terça-feira, 12 de janeiro de 2016

A PALAVRA TEM MESMO A PRIMAZIA EM NOSSOS PÚLPITOS?


Prezados leitores e amigos, um assunto tem me inquietado ultimamente e gostaria de compartilhar essa minha inquietação com vocês. Falo da tão comentada questão da primazia da Palavra de Deus em nossos cultos. Vem de longe em minha lembrança o que desde os meu primeiros dias de fé se dizia: "o mais importante do culto é a Palavra" ou "agora vamos ao mais importante: a Palavra". Todavia, as coisas têm mudado um bocado nos arraiais evangélicos. Há algum tempo a Palavra vem perdendo em importância, dando lugar ao  louvor demasiado e às muitas encenações de peças teatrais e apresentações de jograis. Confesso que algumas peças ou jograis têm um certo valor didático e cúltico, porém o exagero com que se faz e o intento para o qual foram idealizadas é digno de análise.

Até quando vamos mentir para nós mesmos com essa história de damos a primazia à Palavra em nossos cultos? Raríssimas exceções sejam feitas e entre elas, a igreja que congrego. Não se ouvem mais pregações do Evangelho como antes, pois para abrilhantar as festas, os que coordenam os eventos assumem compromissos com cantores de toda natureza e ritmos, conjuntos os mais diversos, grupos teatrais, jograis e (este ano de eleição), os políticos para dividirem a cena.

Não faz muito tempo fui em outra igreja evangélica para um Encontro de Corais. O culto deveria começar por volta de 19:30hs. Cheguei as 20:10hs, atrasado e preocupado, devido ao  trânsito e o rodízio de automóveis que se faz na capital paulista. O pastor daquela igreja estava internado em estado grave e seu auxiliar deixou-se dominar pela vaidade dos maestros.  Penso que contei quinze hinos daqueles corais, além dos hinos da querida Harpa Cristã no início. Passaram-me a palavra às 21:50hs. Tentando ser educado e polido, disse que não seria cansativo, que seria breve, que terminaria logo para que os irmãos pudessem chegar cedo em suas casas para descansarem. Falei apenas meia-hora. Entreguei o púlpito às 22:20hs. Para minha surpresa, aqueles coralistas entoaram ainda dois "belos" cânticos, fazendo com que o culto terminasse 22:40hs. Fiquei impressionado com a voracidade daqueles senhores com suas batutas e com a impotência do dirigente daquele culto.

Conheço relato de amigos meus, onde em suas igrejas não há mais espaço para a Palavra, literalmente falando. Dirigentes de congregações que cantam, cantam e cantam porque não têm o que dar para o povo. Outros oram, oram e oram  porque sabem que não têm inspiração de Deus para a Palavra e enganam o povo com uma suposta piedade de "fervor" espiritual.

Até onde iremos com esses jargões: "aqui  a palavra tem o primeiro lugar", "agora, vamos para o mais importante: a palavra" e "irmãos, um culto não pode ficar sem a palavra". Não é por acaso que muitas igrejas estão doentes com seus cultos vazios. Pregadores que não falam mais a Palavra e trocam a mensagem da cruz pela mensagem da chave, do carro, da casa ou do "ser cabeça". Não falam mais do valor da santificação ou da Vinda do Senhor Jesus, satisfazendo-se em agradar o povo com suas mensagens de cunho antropocêntricas: ocas, com ênfase acerca da graça barata ou fazendo apelos aos bolsos dos incautos que pensam que doando seu rico dinheirinho terão as consciências em paz com Deus. Evangelistas que não pregam sobre a realidade do pecado e por isso não convidam mais as pessoas para terem uma experiência de conversão genuína, convidando-as, porém, para mudar de vida, acabarem com o sofrimento a fim de serem vitoriosos e, assim, as igrejas incham de gente inconvertida. Nas cerimônias de batismos, milhares descem às águas, fomentando a vaidade explícita de que somos a igreja que mais cresce no mundo. Mas, quantos teriam ido à frente de nossos púlpitos, arrependidos de fato de seus pecados? Quantos teriam a consciência de que eram pecadores miseráveis e que Jesus os salvou da condenação do inferno? Quantos sabem que a santificação é condição "sine qua non" para se ver Deus? Quantos amam de fato o Senhor Deus e estão dispostos a padecerem perseguições por amor do seu Nome? Quantos entendem o valor da Cruz de Cristo para suas vidas e quantos têm consciência do convite à renuncia que o Evangelho apresenta? 

Não quero ser pessimista quanto ao futuro da igreja e nem bancar o "zé do apocalipse", mas não vejo solução a curto prazo. A tendência é, infelizmente, as coisas piorarem. Teremos mais festas com mais tempo para os louvores, para as encenações teatrais, para os jograis, para os políticos e para os movimentos pseudos-espirituais-(neo)pentecostais e menos tempo para a Palavra de Deus. Todavia, continuaremos dizendo que a Palavra tem a primazia.

A solução está em nós, pregadores do evangelho, pastores, professores de Escola Dominical, evangelistas e lideranças nas igrejas, assumirmos um compromisso sério, reagendando nossas programações, revendo o número de festas e de convidados e quiçá reavaliarmos a nossa liturgia para um novo  tempo. Não estou legislando em causa própria, pois amo o bom louvor na casa de Deus, porém defendo a prioridade das sagradas letras. Caberá a nós, que amamos a Palavra, fazermos a diferença com unção, abrirmos olhos de boa parte dos líderes para essa realidade e sermos o mais inteligíveis, concisos e convincentes possível. 


Maranata. Ora Vem Senhor Jesus!
Deus abençoe a todos.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

SETE FATORES QUE INCOMODAM UM PASTOR.

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Recebi esse texto por email de um novo amigo, o Jan Carlos de Souza, da Igreja Batista, mas a autoria é do pastor Paulo Saraiva, cujo blog e fonte está no rodapé. Apenas tomei a liberdade de fazer algumas pequeníssimas adaptações.

SETE FATOS QUE INCOMODAM UM PASTOR

Em dias como os nossos, o que poderiam mais incomodar alguém vocacionado para o ministério? Bem, muitos são os desafios a serem encontrados, mas existem pelo menos sete que saltam aos olhos.

1.    Observar que as pessoas não amadurecem. Pastores verdadeiramente chamados não esperam que as pessoas sejam eternamente dependentes, antes pelo contrario almejam que elas cresçam e que depois de um tempo sejam capazes de enfrentar e resolver alguns conflitos mínimos nas suas vidas sem ter que viver dependentes de gurus ou pseudo-mestres da espiritualidade.

2.    Verificar que (hoje em dia) qualquer um pode ostentar o titulo de Pastor. É profundamente frustrante saber que, em dias como os nossos, qualquer um pode ser nomeado ou denominado como pastor, não importando se obteve alguma formação, se foi experimentado, tanto nas práticas ministeriais como na arena dos desafios éticos.

3.    Constatar que o ministério (para muitos) virou um negócio. É muito triste para Pastores vocacionados saberem que o espaço social onde atuam, muitos agem com o interesse puramente mercadológico. Provoca ojeriza um Pastor verdadeiro saber que ele divide espaço na sociedade com pessoas que só tem um interesse: ganhar dinheiro.

4.    Descobrir que as ovelhas vivem encantadas pelos mercenários. Nada indigna mais um Pastor do que ouvir uma ovelha manifestar sua admiração por alguém que prega um falso evangelho, por dinheiro, por exemplo. É frustrante saber que via de regra, com algumas exceções alguns dos mais elogiados ministros dos nossos dias são conhecidos nos bastidores eclesiásticos por suas patifarias.

5.    Vislumbrar que manipulação vale mais que ensino. O dia mais triste na vida de um pastor é aquele em que ele descobre que não basta manusear bem uma Bíblia, mas que precisa dominar também as técnicas de manipulação de auditório.

6.    Deparar-se com o fato de que estruturas valem mais que cuidado. É muito desestimulante quando um Pastor, de maneira inexorável, se convence que os cuidados já foram de maneira sistemática negligenciados em favor da estrutura da instituição

7.    Enxergar o que é patente ultimamente: carisma vale mais que caráter. Compromisso, ética, postura, fidelidade, dedicação, acessibilidade, nenhum desses elementos importam para uma comunidade que tem como preocupação última, seguir alguém que tenha carisma, não importando quão duvidoso é o seu caráter.

Então por que permanecer Pastor em um ambiente como este? A justificativa para continuar nesta empreitada saiu dos lábios do Todo-Poderoso quando adverte aos mercenários e promete constituir bons pastores. ELE diz:
“…Vós dispersastes as minhas ovelhas, e as afugentastes, e delas não cuidastes; mas eu cuidarei em vos castigar a maldade das vossas ações, diz o SENHOR. Eu mesmo recolherei o restante das minhas ovelhas, de todas as terras para onde as tiver afugentado, e as farei voltar aos seus apriscos; serão fecundas e se multiplicarão. Levantarei sobre elas pastores que as apascentem, e elas jamais temerão, nem se espantarão; nem uma delas faltará, diz o SENHOR….” Jeremias 23.1-4

Se os mercenários se autoconstituíram para estarem a frente do rebanho, o mesmo não se pode falar a respeito dos fiéis Pastores, estes não estão por sua vontade, antes foram escolhidos pelo Sumo-Pastor. Afinal é ELE mesmo que diz:
“…Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda….” João 15.16
http://paulo-saraiva.blogspot.com/2011/04/sete-fatos-que-incomodam-um-pastor.html

Maranata. Ora Vem Senhor Jesus!
Deus abençoe a todos.