são para pagar o luxo dos governantes em vez de atender as necessidades dos governados é uma inversão total do propósito do Estado.
Em quinto lugar, os governantes rendidos aos esquemas de corrupção tornam-se uma escola de crime. A Bíblia diz: “Se o governador dá atenção a palavras mentirosas, virão a ser perversos todos os seus servos” (Pv. 29.12). Os governantes nunca são neutros. São uma bênção ou uma maldição. Eles inspiram o povo para o bem ou para o mal. Se eles se alimentam da mentirosa e governam o povo com enganos, do topo da pirâmide do poder, toda a base da pirâmide, tornar-se-á corrompida e pervertida.
Em sexto lugar, os governantes corruptos destroem a si mesmos e se tornam protetores dos criminosos. A Bíblia diz: “O que tem parte com o ladrão aborrece a própria alma; ouve as maldições e nada denuncia” (Pv. 29.24). Aqueles que assumem o poder para montar esquemas de aparelhamento do Estado para saqueá-lo, acabam destruindo a si mesmos, arruinando seu nome, conspurcando sua honra e maculando sua história. Esses, tornam-se culpados de corrupção ativa e passiva. Roubam e deixam roubam. Esses colocam uma mordaça em si mesmos, porque não têm coragem de denunciar nos outros os crimes que eles mesmos praticam.
Em sétimo lugar, os governantes corruptos jamais deveriam ser aplaudidos e guindados ao poder pelo povo. A Bíblia diz: “O que disser ao perverso: Tu és justo; pelo povo será maldito e detestado pelas nações”. A maneira mais democrática de demonstrarmos nosso repúdio àqueles que mostram indícios e até mesmo dão provas de que não são íntegros no trato da coisa pública e não dando a eles o aval do nosso voto. Apoiar aqueles que desfraldam bandeiras que, à luz da nossa consciência iluminada pelas Escrituras, trazem vergonha e opróbrio à nação, é receber a pesada imputação de “maldito” e ainda é receber uma reprovação sonora no meio das outras nações. Que Deus nos ilumine na escolha dos nossos legisladores e governantes!
*Texto originalmente publicado em hernandesdiaslopes.com.br