segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

AS MUDANÇAS NO MUNDO, O ESPÍRITO E AS IGREJAS

Deve ser do conhecimento de todos o que está acontecendo no Norte da África e no Oriente Médio. Na Tunísia, o que eles chamam de "Revolução de Jasmim" afastou o ditador. No Egito, o povo nas ruas pediram mudanças e a saída de um governo que estava trinta e quatro anos no poder. A "onda" se alastra por Argélia, Jordânia, Síria, Palestina, Sudão e Iêmen. O percentual de cristãos nessa região é ínfimo e as igrejas sofrem muito nesses países. Analistas dizem que isso é fruto da insatisfação generalizada da população jovem, que tem a cada dia mais informações, pela internet e mídia de um modo geral, de um mundo novo, melhor que o deles, cheio de liberdade e igualdade social.

SERÁ QUE ISSO NÃO ESTARÁ ACONTECENDO TAMBÉM AQUI NO BRASIL COM AS IGREJAS DITAS HISTÓRICAS, QUE PERDEM MEMBROS PARA AS IGREJAS CHAMADAS EMERGENTES?! SERÁ QUE A JUVENTUDE E A MEMBRESIA DESSAS IGREJAS NÃO ESTÃO DESCOBRINDO UMA REVOLUÇÃO SILENCIOSA QUE SEMELHANTE À REVOLUÇÃO DO JASMIM, BUSCAM MAIS LIBERDADE PARA SE ADORAR E UMA LITURGIA MENOS ENGESSADA? MAIS LIVRE E MAIS INTIMISTA?

Difícil admitir, mas será que não há lideranças que fazem de suas igrejas verdadeiras ditaduras e põem os membros de suas denominações debaixo de um jugo que nem eles mesmos são capazes de levar ou suportar? Por exemplo, tomei conhecimento por um amigo que teve acesso aos documentos de uma determinada denominação, que o apóstolo fundador da mesma é representado no Estatuto como presidente vitalício e que há uma cláusula específica proibindo eleições para presidente e vice-presidente, havendo possibilidades de mudanças somente a partir do quadro de secretários. O povo humilde que segue essa gente sequer sabe o que é um Estatuto!

A minha Bíblia diz que "Onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade". Estou falando de liberdade de culto, de liberdade de opinião, de liberdade de acesso aos documentos da igreja, sua história, sua origem e sua condução (direção e gestão). A Igreja não tem o que esconder (ou pelo menos não deveria ter). A história da igreja primitiva está aberta e declarada em Atos dos Apóstolos. Quando alguém morria no culto por mentir ao Espírito Santo ou por cair do terceiro andar de um prédio, está lá registrado. A história de Jesus e dos doze, revelou que no quadro de obreiros havia um "diabo", um traidor, um tesoureiro ladrão e denunciou isso nos Evangelhos.

Na história do Cristianismo já houve períodos de desmando e de ditadura clerical, todos sabemos disso. Mas, e hoje? A mídia expõe uma liberdade jamais vista e as "igrejas" estão expostas como nunca. É bem verdade que há muitas heresias veladas e muita gente má intencionada nessas "igrejas", porém, há boas igrejas na mídia prometendo liberdade que não se vê em denominações históricas. Também é verdade que muitas igrejas emergentes e entre elas, as chamadas "neo", que nascidas com ares de liberdade, já trazem aspectos ditatoriais na relação de suas lideranças com a membresia. 

A Igreja não pode vestir a carapuça da religião e podar a liberdade que é tão própria da Pessoa do Espírito Santo, nem impor máscaras que escondam a liberdade. A liberdade em Cristo, que pregamos em nossos púlpitos, vencerá o medo do terror clerical e imporá um novo estilo de vida e de ser Igreja. Essas denominações sofrerão o impacto do "sopro do Espírito" pela ousadia de homens simples, como Pedro e João. As autoridades religiosas instituídas ficarão pasmas ao verem que "homens sem letras" ainda são  capazes de operar milagres nas portas dos templos onde se perpetua o poder. 

Assim como no norte africano, a internet e tv estão sendo usadas como instrumentos para derrubar governos autoritários e opressores, também o Espírito, que é livre, saberá usar as ondas do rádio e a mídia de um modo geral para por fim a "governos" não reconhecidos por Deus nas igrejas e a modos de conduzir Seu povo não estabelecidos pela Bíblia e nem condizentes com a natureza do Espírito. 

Oro e espero em Deus que haja um grande despertamento nessa direção e que os cristãos sejam livres das amarras das religiosidades ocas e vazias, das opressões em nome de Deus e do uso arbitrário de trechos das Escrituras para trazer cativos aqueles a quem Cristo libertou! Que haja um despertamento na adoração e no modo de se fazer missões! Que haja mais jovens decididos a irem ao "Campo" e que não se prendam às modalidades previamente estabelecidas como infalíveis! Que haja mais anciãos dispostos a abrirem mão do poder e enveredarem pelo novo caminho, pelas novas formas de se fazer a Obra. Que as crianças, os adolescentes e as mulheres respirem esse ar com entusiasmo e com fé intrépida para fazerem parte da revolução causada por Ele, o Consolador que veio para ficar conosco.

Ainda não sabemos o que será do continente africano, mas ouço a voz da Escritura Sagrada conclamando o Espírito a soprar sobre os jardins, as igrejas (Ct. 4) e sobre os mortos, o mundo (Ez.37).

Maranata. Ora Vem Senhor Jesus!
Deus abençoe a todos.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

A OBRA MISSIONÁRIA NÃO PODE ESPERAR!

SEM TEMPO PARA ESCREVER, TENHO RECEBIDO VÍDEOS DE AMIGOS PARA POSTAR. ESSE VÍDEO UM TANTO LONGO, É EMOCIONANTE E CHOCA, DE CERTA FORMA, OS CRISTÃOS QUE AMAM AS ALMAS E TÊM COMPROMISSO COM O REINO DE DEUS. VALE APENA VER ATÉ O FINAL.

PARA ASSISTIR E OUVIR MELHOR, DÊ PAUSA NA RÁDIO DO BLOG


Maranata. Ora Vem Senhor Jesus.
Deus abençoe a todos.

DINOSSAUROS, ELO PERDIDO, HOMEM DE NEANDERTHAL, HOMO SAPIENS E A BÍBLIA.


Pedi a um amigo blogueiro que me enviasse um artigo para postar em meu blog. Vou fazer isso mais vezes a partir de agora, pois assim podemos divulgar melhor o trabalho dos colegas e criar uma interação saudável entre blogueiros e leitores. O artigo abaixo é do Ezequias, que conheci há pouco tempo aqui na blogosfera. Leiamos e tiremos nossas conclusões. Boa leitura!

CONSIDERAÇÃO SOBRE A EXISTÊNCIA DOS DINOSSAUROS

O artigo abaixo foi elaborado pelo professor de teologia Ezequias Lourenço, quando de uma publicação de um colega teólogo em sua comunidade no Orkut, professor Carlos Wagner Bonfim, diretor do instituto IBF (Ass. de Deus - Ferreira ) a qual combatia com veemência a existência dos dinossauros, usando “argumentos” bíblicos.

Penso que precisamos ser meticulosos ao analisarmos determinados assuntos (existência dos dinossauros) para não incorrermos em fanatismo hermético.

Arrazoo que ao homem religioso não cabe o ascetismo e muito menos o ceticismo, todavia, melhor é procurar os meandros para, de fato, construir uma base que não apenas se atenha ao conhecimento de fatos da história, mas que use de um senso crítico teológico(refiro-me a nós, cristãos), não deixando de confirmar a Bíblia pela ciência e até se lançar a alguma crítica de algumas traduções, e não concatenarmos fatos não isolados ou isolados e,no caso desse último, tetarmos dar a eles algum sentido sengundo a nossa linha de raciocínio, muitas das vezes teológica e cientificamente excêntrica; achismo esse que meramente possa se basear em presunções teológicas psicossomáticas. Afinal, ciência e fé nem sempre se opõem: muitas vezes se complementam.

Uma coisa é o folclore que não passa de crendices - o que aliás, significa no original bretão "conhecimento popular"- outra coisa são os fósseis que existem nos maiores museus do mundo (E.U.A. Inglaterra ...) e os que ainda são encontrados, e ainda ter provada de sua existência pelo carbono 14 (que tem uma margem de erro mínima). Ainda pior é compará-los numa mesma base argumentativa com se "tudo"- como foi citado no texto que provocou o tecimento desse contra-argumento - fosse mera fantasia científica.

Se pensarmos como céticos em termos de cristianismo e catolicismo (o que caracteriza a cristandade), poderíamos usar um argumento contundente desses, sob o ponto de vista genérico religioso, contra tudo o que alguns acreditam ser "fé" e, cá entre nós, encontraríamos muitas razões para isso: “na presença de Deus até a tristeza salta de alegria” (frase muito citada pelos pentecostais...); o Santo Graal (objeto de discussão entre os católicos em geral...) Imagens que aparecem em vidraças de janelas...questões dos usos e costumes...)etc. Raciocinemos: e não simplesmente imaginemos. Contudo, quando o fizermos, façamos com base no exercício da razão e da lógica, em se tratando de temática histórico-religiosa.

Realmente não há provas ou comprovações literalmente teológicas e/ou explícitas, e muito menos tácitas com relação a real existência de dinossauros em milênios passados. A seguinte pergunta parece ter sentido: pode-se provar ou comprovar teologicamente, sem usar de recursos tácitos hermenêuticos, que eles não existiram? Será que o simples fato de não encontrarmos literalmente tal evidência nos anais toráticos, talmúdicos ou bíblicos (esse último, amplamente ocidentalmente conhecido) seria suficiente para nos servir como base argumentativa ou contra-argumentativa para essa análise discurssiva?

Penso ser coerente e sensato aspirar conceitos equilibrados, embora sempre discutíveis - haja vista quando não se tem base teológico-contextual real e autêntica. Nesse caso fico reticente...
Tenho comigo a máxima socrática de me permitir à dúvida, reconhecendo que nunca sabemos tudo, para, assim, minimizar a minha ignorância e procurar conhecer a mim mesmo e o que me é permitido sobre o mundo em que vivemos.

Encontro também uma base textual bíblica que fala que o revelado(escrito) para nós o foi, o não escrito(revelado), todavia, não o é para nós; João escrevendo, disse que, se fosse escrito tudo o que o Senhor Jesus fez, em termos de milagres, não conteria na Bíblia(seriam necessários muito mais livros): o fato de não está escrito não significa que Ele não operou mais milagres...(?????)

Para mim tanto a fé quanto a razão podem ser, sim, manipuladas por mentes bem mais preparadas. Não fora assim, milhões de pessoas não seriam ludibriadas nas relações humanas em geral. O BIG BANG, O HOMEM DE NEANDERTHAL o HOMO SAPIENS de igual modo são teorias humanas que foram arrazoadas para que o homem possa ter um parâmetro de conhecimento sobre sua existência... isso pode cair por terra ainda nessa geração, como muitas outras teorias: Darwin,por exemplo, se arrependeu sobre o evolucionismo, dizendo: “eu me encontro em profunda dúvida, pois não posso aceitar que um homem com tal inteligência possa ser fruto de uma evolução, mas por outro lado, seria muito passividade aceitar, dada a riqueza e multiplicidade da natureza, que ele teria sido simplesmente criado - de fato não acredito nisso.

O Elo Perdido é uma farsa, um cientista foi expulso da Comunidade Científica por desmascará-lo (publicado pela revista SCIENCE). A questão para mim é não ser extremista.

Em Cristo,

Ezequias Lourenço
ezequiaslourenco.blogspot.com
Professor de teologia, Licenciado em Letras: português, inglês e literaturas. Atua como consultor linguístico e tradutor.
Criador do Projeto Semear. Palestrante e articulista de temas históricos e atuais sob perspectiva teológica e humanista.

Maranata. Ora Vem Senhor Jesus!
Deus abençoe a todos.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

E AÍ, CRIAÇÃO OU EVOLUÇÃO?

Hoje, quando o Criacionismo é tão debatido e desprezado nas escolas e nas academias e quando Evolucionismo é tão divulgado e aceito como "verdade inconteste" por uma ala de cientistas e pensadores dessa sociedade anticristã, quero compartilhar um slide que achei muito interessante, onde os amados leitores e amigos deste blog poderão admirar a grandeza do Criador e as riquezas encontradas em Sua Obra, a criação.



ATENÇÃO: AS ESCOLAS ESTÃO ENSINANDO PARA NOSSOS FILHOS QUE ELES VIERAM DO MACACO. DIVULGUEM PARA SEUS AMIGOS!!!

Fonte: http://wallysou.com/2011/02/07/criacao-ou-evolucao-vamos-refletir/#comments

Maranata. Ora Vem Senhor Jesus!
Deus abençoe a todos.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

UMA NOVA PERSPECTIVA SOBRE O APÓSTOLO PAULO?

Amados, achei esse texto ótimo e quero compartilhar com vocês o pensamento do Reverendo Augusto Nicodemus sobre o assunto. Vale apena ler todo  texto para suas conclusões. Boa leitura! 

Por Augusto Nicodemus Lopes.

Quando a gente pensa que já viu de tudo nos círculos acadêmicos de estudos bíblicos é surpreendido com a chegada de uma abordagem potencialmente revolucionária sobre o apóstolo Paulo. Essa abordagem acaba trazendo um profundo impacto em uma das doutrinas mais preciosas para os evangélicos, especialmente aqueles que se identificam com a Reforma protestante do séc. XVI.

Estou falando da “Nova Perspectiva sobre Paulo,” um movimento que tem cerca de 20 anos de existência e que somente mais recentemente chegou ao Brasil, especialmente através dos escritos N. T. Wright, de quem falaremos mais adiante. A NPP (“Nova Perspectiva sobre Paulo”) desde cedo caiu sob fogo cerrado de estudiosos dentro do campo Reformado. Homens do calibre de John Piper, D. A. Carson, Lingon Duncan, Sinclair Ferguson, e muitos outros têm escrito livros e artigos e feito palestras manifestando preocupação com as implicações deste movimento (veja aqui um estudo meu em português).

O que é, então, a NPP? Quais as suas propostas e por que elas têm causado furor entre os estudiosos evangélicos reformados? De maneira sucinta, a NPP defende que desde a Reforma protestante nós temos lido as cartas de Paulo de maneira errada. Pensávamos que o centro da pregação dele era a justificação pela fé sem as obras da lei, quando na verdade Paulo estava polemizando contra aqueles pregadores judeus cristãos que não queriam a presença dos gentios na nascente igreja judaico-cristã. É preciso, então, abandonar a “velha” perspectiva, que teve origem em Lutero e demais Reformadores, e adotar uma nova, que faça justiça aos fatos da época do apóstolo.

Deixe-me tentar explicar melhor como tudo isto começou, se é que é possível fazê-lo num espaço curto e mais ou menos informal como este.

1) Primeiro, é necessário entender que antes de ser uma nova perspectiva sobre Paulo, esta abordagem é uma nova perspectiva sobre o Judaísmo da Palestina nos tempos de Paulo. Estudiosos como E. P. Sanders (Paul and Palestinian Judaism, 1977) conseguiram convencer a muitos que o Judaísmo do primeiro século não era uma religião legalista de busca de méritos para a salvação. Os judeus já se consideravam salvos e faziam as obras da lei para permanecer no povo de Deus. Os fariseus, apesar do seu apego às leis de Moisés, sabiam que a salvação não era pela obediência a estas leis, mas pela fidelidade de Deus à aliança feita com Abraão. Portanto, quando Paulo dizia que a salvação era pela fé sem as obras da lei ele não estava combatendo o legalismo ou a tentativa de salvação pelas obras. Ele estava simplesmente condenando a ênfase que os judeus davam a estas obras a ponto de não permitir que não-judeus convertidos ao Cristianismo fossem considerados parte do povo de Deus. 

Apesar de sua importância, há vários problemas com a obra de Sanders. Um deles é que ele usou fontes do século III e IV (Talmude, Mishna, midrashes) para reconstruir o pensamento judaico do século I, algo que chamamos de anacronismo.

2) A nova perspectiva de Sanders sobre o Judaísmo trouxe uma nova perspectiva sobre a Reforma. Para os defensores da NPP, Lutero leu Paulo à luz da sua própria experiência e assim desviou as igrejas reformadas da correta interpretação do que o apóstolo havia escrito sobre salvação, justificação e obras da lei. Já em 1963 o luterano Krister Stendhal havia escrito um artigo influente (“Paulo e a Consciência Introspectiva do Ocidente”) em que ele acusava Lutero de ter imposto a Paulo o seu próprio drama existencial quanto à salvação. Paulo nunca teve problemas de consciência antes de sua salvação, disse Stendhal, nem qualquer outro judeu daquela época. Ninguém estava perguntando “o que posso fazer para ser salvo” – essa foi a pergunta de Lutero, mas não era a pergunta de Paulo e nem dos judaizantes com quem ele discutiu em Gálatas. Além disto, as Confissões de Agostinho também influenciaram em demasia a igreja no Ocidente, levando-a à introspecção e à busca individual da salvação. Isso fez Lutero ver na polêmica de Paulo contra as “obras da lei” em Gálatas e Romanos a sua própria luta em busca de salvação dentro da igreja católica – o que foi um erro. Os defensores da NPP criticam os reformados por terem defendido durante tanto tempo que o centro da pregação de Paulo, bem como do Novo Testamento, era a doutrina da justificação pela fé, quando esta, na verdade, era a agenda de Lutero e não de Paulo.
Todavia, como tem sido observado, não foram somente os luteranos que tiveram este entendimento – o protestantismo em geral, inclusive aquele não influenciado diretamente pelas obras de Lutero e demais reformadores, sempre entendeu, lendo sua Bíblia, que ela trata essencialmente deste assunto: de que maneira o homem pode ser justificado diante de um Deus santo e justo?

3) Na seqüencia, veio uma nova perspectiva sobre as “obras da lei”. A Reforma sempre entendeu que “obras da lei” em Gálatas e Romanos, contra as quais Paulo escreve, eram aqueles atos praticados pelos judeus em obediência aos mais estritos preceitos da lei de Moisés. Eles procuravam guardar tais preceitos visando acumular méritos diante de Deus. Foi contra tais obras que Paulo asseverou aos gálatas e aos romanos que a salvação é pela fé em Jesus Cristo, somente. Mas, James G. Dunn, em especial, argumentou que as “obras da lei” a que Paulo se refere em Gálatas e Romanos eram a circuncisão, a guarda do calendário religioso e as leis dietárias de Moisés – sinais identificadores da identidade judaica no século I. Paulo era contra aquelas coisas porque elas separavam judeus dos gentios e impediam que gentios convertidos se sentassem à mesa com judeus convertidos. Em outras palavras, a polêmica de Paulo não era contra o legalismo dos judaizantes, mas contra a insistência deles em manter os gentios distantes. A questão não era soteriológica, mas eclesiástica. A Reforma havia perdido este ponto de vista por causa de Lutero e Agostinho.

Mas, cabe aqui a observação, se as obras da lei não eram esforços meritórios fica muito difícil entender não somente Gálatas e Romanos, mas inclusive passagens de Atos, como esta: “Alguns indivíduos que desceram da Judéia ensinavam aos irmãos: Se não vos circuncidardes segundo o costume de Moisés, não podeis ser salvos” (At 15:1). No fim tenho de escolher se acredito em Atos ou no que Dunn está dizendo.

4) Tudo isto trouxe o que James Dunn chamou de uma “nova perspectiva” sobre Paulo. Esse movimento se dividiu em duas linhas gerais. (a) Os mais radicais, que acham, como H-J Schoeps, que Paulo, por ser um judeu da Dispersão, não entendeu e portanto torceu inadvertidamente a soteriologia do Judaísmo da Palestina, atacando-o por julgar que era uma religião baseada em méritos, quando, na verdade, não era. Outros, como H. Räisänen, alegaram que Paulo era judeu por fora e gentio por dentro, o que lhe causava uma ambigüidade nunca vencida, que o levava a falar mal da lei em Gálatas e bem dela em Romanos. Nesta vertente, o problema é Paulo, que passou uma visão distorcida dos judeus e fariseus do primeiro século. Esta linha dentro da “nova perspectiva” não tem muitos defensores. A que ganhou mais aceitação foi a segunda, (2) aqueles que afirmam que o problema não é Paulo, mas os reformados que o leram com os óculos de Lutero. É preciso olhar Paulo de uma nova perspectiva, que leve em conta as descobertas de Sanders (Judaísmo não era legalista), Stendhal (Paulo era um fariseu sem problemas com a lei), Dunn (obras da lei são apenas marcadores de identidade judaicos). É preciso reler Gálatas e Romanos deste novo ponto de vista e tentar descobrir qual era realmente a polêmica de Paulo com os judeus, judaizantes e fariseus de sua época. Tem que ser outra coisa, mas não este assunto de salvação pela fé sem as obras da lei.

A pergunta que não quer calar é como a Igreja toda, mesmo contando com exegetas e teólogos do maior calibre, conseguiu se enganar por tanto tempo, do sécuilo XVI até hoje, em um assunto tão básico?

5) E por fim, tudo isto trouxe uma nova perspectiva sobre a justificação proposta pelos defensores da NPP. Os reformados sempre afirmaram, com base em Gálatas, Romanos e demais livros do Novo Testamento, que a mensagem central das cartas de Paulo é que os pecadores podem ser justificados de seus pecados mediante a fé em Jesus Cristo, sem obras pessoais e meritórias. E que esta justificação consiste em Deus nos imputar – isto é, atribuir – a própria justiça de Cristo. Lutero dizia que somos justificados com uma justiça alheia, a de Cristo, e não com uma justiça nossa, que procede de nossa obediência à lei de Deus (obras da lei). Lutero e demais reformadores entenderam que esse era exatamente o ponto de discussão entre Paulo e os judaizantes, que à sua época queriam exigir que os crentes não judeus guardassem a lei de Moisés para poderem ser salvos.

É aqui que entra em cena Nicholas Thomas Wright, bispo anglicano de Durham, Inglaterra, provavelmente hoje o estudioso mais conhecido e destacado que defende a “nova perspectiva” sobre Paulo. Ele ganhou a simpatia de muitos evangélicos por suas posições firmes contra o aborto e a eutanásia e as uniões civis de homossexuais dentro da Igreja Anglicana. 

O ponto mais controverso da posição de Wright sobre Paulo é sua tentativa de redefinir a doutrina da justificação pela fé. Wright abraça a “nova perspectiva”, seguindo Stendahl, Sanders e Dunn. A principal obra de Wright, que o marcou como um defensor da “nova perspectiva” é What St. Paul Really Said (1997). Segundo ele, para Paulo a justificação não significa que Deus transfere a sua própria justiça ao pecador, como ensina a doutrina da imputação; Deus, à semelhança do que se faz num tribunal, considera vindicado o pecador, sem, todavia, imputar-lhe a sua própria justiça. Segundo Wright, é esse o caso nos tribunais gregos – nenhum juiz imputa ao acusado a sua própria justiça pessoal, simplesmente o absolve. A conclusão é que Paulo nunca ensinou a doutrina da imputação da justiça. Não é isso o que Paulo entende por justificação, justificar e justificado. Deus absolve o pecador por causa de sua fidelidade ao pacto, à aliança. É isso que significa a sua justiça.

Tem coisa boa na NPP? Tem, sim. O movimento nos desperta para estudarmos o contexto de Paulo mais profundamente. Os estudos de Sanders nos trouxeram muitas informações sobre o pensamento rabínico dos séculos III e IV quanto à salvação. As observações de Stendhal nos ajudam a ter uma visão mais correta sobre a relação pessoal de Paulo para com a lei – ele realmente não era um fariseu em crise existencial antes de se converter. E Dunn chama nossa atenção para o aspecto missiológico e social da polêmica de Paulo contra as obras da lei. Todavia, estes aspectos positivos não anulam as sérias implicações do movimento, especialmente quanto à doutrina da justificação.

Isso pode soar como mais uma daquelas questiúnculas irrelevantes que ocupam os teólogos a maior parte do tempo. Todavia, não é. O que a NPP coloca em jogo são duas das mais importantes doutrinas da fé cristã, que são a morte substitutiva de Cristo e a imputação da sua justiça aos que crêem. Mesmo que Wright fale que os crentes terão seus pecados perdoados, fica a pergunta: com base em que, se a morte de Cristo não é substitutiva e nem seus méritos são transferíveis?

Prefiro a velha perspectiva. Nem sempre o vinho novo é o melhor.

Fonte: Temporas e Mores.

Maranata. Ora Vem Senhor Jesus!
Deus abençoe a todos.